Curtas buscam sensibilizar sobre direito sexuais e reprodutivos

Vislumbrando uma sociedade evoluída no que tange questões relacionadas aos direitos das mulheres, a proposta não deveria ser ousada. Contudo, propor a discussão de temas como direito sexuais e reprodutivos, com a criação de vídeos de fácil compreensão, e levá-los para diferentes instituições e esferas sociais, incluindo as escolas, é certamente um grande desafio. Esta é a intenção da série Fala Direito Comigo: Gênero e Direitos Sexuais e Reprodutivos em Pauta, que apresenta sete vídeos curtos de animação que buscam a sensibilização e a difusão social do conhecimento sobre o tema.

O pré-lançamento do trabalho, desenvolvido em parceria entre a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Rio Grande do Sul (SPM/RS), o BioTecJus, a Unisinos e o Coletivo Feminino Plural, foi realizado ontem na Capital. Junto à apresentação, foi feito um debate para colher sugestões que serão agregadas aos curtas-metragem.

Além dos direitos sexuais e reprodutivos, os vídeos abordam temas como a rede de atendimento à mulher vítima de violência, a violência sexual e de gênero, o aborto legal e as visitas íntimas. De acordo com a titular da SPM/RS, Ariane Leitão, os problemas que envolvem as mulheres precisam ser trabalhados por uma rede de enfrentamento, que estimule a prevenção e a educação, estando relacionada com a mobilização social e a mudança cultural. “Precisamos, a partir deste tipo de ações, mostrar para a sociedade gaúcha que as mulheres não são um setor, mas a maioria da população. Atualmente, a maior dificuldade é discutir isso com os homens que estão no poder, pois eles fazem políticas para homens sobre os homens. E nós ficamos invisíveis”, criticou.

De acordo com a secretária, tratar dos direitos reprodutivos e sexuais é ainda mais complexo, pois o Estado ainda comanda os corpos das mulheres. “A garantia dos direitos humanos se refere também à emancipação e à libertação, para que tenhamos uma vida livre de qualquer amarra que a sociedade nos coloca”, ressaltou.  A intenção do vídeo que trata sobre o tema é mostrar que direitos sexuais e direitos reprodutivos são assuntos diferentes, além de ressaltar a autonomia da mulher em suas escolhas.

Corpos femininos na disputa de poder

A cientista política Telia Negrão, do Coletivo Feminino Plural, analisa a trajetória das mulheres a partir dos tempos vividos. De acordo com ela, durante a escravidão, a reprodução servia para aumentar o número de escravos. Na Idade Média, as servas geravam para aumentar a força de trabalho e o lucro das famílias ricas, e as mulheres de classes superiores engravidavam para buscar a paz entre os reinos e acordos de negócio. “Na sociedade capitalista, as mulheres continuam em situação de exploração, mesmo vivendo em um mundo cheio de possibilidades. Os corpos delas sempre estiverem no centro de disputas de poder”, explicou.

Segundo Telia, alguns princípios regem os direitos reprodutivos, como a autonomia e a autodeterminação, que se refletem no poder de decisão sobre ter ou não um filho, e o momento em que esta escolha será feita. Além disso, a opção por utilização ou não de métodos contraceptivos deve ser assegurada. Em relação aos direitos sexuais, os princípios versam sobre a escolha de exercer ou não a sua sexualidade, quando quiserem, com quem quiserem e com autonomia, liberdade e respeito. “Estas normas garantem o livre exercício de duas coisas que são diferentes, mas que em geral falam do poder de decidir o que fazer sobre o seu corpo”, completa.

Por Jessica Gustafson
Fonte: jcrs.uol.com.br
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