Vovô da turma, boxeador medalhista olímpico de 1968 se forma em Direito aos 66 anos!

http://goo.gl/FIJWyd | Os 46 anos que separam Servílio de Oliveira de sua maior conquista não tiraram do primeiro medalhista olímpico do boxe brasileiro a vontade de seguir buscando novos desafios. Aos 66 anos, ele conquistou mais um importante título. Desta vez, trocou as luvas por uma pilha de livros e está se formando na faculdade de Direito, após cinco anos de curso em uma universidade de São Caetano. Vovô da turma, ele diz que a realização tardia foi, acima de tudo, por uma satisfação pessoal, de um lutador que não teve todas as oportunidades quando mais novo.

- Cursei esses 60 meses mais por uma satisfação pessoal do que para me tornar advogado. Foi a questão de gostar das matérias, de querer fazer um curso universitário. Fui um menino muito humilde. Ou seja, não tive as benesses que meus netos vão poder ter. Na minha época, a vida era muito difícil - lembra um dos maiores nomes do boxe nacional.

Detentor da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968, o ex-boxeador entrava nas classes com o mesmo empenho que subia nos ringues. Mergulhou fundo nos livros, queria dar seu melhor no novo desafio que escolheu. E, assim como na época que era pugilista, se despede das cadeiras da universidade com méritos.

- Olha, tive boas notas. Com méritos. No começo desta semana, apresentei minha monografia e fiquei com média 9. Estou tirando boas notas. Ralando muito ainda - disse.

Servílio não para de estudar por ora. Seu desejo é prestar o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e, quem sabe, se especializar em alguma área ligada ao direito desportivo, área que conhece e que usou como tema de sua monografia. Sobre os companheiros de classe, ele disse que desde o começo sempre se deu bem com todos os grupos que estudou. Mas lembra que o fato de ser um ex-atleta olímpico aumentou para ele a pressão. O veterano se cobrava muito.

- Eu era o vovô da classe. Você sabe que nas classes sempre temos o pessoal do fundo, da frente, do lado, do outro lado...Eu sempre me dei bem com todos. Acho que valeu a pena. Quando cheguei na universidade, um amigo meu, que trabalhava no mesmo curso, me viu e logo espalhou para todo mundo na classe. Como eu sou um sujeito meio tímido... E tem um detalhe, sempre digo o seguinte: quando você é notório, a tendência é cobrarem: ''Como atleta o cara era excepcional, mas aqui está penando para aprender''. Eu sou do tipo que me cobro muito. E por isso foi difícil enfrentar - lembra.

O veterano terá sua colação de grau em janeiro do próximo ano. Já em abril, garante que estará na festa de formatura com os colegas de classe, que estão cobrando sua presença.

Até os Jogos de Londres 2012, Servílio era o único medalhista olímpico do boxe brasileiro. Há dois anos, o Brasil viu os feitos de Yamaguchi (bronze) e  Esquiva Falcão (prata), e de Adriana Araújo (bronze). Desde que passou a dedicar grande parte de seu tempo estudando, o veterano se afastou um pouco do esporte, mas alegou estar com expectativas altas para a modalidade nas Olimpíadas do Rio 2016.

- Penso que, mesmo depois que os irmãos Falcão se profissionalizaram, o Brasil tem um bom quadro. Digo uma coisa para você, acho que o boxe do Brasil vai contribuir aqui em 2016 com, no mínimo, umas cinco medalhas. O trabalho não é um mérito do atual presidente da Confederação. No meu entendimento, é mérito do trabalho que já vem sendo realizado em 2001, quando começaram os investimentos através da lei Piva - disse.

Avô de nove netos, ele mostrou seu lado ''coruja''. Ele elogiou dois de seus herdeiros e apontou chances de sua família voltar a ser representada em ringues olímpicos. Luis Gabriel, de 13 anos, e João Victor, de 16 anos, são promessas.

- Pode até ser que o que venha diga venha prejudicá-los mais tarde. Mas tenho dois netos, que, se bem levados, poderão ganhar medalhas em 2020. Os caras são bons demais - completou.

Fonte: globoesporte.globo.com
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