goo.gl/VzMhQK | O deficiente visual Hisaac Alves de Oliveira, de 33 anos, é um dos quase 200 alunos com deficiência da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco. Oliveira conta que precisou driblar as limitações da cegueira e resolveu cursar direito, após passar por inúmeras situações em que teve os direitos negados por conta da deficiência.
Fazer o curso de direito se tornou um sonho, segundo Oliveira. Desejo que surgiu a partir dos desafios com relação às dificuldades que ele teve que passar devido à deficiência. O acadêmico cursa o 5º período de direito e diz que pretende concluir o curso no tempo certo para poder começar a atuar na área.
"O desafio surgiu pelas minhas necessidades e tudo aquilo que eu passei na vida, principalmente com relação aos direitos que são negados às pessoas com deficiência. Foi algo que foi nascendo e despertando em mim a necessidade de conhecer mais as leis e direitos para ajudar também aos outros, que assim como eu, passam muitas vezes por problemas por conta da deficiência", afirma o acadêmico.
O estudante de direito conta que nasceu completamente cego e aos três anos de idade, sem nenhuma intervenção médica, passou a enxergar ao menos 50%. Porém, após complicações, acabou perdendo novamente a visão e atualmente tem apenas 20% da visão no olho direito.
Ele relembra como foi sua vida escolar e conta como convive com a deficiência. Oliveira afirma que sempre gostou de estudar e nunca deixou se abalar pela falta de visão. Estudou por duas séries do Ensino Fundamental em uma escola especial e o restante dos estudos em escolas de ensino regular, sendo todas públicas.
Sobre as maiores dificuldades que precisa enfrentar na universidade, Oliveira diz que é com relação à leitura, já que o curso exige bastante. Ele afirma que tem dificuldade de acompanhar a turma porque demora mais para ler o material e, na maioria das vezes, precisa ler várias vezes para entender o conteúdo.
"Minha leitura é lenta, mas tenho a ajuda da instituição que me oferece muitas coisas. Tenho um colega de aula que é meu monitor, pago pela Ufac, para me auxiliar nessas questões. Ele copia o conteúdo do quadro e me repassa. Além do monitor, toda a turma me ajuda bastante. Tenho um relacionamento muito bom com meus colegas, inclusive, eu sou o representante da turma no Centro Acadêmico", diz Oliveira.
Apesar do baixo percentual, a coordenadora do NAI, Joseane Martins, afirma que o número de alunos com deficiência é considerado "elevado". "Por sermos apenas um núcleo e não uma diretoria e atendermos toda essa diversidade, considero um público bem elevado. Quando iniciamos, em 2008, tínhamos 15 alunos com deficiência e hoje esse quantitativo aumentou bastante em oito anos, principalmente, quando a Ufac aderiu às cotas", explica.
A coordenadora conta que existem sete intérpretes para atender aos estudantes com deficiência auditiva e 53 monitores, que também auxiliam os alunos. "Acadêmicos com deficiência física, representam a maioria dos deficientes, chegando a média de 80 estudantes. O restante são pessoas com transtorno, deficiência visual, auditiva e outras. O número de intérpretes não é suficiente para atender toda a demanda", afirma.
Joseane explica que o núcleo oferece cursos de capacitação para professores, servidores da Ufac e alunos. Segundo ela, são cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras), do Sistema Braille até o nível avançado e sobre as legislações para as pessoas com deficiência.
"Os cursos são procurados principalmente por alunos de graduação dos cursos de licenciatura, já pensando no mercado de trabalho. Os professores são os mais difíceis, dizem que não tem tempo, mas fazemos uma carga horária de 30 horas e em todos os turnos para tentar atrair toda essa comunidade escolar, mas ainda é bem complicado a questão da procura", diz Joseane.
Sobre a acessibilidade dentro da Ufac, a coordenadora avalia que a instituição tem investido bastante na parte arquitetônica, e diz que todas as novas estruturas possuem acessibilidade aos alunos com deficiência. "Todos os prédios novos construídos na Ufac já têm banheiros acessíveis, pisos sinalizados e portas alargadas", afirma.
Oliveira diz que fazer direito se tornou um sonho após as dificuldades (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Por Iryá Rodrigues
Fonte: G1
Fazer o curso de direito se tornou um sonho, segundo Oliveira. Desejo que surgiu a partir dos desafios com relação às dificuldades que ele teve que passar devido à deficiência. O acadêmico cursa o 5º período de direito e diz que pretende concluir o curso no tempo certo para poder começar a atuar na área.
"O desafio surgiu pelas minhas necessidades e tudo aquilo que eu passei na vida, principalmente com relação aos direitos que são negados às pessoas com deficiência. Foi algo que foi nascendo e despertando em mim a necessidade de conhecer mais as leis e direitos para ajudar também aos outros, que assim como eu, passam muitas vezes por problemas por conta da deficiência", afirma o acadêmico.
O estudante de direito conta que nasceu completamente cego e aos três anos de idade, sem nenhuma intervenção médica, passou a enxergar ao menos 50%. Porém, após complicações, acabou perdendo novamente a visão e atualmente tem apenas 20% da visão no olho direito.
Ele relembra como foi sua vida escolar e conta como convive com a deficiência. Oliveira afirma que sempre gostou de estudar e nunca deixou se abalar pela falta de visão. Estudou por duas séries do Ensino Fundamental em uma escola especial e o restante dos estudos em escolas de ensino regular, sendo todas públicas.
Sobre as maiores dificuldades que precisa enfrentar na universidade, Oliveira diz que é com relação à leitura, já que o curso exige bastante. Ele afirma que tem dificuldade de acompanhar a turma porque demora mais para ler o material e, na maioria das vezes, precisa ler várias vezes para entender o conteúdo.
"Minha leitura é lenta, mas tenho a ajuda da instituição que me oferece muitas coisas. Tenho um colega de aula que é meu monitor, pago pela Ufac, para me auxiliar nessas questões. Ele copia o conteúdo do quadro e me repassa. Além do monitor, toda a turma me ajuda bastante. Tenho um relacionamento muito bom com meus colegas, inclusive, eu sou o representante da turma no Centro Acadêmico", diz Oliveira.
Alunos deficientes na Ufac
Dos mais de 9 mil acadêmicos da Universidade Federal do Acre (Ufac), quase 200 são alunos com deficiência . O número representa 2,2% da quantidade de estudantes da universidade, em Rio Branco. Os números foram repassados pela coordenação do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) e pela Ufac.Apesar do baixo percentual, a coordenadora do NAI, Joseane Martins, afirma que o número de alunos com deficiência é considerado "elevado". "Por sermos apenas um núcleo e não uma diretoria e atendermos toda essa diversidade, considero um público bem elevado. Quando iniciamos, em 2008, tínhamos 15 alunos com deficiência e hoje esse quantitativo aumentou bastante em oito anos, principalmente, quando a Ufac aderiu às cotas", explica.
A coordenadora conta que existem sete intérpretes para atender aos estudantes com deficiência auditiva e 53 monitores, que também auxiliam os alunos. "Acadêmicos com deficiência física, representam a maioria dos deficientes, chegando a média de 80 estudantes. O restante são pessoas com transtorno, deficiência visual, auditiva e outras. O número de intérpretes não é suficiente para atender toda a demanda", afirma.
Joseane explica que o núcleo oferece cursos de capacitação para professores, servidores da Ufac e alunos. Segundo ela, são cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras), do Sistema Braille até o nível avançado e sobre as legislações para as pessoas com deficiência.
"Os cursos são procurados principalmente por alunos de graduação dos cursos de licenciatura, já pensando no mercado de trabalho. Os professores são os mais difíceis, dizem que não tem tempo, mas fazemos uma carga horária de 30 horas e em todos os turnos para tentar atrair toda essa comunidade escolar, mas ainda é bem complicado a questão da procura", diz Joseane.
Sobre a acessibilidade dentro da Ufac, a coordenadora avalia que a instituição tem investido bastante na parte arquitetônica, e diz que todas as novas estruturas possuem acessibilidade aos alunos com deficiência. "Todos os prédios novos construídos na Ufac já têm banheiros acessíveis, pisos sinalizados e portas alargadas", afirma.
Oliveira diz que fazer direito se tornou um sonho após as dificuldades (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Por Iryá Rodrigues
Fonte: G1