Justiça concede carteira de trabalho para senegalesa condenada a prisão

Aida Diop foi presa pela PF em 2012, com porção de cocaína em Campinas. Estrangeira foi ao MTE, nesta sexta-feira, para dar entrada no documento.

"Agora eu preciso de trabalho, juntar dinheiro, ajudar minha família [...] Para poder voltar com um pouco de dinheiro e recomeçar a minha vida". Foi em tom de otimismo que a senegalesa Aida Diop deixou a sede do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Campinas (SP), na tarde desta sexta-feira (3). Condenada por tráfico de drogas, ela conseguiu na Justiça o direito de tirar a carteira de trabalho. O documento deve ficar pronto na próxima semana.

Aida foi condenada a três anos e dez meses de prisão domiciliar por tráfico de drogas, mas a pena foi convertida em prestação de serviços comunitários. Ela lamentou ao recordar o episódio ocorrido em 2012 quando foi presa pela Polícia Federal, no Aeroporto Internacional de Viracopos, ao tentar transportar 600 gramas da droga no estômago."Me arrependi. Por que eu fiz isso?"

Dificuldades

A estrangeira mora na sede de uma organização não-governamental que presta assistência a presos, no Jardim Campos Elíseos. Com apoio da entidade, ela conseguiu na Justiça Federal o direito de obter a carteira, após ter pedido negado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo. A sentença é da 9ª Vara Federal de Campinas.

Como o passaporte está apreendido, a senegalesa tem dificuldades em conseguir emprego. Para se manter, ela realiza trabalhos informais como a montagem de canetas e também ajuda com os penteados de moradoras da região. "Quem cuida da minha família sou eu."

Ela contou que recebeu uma proposta para cuidar de idosos, contudo, não aceitou por causa da falta da carteira. O coordenador do Programa Sócio Ambiental Liberty, Marcos Silveira, considera que são raras as decisões semelhantes a obtida por Aida.

"É raro porque estava no Brasil de maneira ilegal, cometeu um crime e não tem documentos. Mas, a Constituição Brasileira diz que todos são iguais perante a lei e que têm todos os direitos que qualquer brasileiro teria, então o trabalho também", explicou o coordenador

Fonte: g1.globo.com
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