http://goo.gl/hhkHDx | Na audiência pública da terça-feira (11) para discutir os abusos na Universidade de São Paulo (USP), o debate extrapolou as questões de gênero. Mônica Gonçalves, 28, estudante de medicina, afirmou ter sido vítima de preconceito racial ao tentar entrar em uma confraternização estudantil que acontecia no Centro Acadêmico, no dia 30 de abril deste ano.
“Sou vista como vagabunda”, diz vítima de estupro em festa da Medicina da USP
Mônica contou que, mesmo após mostrar a carterinha e provar ser matriculada na instituição, foi proibida de entrar no local pelos seguranças. Ela diz que ouviu algumas desculpas, como a realização de uma festa e evacuação do prédio, para justificar a proibição. “Me deixaram entrar escoltada e eu fiquei sabendo que um homem branco entrou dez minutos antes de eu chegar sem ser questionado. Eu tinha a carteirinha. Não tinha nenhum motivo para não me deixarem entrar a não ser o fato de eu ser mulher e preta?”
Em outro caso envolvendo seguranças, Bernardo Dantas, estudante da Faculdade de Direito Largo São Francisco, disse ter sido agredido após entrar em uma área “reservada” aos casais heterossexuais da festa Carecas do Bosque. “Eu estava ficando com um menino na festa e quis entrar no bosque. Mas seguranças me impediram, dizendo que estavam ‘cumprindo ordens’ e que homossexuais não podiam entrar para evitar estupros”.
Dantas relatou que conseguiu burlar a segurança e entrou no espaço, onde beijou o seu acompanhante até ser abordado por duas seguranças, que queriam forçá-lo a deixar o local. À comissão, ele mostrou vídeo do diálogo que teve com uma das seguranças. Um outro profissional o questionou sobre a filmagem e deu um soco no rosto do estudante para que ele parasse de filmar. “Fui à enfermaria, o médico da Atlética não queria me dar gelo para o ferimento e disse que eu não deveria gritar para não tornar a história pública.”
Os relatos dos estudantes também incluem o Show Medicina, grupo que reúne alunos para apresentações teatrais anuais. O estudante Alan Bruno de Oliveira, que fez parte da agremiação por dois anos, contou que durante um evento foi obrigado a beber até cair desacordado. Em decorrência da queda, bateu a cabeça, perdeu um dente, cortou o rosto e precisou receber três pontos, além de ter tido um traumatismo craniano
O estudante revelou ainda que, no grupo de teatro, as mulheres cuidam dos figurinos e os homens são responsáveis pelas criações e apresentações dos espetáculos. Uma forma, segundo Oliveira, de "reforçar a questão da dominação do sexo masculino sobre o feminino”.
Ainda de acordo com Oliveira, para ingressar no grupo, os estudantes passam por outro vestibular em que são obrigados a passar por provas humilhantes que incluem até mesmo castigos físicos e humilhações, como nudismo público.
Presente à comissão, ela disse que recebeu as primeiras denúncias de violações de direitos humanos há cerca de dois meses – ao todo foram 12. “A intenção é fortalecer a cultura de direitos humanos, os mecanismos de apuração, repressão [aos crimes] e apoio às vítimas que continuam sofrendo discriminações após denunciar”.
Em nota, a Faculdade de Medicina da USP se diz contra qualquer forma de violência e discriminação e afirma que “tem se empenhado em aprimorar seus mecanismos de prevenção destes tipos de casos, apuração de denúncias e acolhimento das vítimas”.
Membro da comissão e presente à Assembleia, o professor Paulo Saldivia afirmou que os relatos constituem uma “horroteca” e que essa divulgação vai ajudar no combate a novas violações dos direitos humanos.
Fonte: ultimosegundo.ig.com.br
“Sou vista como vagabunda”, diz vítima de estupro em festa da Medicina da USP
Mônica contou que, mesmo após mostrar a carterinha e provar ser matriculada na instituição, foi proibida de entrar no local pelos seguranças. Ela diz que ouviu algumas desculpas, como a realização de uma festa e evacuação do prédio, para justificar a proibição. “Me deixaram entrar escoltada e eu fiquei sabendo que um homem branco entrou dez minutos antes de eu chegar sem ser questionado. Eu tinha a carteirinha. Não tinha nenhum motivo para não me deixarem entrar a não ser o fato de eu ser mulher e preta?”
Em outro caso envolvendo seguranças, Bernardo Dantas, estudante da Faculdade de Direito Largo São Francisco, disse ter sido agredido após entrar em uma área “reservada” aos casais heterossexuais da festa Carecas do Bosque. “Eu estava ficando com um menino na festa e quis entrar no bosque. Mas seguranças me impediram, dizendo que estavam ‘cumprindo ordens’ e que homossexuais não podiam entrar para evitar estupros”.
Dantas relatou que conseguiu burlar a segurança e entrou no espaço, onde beijou o seu acompanhante até ser abordado por duas seguranças, que queriam forçá-lo a deixar o local. À comissão, ele mostrou vídeo do diálogo que teve com uma das seguranças. Um outro profissional o questionou sobre a filmagem e deu um soco no rosto do estudante para que ele parasse de filmar. “Fui à enfermaria, o médico da Atlética não queria me dar gelo para o ferimento e disse que eu não deveria gritar para não tornar a história pública.”
Os relatos dos estudantes também incluem o Show Medicina, grupo que reúne alunos para apresentações teatrais anuais. O estudante Alan Bruno de Oliveira, que fez parte da agremiação por dois anos, contou que durante um evento foi obrigado a beber até cair desacordado. Em decorrência da queda, bateu a cabeça, perdeu um dente, cortou o rosto e precisou receber três pontos, além de ter tido um traumatismo craniano
O estudante revelou ainda que, no grupo de teatro, as mulheres cuidam dos figurinos e os homens são responsáveis pelas criações e apresentações dos espetáculos. Uma forma, segundo Oliveira, de "reforçar a questão da dominação do sexo masculino sobre o feminino”.
Ainda de acordo com Oliveira, para ingressar no grupo, os estudantes passam por outro vestibular em que são obrigados a passar por provas humilhantes que incluem até mesmo castigos físicos e humilhações, como nudismo público.
Investigação
A promotora de Direitos Humanos Paula Figueiredo instaurou inquérito para investigar os casos de abusos relatados pelos estudantes. O órgão solicitou documentos para a Universidade que, apesar do fim do prazo, ainda não foram entregues. Caso não haja cooperação, a promotora promete entrar com ação para punição dos responsáveis.Presente à comissão, ela disse que recebeu as primeiras denúncias de violações de direitos humanos há cerca de dois meses – ao todo foram 12. “A intenção é fortalecer a cultura de direitos humanos, os mecanismos de apuração, repressão [aos crimes] e apoio às vítimas que continuam sofrendo discriminações após denunciar”.
Em nota, a Faculdade de Medicina da USP se diz contra qualquer forma de violência e discriminação e afirma que “tem se empenhado em aprimorar seus mecanismos de prevenção destes tipos de casos, apuração de denúncias e acolhimento das vítimas”.
Membro da comissão e presente à Assembleia, o professor Paulo Saldivia afirmou que os relatos constituem uma “horroteca” e que essa divulgação vai ajudar no combate a novas violações dos direitos humanos.
Fonte: ultimosegundo.ig.com.br