Advogado Mauro Chidid acumula vitórias e faz fama de vitorioso e imbatível

http://goo.gl/aGcbkV | "Chama o Chidid!". O período curto, cujo significado é completamente vazio para a grande maioria das pessoas, possui uma carga de esperança irrefutável para oito clubes de menor expressão do Rio de Janeiro - e um motivo que beira ao desespero para quem ousa confrontá-los em um tribunal. Essas equipes não compartilham um mesmo jogador de futebol, um treinador ou preparador físico, mas sim o mesmo advogado. Seu nome é Mauro Chidid, e seu recente "cartel de vitórias" lhe rendeu a fama de imbatível e a imagem quase folclórica na esfera jurídica desportiva do estado.

Dos últimos casos que tiveram certa repercussão, Chidid venceu todos. Os dotes persuasivos e a competência do advogado já beneficiaram o America, o Sampaio Corrêa, o Quissamã... O último foi o Teresópolis, que venceu o Nova Cidade na primeira partida da fase de mata-mata do Carioca Sub-20 por 4 a 0, não apareceu em campo no jogo de volta, mas, ainda assim, teve sua vaga assegurada pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ) na última semana. Além dessas quatro equipes, o profissional também presta serviços para times como Angra dos Reis, Portuguesa e Artsul.

Apesar do histórico que impõe respeito e da postura firme nos julgamentos, Chidid é uma figura carismática no auge de seus 60 anos. Como preza a cartilha do bom advogado, tem relação íntima com as palavras, mas também não perde a oportunidade de usá-las com ironia. No final de 2012, por exemplo, época em que uma antiga profecia da civilização maia pautava todos os assuntos, o advogado proferiu a seguinte declaração depois de vencer um caso pelo Quissamã: "Mesmo se o mundo acabar, estaremos na Série A" - o clube corria o risco de ter sua vaga na elite do Carioca tomada pelo Goytacaz.

- Aquele foi o caso mais difícil de defender - elege Chidid.

Formado em Direito, mas especializado na área esportiva, Mauro Chidid exerce o cargo de advogado desde 1991. Além dois oito clubes, ele também tem como clientes a Federação Gaúcha de Futebol e o Internacional. No currículo, segundo ele, estão inúmeros triunfos no tribunal. As derrotas tiveram caráter meramente pontuais. (Veja acima algumas das recentes vitórias do advogado nos tribunais)

- Dentro da Justiça Desportiva, quando você tem o direito ao seu lado, você não vai perder nunca. Agora, às vezes o direito não está ao seu lado e, mesmo assim, você tem que se virar com a defesa. Eu já perdi algumas vezes sim, mas muito poucas. As vitórias são bem mais relevantes - explica.

Caso Talis: A vitrine

Apesar dos mais de 20 anos de carreira e dos contáveis processos em que já trabalhou, um em particular funcionou como uma espécie de trampolim  para o advogado: o caso Talis, no ano passado - curiosamente, contra o Goytacaz mais uma vez. O embate jurídico se arrastou por cerca de dois meses, paralisou a Série B do Campeonato Carioca e praticamente abriu a temporada de casos de escalações irregulares pelos quatro cantos do futebol brasileiro.

Encabeçado por Chidid, o America entrou com uma denúncia na Procuradoria do TJD-RJ contra o clube de Campos dos Goytacazes, que teria escalado o zagueiro Talis de forma irregular em duas partidas da competição - caso parecido com o da Portuguesa, também em 2013. Depois de passar pela primeira e segunda instâncias, o parecer só foi definido no STJD. Claro, a favor do America.

- Eu já tinha bastantes clientes dentro do futebol nessa época, mas essa repercussão fez com que, inclusive, outros clientes me procurassem. Esse foi o caso com a maior repercussão em que eu já trabalhei, me deu muita aparência, digamos assim. Mas não vi isso como nada de maior relevância que os outros casos - disse.

Em 2013, ele cravou: Flu fica!

Meses depois de defender o Quissamã, o futebol brasileiro foi surpreendido por uma de suas maiores novelas jurídicas nos últimos anos: o Caso Héverton, da Portuguesa. Coincidentemente, o episódio que colocou o Fluminense de volta à Série A do Brasileirão teve os mesmos moldes do Caso Talis, o que fez com que o telefone de Mauro Chidid não parasse de tocar. Eram jornalistas, advogados, amigos, todos pedindo uma opinião do profissional sobre o que estava acontecendo.

Com a experiência adquirida até ali, ele opinou:

- Se tudo isso for realmente constatado, o Fluminense vai herdar a vaga da Portuguesa. O jogador da Portuguesa, segunda consta, foi punido com dois jogos. Cumpriu um e foi escalado no jogo em que a Lusa empatou. Nesse caso, a Portuguesa tem que perder quatro pontos. Três pela infração e um pelo ponto conquistado. Essa é a minha opinião - disse, antes do julgamento.
E foi justamente o que aconteceu.

Um desejo surpreendente

De todas as vítimas que Mauro Chidid já fez, sua "predileta" é o Goytacaz. Não que o advogado goste de vencer o clube de Campos nos tribunais, não é isso. Mas suas recentes e mais emblemáticas vitórias foram justamente contra a equipe alvianil: a de dezembro de 2012, quando defendeu o Quissamã; e a do ano passado, quando representou o America.

Por isso mesmo, o maior desejo de Chidid certamente pega a muitos de surpresa. Ele garante que faria de tudo para, um dia, trabalhar a favor do Time da Rua do Gás, que luta para voltar à elite do futebol carioca há mais de 20 anos.

- Eu gostaria muito de advogar para o Goytacaz, gostaria muito mesmo. Porque o que eu já fiz em termos de processos contra o clube, eu gostaria de defendê-lo um dia. Já me ameaçaram, me disseram que eu nunca poderia passar pela Rua do Gás. Eu só gostaria de provar que não tenho nada contra o Goytacaz, que é um clube muito bem estruturado e que precisa de um departamento jurídico à altura dele - concluiu.

Fonte: globoesporte.globo.com
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