Manifestação pede permanência de padre vítima de racismo ao bispo

http://goo.gl/63yMLg | Uma manifestação pública reuniu cerca de 2 mil pessoas na Paróquia Santo Antônio, em Adamantina, na noite deste domingo (7), em apoio ao padre Wilson Luís Ramos (foto direita), sacerdote que foi vítima de racismo por parte de um grupo de moradores da cidade. Ao som de gritos de “Fica, Padre Wilson”, os fiéis pediram a permanência do pároco até por volta da meia-noite e cerca de 500 deles cercaram o local, onde também estava o bispo Luiz Antônio Cipolini (foto esquerda), que determinou a mudança.

Conforme o comerciante Irineu Dirami, de 40 anos, o ato ocorreu durante a missa de Crisma de jovens no município, que sempre conta com a presença do responsável pela Diocese de Marília. “O padre Wilson ainda pediu calma, mas todo mundo começou a se mobilizar e pedir que ele ficasse em Adamantina. Apesar disso, até as 23h, o bispo não conversou com ninguém”, explica.

Ele ainda conta que a manifestação foi feita contra uma decisão “árbitrária”, criticada também por um abaixo-assinado. O documento já reuniu quase 8 mil assinaturas, segundo seu organizador, Danilo Alves. “Agora estamos passando a lista nos bairros e, cada dia mais, aumenta o número de pessoas apoiando o movimento”, afirma o comerciante, que registrou o momento em vídeo.

Conforme as imagens, os fiéis começaram o manifesto dentro da paróquia e, na sequência, se espalharam pelos arredores da Paróquia Santo Antônio. O G1 tentou entrar em contato com a Polícia Militar para buscar mais informações sobre a ação, porém não obteve sucesso até o momento desta publicação.

Na última sexta-feira (5), Ramos recebeu o anúncio de que seria transferido para o Santuário Nossa Senhora de Fátima, em Dracena, após atuar por um ano e dez meses em Adamantina. Em entrevista no sábado (6), ele informou que “só esperava ser acolhido”.

“Comecei a me preparar assim que foi anunciada minha transferência para outra cidade. Só quero que esta minha passagem por Dracena seja mais tranquila. Em meus vários anos como padre, foi a primeira vez que tive problemas com a população”, conta.

Sua saída da igreja atual foi definida no dia 28 de novembro. Em nota, o bispo Luiz Antônio Cipolini, responsável pela paróquia, informou ter encontrado uma “paróquia dividida, com grave prejuízo ou perturbação à comunidade eclesial. “Não consigo enxergar, nesta situação, nem vencedores e nem vencidos, apenas pessoas que amam a Jesus Cristo e à sua Igreja e querem trabalhar pelo crescimento do Reino de Deus”, aponta o pronunciamento oficial.

O pároco relata que viveu situações de racismo desde sua chegada em Adamantina, porém as “brincadeiras” nunca causaram abalo durante suas celebrações. “Já falaram que deveriam trocar o galo de bronze, que fica em cima da igreja, por um urubu. Muita gente conversa comigo e diz que fazem piadas sobre mim, porém isso nunca afetou a minha vida”, aponta

Wilson Luís Ramos nasceu na capital paulista, mas morou desde criança em Tupã (SP), no interior do Estado. Nesta última cidade se tornou padre e celebrou missas em diversas igrejas.

O G1 tentou entrar em contato com a Cúria Diocesana de Marília, porém não obteve sucesso. Por telefone, a equipe de reportagem ligou para a casa do bispo Luiz Antonio Cipolini, porém não conseguiu retorno.

Fonte: g1.globo.com

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