Literatura ajuda internos a ingressar na faculdade

http://goo.gl/1XIml5 | A Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude vai ampliar o projeto Rede do Saber, em funcionamento desde abril de 2014, na Unidade de Internação de Santa Maria (UISM). A ideia, segundo a pasta, é que sejam inauguradas bibliotecas em todas as outras 26 unidades de internação do DF em 2 de abril — Dia Internacional do Livro Infantojuvenil.

Para viabilizar a ampliação, a secretaria começa a se reunir com iniciativas privadas e com a Vara da Infância e da Juventude do DF nesta semana. Também está prevista uma campanha de doação de livros para as unidades, com início em 21 de fevereiro.

Atração por histórias

A Rede foi criada como oportunidade de entretenimento para os 165 adolescentes da Unidade de Internação de Santa Maria. Existe apenas um aparelho de televisão, em uma sala de convivência, onde os internos permanecem em horários estabelecidos. "O projeto surgiu para uma ressocialização de verdade", resumiu a secretária da pasta, Jane Klebia Reis. "Hoje, os adolescentes de Santa Maria pedem pelos livros e se interessam por esse universo."

O programa reúne cerca de 1,5 mil exemplares, catalogados pelo estilo literário e pela complexidade. A maior parte fica na biblioteca. No entanto, diariamente, o responsável pela parte operacional do projeto, Abdallah Antun, percorre orgulhoso os corredores com um carrinho, à cata de entregas e devoluções. "Eu procuro esquecer o que cada um fez lá fora", afirma. "Quando passo, eles ficam gritando meu nome, pedindo livro. É uma festa", alegra-se ele, que trabalha desde 2006 no sistema socioeducativo.

Cadastro

Para participar da Rede do Saber, os interessados fazem um cadastro, que serve de controle para Antun sobre conservação das obras e assiduidade. Os adolescentes devem também entregar uma redação sobre o que leram. O texto é anexado ao processo dos internos e ainda lhes rende alguns benefícios, como ligação telefônica para a família.

 Antun lembra que a quantidade de adeptos — no início, atingia 70% — hoje equivale a 90% dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na unidade, ou seja, 165 jovens em conflito com a lei leem até três livros por semana.

Volta por cima

Bruna (nome fictício) tem 18 anos e cumpre medida socioeducativa desde 2013 na instituição, onde concluiu o ensino médio. Com o auxílio da Rede do Saber, passou no Enem, foi aprovada no Programa Universidade para Todos (Prouni) para educação física, e agora espera autorização da Vara da Infância e Juventude do DF para frequentar as aulas. "Para mim, era coisa de louco ler livros dessa grossura, mas, hoje, eu gosto muito."

Caso semelhante vive Flávia, também de 18 anos. Ela foi a adolescente que mais devorou exemplares no primeiro mês do projeto em abril de 2014: cerca de 20 obras. Agora, também espera que a Justiça conceda-lhe o direito de frequentar a faculdade: foi aprovada no Prouni para o curso de administração.

Fonte: jornaldebrasilia.com.br
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