http://goo.gl/fa976G | Muitos jovens que resolvem buscar informações sobre como ingressar nas universidades norte-americanas às vezes chegam com a pergunta: “Que nota preciso tirar para entrar em Harvard?” Infelizmente – ou felizmente –, o processo de seleção nos Estados Unidos é um pouco mais elaborado. Enquanto no Brasil o único critério de seleção de quase todas as universidades é a nota do vestibular, lá o candidato precisa passar em sua maioria das vezes por cinco etapas. E essa regra vale para todos, inclusive para candidatos estrangeiros.
A primeira etapa, a mais objetiva de todas, é a etapa das “notas”. Nela o aluno é avaliado pelas notas que obteve durante o ensino médio, pela nota obtida em um exame de proficiência no inglês (requisito apenas para estrangeiros, que precisam alcançar uma pontuação mínima) e pelo desempenho no SAT (sigla para Scholastic Assessment Test ou Teste de Avaliação Escolar), que é um exame nacional norte-americano.
Bastante similar ao Enem, o SAT é composto por três sessões: matemática, interpretação de texto e redação. A ideia é medir a capacidade do candidato em apresentar um raciocínio lógico e rápido. Vale destacar que não há uma pontuação mínima exigida pelas universidades; o desempenho do candidato na prova será apenas mais um critério que irá se somar a outros.
Segundo o brasileiro Jáder Morais, que cursa o segundo ano na University of Pennsylvania, o SAT é bastante desafiador. Isso porque ele não exige apenas conhecimentos teóricos de gramática e matemática, mas vai além. “A parte mais desafiadora do SAT é a adaptação à estratégia de prova. Muitas vezes, temos menos de um minuto para responder questões, o que é bastante diferente do estilo de prova no Brasil, em que temos vários minutos para pensar em soluções. Precisei fazê-la três vezes para atingir o meu objetivo de marcar mais de 2.000 pontos”, afirma. A pontuação máxima do SAT é de 2.400.
Já outro brasileiro revela ter tido mais facilidade na prova. Para Henrique Freitas, que está no terceiro ano em Princeton, o SAT não foi nenhum bicho de sete cabeças. “Foi uma prova sem mistério. Como estava bastante preparado para a Fuvest (vestibular da USP), não tive grandes dificuldades. Acertei 93%”, conta.
A prova do SAT é aplicada no Brasil seis vezes no ano, em Janeiro, Maio, Junho, Outubro, Novembro e Dezembro. No Brasil ela acontece em Ananindeua, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Erechim, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vinhedo.
“Quem escreveu minha carta foi meu professor de geografia, meu professor de inglês e o coordenador do meu colégio”, conta Jáder. “Nela constavam momentos marcantes de minha vida acadêmica aliados com alguns valores chaves que a universidade onde estudo procura em alunos: liderança, responsabilidade, inteligência emocional, solidariedade e grandes sonhos”, destaca.
Outra etapa do processo de seleção leva em consideração as atividades extra-curriculares do candidato. Isso porque as universidades nos Estados Unidos não desejam o tipo de aluno que só frequenta aulas. Querem aquele que já faça algo desde antes, seja praticar esportes, fazer trabalho voluntário, manter um blog ou até mesmo dançar.
“Sempre pratiquei esportes e tive envolvimento com música. Mas, para mim, o mais importante, foi ter buscado fazer isso num nível alto, com muita paixão e dedicação”, explica Henrique. “Acredito que minhas atividades voluntárias, ajudando crianças pobres e com câncer, foram fundamentais para a minha aceitação”, diz Jáder.
Como exemplo, também temos os brasileiros que entraram em Harvard em 2013. Além de alunos destaque, eles foram alunos extremamente envolvidos em atividades fora da sala de aula. Alguns exemplos de atividades que esses alunos participaram foram dar aulas gratuitas de inglês para crianças em uma comunidade na Zona Norte do Rio, participação em clubes de astronomia e relações internacionais, liderança em times esportivos, realização de trabalhos voluntários com visitas a abrigos e recreação em hospitais, criação de blog para ajudar alunos na seção de redação do ENEM, tradução de curso online oferecido por Harvard, participação em olimpíadas acadêmicas.
A etapa da redação é a oportunidade que o candidato tem para fazer uma propaganda de si mesmo à universidade. É por meio dela que ele irá escrever sobre obstáculos que superou. Contar a respeito de pessoas que o influenciaram e de eventos importantes na sua vida. Tudo de uma maneira “vendedora”, com o intuito de mostrar como esse candidato é único. Conta Henrique: “A redação deve ser pessoal e sincera. É a sua melhor oportunidade de mostrar porque você é ‘gente boa’. A minha focou naquelas coisas que me motivam, e em histórias que ajudaram a definir quem sou”.
Por fim, há uma etapa de entrevista, que acontece normalmente nas faculdades mais concorridas. Trata-se de uma oportunidade de ver se os alunos são realmente aquilo que estão no papel. Normalmente, quem entrevista os candidatos são ex-alunos das universidades, que o fazem de forma voluntária. No Brasil isso costuma ocorrer via Skype. Quando há alguns ex-alunos brasileiros, a entrevista pode acontecer pessoalmente.
Mas também pode ser considerado mais justo já que os alunos, sob os olhos dos coordenadores de admissão, não são só um número. Os alunos são avaliados como pessoas. As notas nos testes e as médias no colégio só contam parte da história. Como saber se além de ser extremamente estudioso, esse garoto também é um excelente atleta? A lista de premiações pode ilustrar isso. Como saber como é difícil conseguir tirar nota alta no colégio? O coordenador pode falar do rigor acadêmico do colégio. Como saber que esse aluno é extremamente motivado por mudanças sociais? A redação do aluno pode contar a história de quem o influenciou a se envolver nas causas sociais. Aqui no Brasil, o resultado de todos os anos de esforço é medido através do vestibular, um evento que acontece uma vez ao ano na vida do aluno. Alunos que se esforçam academicamente durante sua vida escolar podem não passar no teste. Alunos que resolvem levar os estudos a sério, somente a partir do 3º ano, podem passar no vestibular se esforçando apenas alguns meses das suas vidas.
Por J.R. Penteado
Fonte: blog.daquiprafora.com.br
A primeira etapa, a mais objetiva de todas, é a etapa das “notas”. Nela o aluno é avaliado pelas notas que obteve durante o ensino médio, pela nota obtida em um exame de proficiência no inglês (requisito apenas para estrangeiros, que precisam alcançar uma pontuação mínima) e pelo desempenho no SAT (sigla para Scholastic Assessment Test ou Teste de Avaliação Escolar), que é um exame nacional norte-americano.
Bastante similar ao Enem, o SAT é composto por três sessões: matemática, interpretação de texto e redação. A ideia é medir a capacidade do candidato em apresentar um raciocínio lógico e rápido. Vale destacar que não há uma pontuação mínima exigida pelas universidades; o desempenho do candidato na prova será apenas mais um critério que irá se somar a outros.
Segundo o brasileiro Jáder Morais, que cursa o segundo ano na University of Pennsylvania, o SAT é bastante desafiador. Isso porque ele não exige apenas conhecimentos teóricos de gramática e matemática, mas vai além. “A parte mais desafiadora do SAT é a adaptação à estratégia de prova. Muitas vezes, temos menos de um minuto para responder questões, o que é bastante diferente do estilo de prova no Brasil, em que temos vários minutos para pensar em soluções. Precisei fazê-la três vezes para atingir o meu objetivo de marcar mais de 2.000 pontos”, afirma. A pontuação máxima do SAT é de 2.400.
Já outro brasileiro revela ter tido mais facilidade na prova. Para Henrique Freitas, que está no terceiro ano em Princeton, o SAT não foi nenhum bicho de sete cabeças. “Foi uma prova sem mistério. Como estava bastante preparado para a Fuvest (vestibular da USP), não tive grandes dificuldades. Acertei 93%”, conta.
A prova do SAT é aplicada no Brasil seis vezes no ano, em Janeiro, Maio, Junho, Outubro, Novembro e Dezembro. No Brasil ela acontece em Ananindeua, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Erechim, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vinhedo.
Outras etapas
Em seguida, começam as etapas mais subjetivas. Uma delas é uma carta de recomendação escrita por professores e coordenadores do candidato. O objetivo da universidade com isso é tentar perceber que tipo de aluno o candidato é na comunidade acadêmica. Verificar se ele possui características de líder ou se é prestativo com os demais, por exemplo. Universidades norte-americanas costumam gostar de alunos mais participativos, pois consideram que enriquecem o ambiente acadêmico.“Quem escreveu minha carta foi meu professor de geografia, meu professor de inglês e o coordenador do meu colégio”, conta Jáder. “Nela constavam momentos marcantes de minha vida acadêmica aliados com alguns valores chaves que a universidade onde estudo procura em alunos: liderança, responsabilidade, inteligência emocional, solidariedade e grandes sonhos”, destaca.
Outra etapa do processo de seleção leva em consideração as atividades extra-curriculares do candidato. Isso porque as universidades nos Estados Unidos não desejam o tipo de aluno que só frequenta aulas. Querem aquele que já faça algo desde antes, seja praticar esportes, fazer trabalho voluntário, manter um blog ou até mesmo dançar.
“Sempre pratiquei esportes e tive envolvimento com música. Mas, para mim, o mais importante, foi ter buscado fazer isso num nível alto, com muita paixão e dedicação”, explica Henrique. “Acredito que minhas atividades voluntárias, ajudando crianças pobres e com câncer, foram fundamentais para a minha aceitação”, diz Jáder.
Como exemplo, também temos os brasileiros que entraram em Harvard em 2013. Além de alunos destaque, eles foram alunos extremamente envolvidos em atividades fora da sala de aula. Alguns exemplos de atividades que esses alunos participaram foram dar aulas gratuitas de inglês para crianças em uma comunidade na Zona Norte do Rio, participação em clubes de astronomia e relações internacionais, liderança em times esportivos, realização de trabalhos voluntários com visitas a abrigos e recreação em hospitais, criação de blog para ajudar alunos na seção de redação do ENEM, tradução de curso online oferecido por Harvard, participação em olimpíadas acadêmicas.
Desempate
Em um processo de seleção com alunos geniais, de notas maravilhosas, cartas de recomendação excelentes, e envolvidos em atividades as mais diversas, o que vai desempatar? A redação.A etapa da redação é a oportunidade que o candidato tem para fazer uma propaganda de si mesmo à universidade. É por meio dela que ele irá escrever sobre obstáculos que superou. Contar a respeito de pessoas que o influenciaram e de eventos importantes na sua vida. Tudo de uma maneira “vendedora”, com o intuito de mostrar como esse candidato é único. Conta Henrique: “A redação deve ser pessoal e sincera. É a sua melhor oportunidade de mostrar porque você é ‘gente boa’. A minha focou naquelas coisas que me motivam, e em histórias que ajudaram a definir quem sou”.
Por fim, há uma etapa de entrevista, que acontece normalmente nas faculdades mais concorridas. Trata-se de uma oportunidade de ver se os alunos são realmente aquilo que estão no papel. Normalmente, quem entrevista os candidatos são ex-alunos das universidades, que o fazem de forma voluntária. No Brasil isso costuma ocorrer via Skype. Quando há alguns ex-alunos brasileiros, a entrevista pode acontecer pessoalmente.
É mais fácil, então?
Alguns acham o processo americano confuso, outros acham mais justo. É bem mais confuso não saber o que o aluno precisa fazer para entrar em universidade X. Não existe nota mínima, não existem pré-requisitos além dos básicos (nível de inglês, diploma do Ensino Médio), não tem receita ou fórmula secreta. O processo é completamente baseado em histórico: qual o perfil do brasileiro que entrou em tal universidade? Que nota que os alunos que entraram no passado tiraram? Em que colégio estudaram? Quais foram as atividades extracurriculares? E mesmo se um aluno tiver um perfil muito parecido com o de um que entrou, isso não garante que no próximo ano, esse perfil de aluno seja aceito.Mas também pode ser considerado mais justo já que os alunos, sob os olhos dos coordenadores de admissão, não são só um número. Os alunos são avaliados como pessoas. As notas nos testes e as médias no colégio só contam parte da história. Como saber se além de ser extremamente estudioso, esse garoto também é um excelente atleta? A lista de premiações pode ilustrar isso. Como saber como é difícil conseguir tirar nota alta no colégio? O coordenador pode falar do rigor acadêmico do colégio. Como saber que esse aluno é extremamente motivado por mudanças sociais? A redação do aluno pode contar a história de quem o influenciou a se envolver nas causas sociais. Aqui no Brasil, o resultado de todos os anos de esforço é medido através do vestibular, um evento que acontece uma vez ao ano na vida do aluno. Alunos que se esforçam academicamente durante sua vida escolar podem não passar no teste. Alunos que resolvem levar os estudos a sério, somente a partir do 3º ano, podem passar no vestibular se esforçando apenas alguns meses das suas vidas.
Por J.R. Penteado
Fonte: blog.daquiprafora.com.br