http://goo.gl/Ra7VYN | “Nunca pensei em fazer faculdade. Decidi fazer para ter uma mudança de vida. A oportunidade foi dada, e eu decidi lutar por isso”. A frase é de Marcelo Américo Cavalcanti, de 39 anos, aprovado no curso de direito no Vestibular 2014 da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ele faz parte do grupo de cinco detentos que passaram no vestibular e cumprem penas nas unidades penitenciárias de Londrina, no norte do Paraná.
Os outros calouros são dos cursos de enfermagem (dois), serviço social e matemática. Eles participaram de um programa de cursinho pré-vestibular, criado em parceria entre a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju) e a UEL em 2013. Por meio do projeto, os alunos frequentam salas de aula estruturadas dentro dos complexos penitenciários londrinenses – no primeiro ano de trabalho, 50 presos assistiram às aulas ministradas dentro da cadeia, entre os quais dez deles passaram na primeira fase do vestibular de 2014 da UEL.
Marcelo Américo Cavalcanti é de Marabá (PA), e chegou a Londrina em 1999. Pai de quatro filhos, ele foi preso em 2007 e já cumpriu seis anos e nove meses de pena na unidade dois da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II). Antes, o rapaz trabalhou em várias áreas, terminou o Ensino Médio, mas não pensava em continuar os estudos. “Um dia informaram que seria aberto o cursinho, e resolvi entrar, aproveitar essa oportunidade. Quero mudar de vida”, conta Marcelo.
Além das aulas, os detentos utilizam a biblioteca da PEL II, que possui cerca de dois mil livros, para estudar. “Nem sei dizer quantas horas passava estudando. Mas me dediquei muito para conquistar essa vaga”, diz Cavalcanti.
O rapaz conta que escolheu o curso de direito pelo interesse na área. “Escolhi o curso por toda minha trajetória de vida”, explica. Marcelo diz que quer ser advogado, e pretende ajudar os presos que não têm oportunidade de receber uma defesa. “Vi vários casos de pessoas que estão aqui por não ter acesso a um bom advogado. O Estado até oferece algo, mas é muito pouco. Então, quero, sim, entre outros trabalhos, ajudar essas pessoas”, afirma.
O resultado foi uma surpresa para Marcelo. “Não esperava passar. Estava bem ansioso com o resultado. Quando me contaram que fui aprovado, fiquei numa euforia muito grande, muito feliz mesmo”, diz. "Meus pais também estavam muito ansiosos pelo resultado. Ainda não consegui falar com eles, que estão viajando, mas tenho certeza que estão orgulhosos", comemora.
Para o detento, a conquista traz junto vários outros aprendizados. “A grande lição é que só mudamos se quisermos. Espero que isso sirva de exemplo para outros que estão aqui e querem realmente mudar de vida”, afirma.
Entre os exemplos vistos durante o cursinho, um deles chama a atenção de Cavalcanti. “Foram vários casos que nos ajudavam a manter a motivação. Um que lembro é de dois professores que, mesmo doentes, não deixaram de vir e dar aula. Aí a gente pensa: ‘Se eles estão se dedicando assim, eu também tenho que me dedicar’. Isso me motivou muito”, lembra.
Chagas ressalta a importância de todos os servidores da penitenciária para o sucesso dos presos. "Tem o mérito do preso, da UEL, mas temos que enaltecer o trabalho dos agentes penitenciários, que propiciam os detentos irem até as aulas, fazem a segurança deles, cuidam. Sem o trabalho deles, ficaria difícil".
Além dos aprovados da UEL, a unidade teve 27 detentos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Eles foram inscritos no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), e aguardam a aprovação em uma das vagas.
O juiz aguarda a comprovação das matrículas e o pedido dos advogados para iniciar o processo. “Independente disso, vale destacar que essa conquista demonstra que é possível, sim, fazer um trabalho de ressocialização com os detentos”, opina Nakadamori.
Entre os aprovados, três são da PEL II e estão presos em regime fechado. Os outros dois estão encarcerados na Penitenciária Estadual de Londrina I (PEL I) e no Centro de Ressocialização de Londrina (Creslon) – apenas na última o detento cumpre pena em regime semiaberto.
A pré-matrícula dos calouros já foi prontamente protocolada pela Seju, após a confirmação de que os nomes deles estavam na lista de aprovados, segundo a própria secretaria. A documentação para a matrícula foi encaminhada nesta segunda-feira.
Fonte: g1.globo.com
Os outros calouros são dos cursos de enfermagem (dois), serviço social e matemática. Eles participaram de um programa de cursinho pré-vestibular, criado em parceria entre a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju) e a UEL em 2013. Por meio do projeto, os alunos frequentam salas de aula estruturadas dentro dos complexos penitenciários londrinenses – no primeiro ano de trabalho, 50 presos assistiram às aulas ministradas dentro da cadeia, entre os quais dez deles passaram na primeira fase do vestibular de 2014 da UEL.
Marcelo Américo Cavalcanti é de Marabá (PA), e chegou a Londrina em 1999. Pai de quatro filhos, ele foi preso em 2007 e já cumpriu seis anos e nove meses de pena na unidade dois da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II). Antes, o rapaz trabalhou em várias áreas, terminou o Ensino Médio, mas não pensava em continuar os estudos. “Um dia informaram que seria aberto o cursinho, e resolvi entrar, aproveitar essa oportunidade. Quero mudar de vida”, conta Marcelo.
Além das aulas, os detentos utilizam a biblioteca da PEL II, que possui cerca de dois mil livros, para estudar. “Nem sei dizer quantas horas passava estudando. Mas me dediquei muito para conquistar essa vaga”, diz Cavalcanti.
O rapaz conta que escolheu o curso de direito pelo interesse na área. “Escolhi o curso por toda minha trajetória de vida”, explica. Marcelo diz que quer ser advogado, e pretende ajudar os presos que não têm oportunidade de receber uma defesa. “Vi vários casos de pessoas que estão aqui por não ter acesso a um bom advogado. O Estado até oferece algo, mas é muito pouco. Então, quero, sim, entre outros trabalhos, ajudar essas pessoas”, afirma.
O resultado foi uma surpresa para Marcelo. “Não esperava passar. Estava bem ansioso com o resultado. Quando me contaram que fui aprovado, fiquei numa euforia muito grande, muito feliz mesmo”, diz. "Meus pais também estavam muito ansiosos pelo resultado. Ainda não consegui falar com eles, que estão viajando, mas tenho certeza que estão orgulhosos", comemora.
Para o detento, a conquista traz junto vários outros aprendizados. “A grande lição é que só mudamos se quisermos. Espero que isso sirva de exemplo para outros que estão aqui e querem realmente mudar de vida”, afirma.
Motivação
Marcelo destaca que os presos que estudavam para o vestibular buscavam incentivar um ao outro. Além disso, ele aponta que todos na unidade penitenciária também ajudaram na conquista. “Todos se esforçaram muito – os que permitiram essa oportunidade, os professores, os agentes penitenciários, cada pessoa que está aqui. Eu só tenho a agradecer a cada um”, diz.Entre os exemplos vistos durante o cursinho, um deles chama a atenção de Cavalcanti. “Foram vários casos que nos ajudavam a manter a motivação. Um que lembro é de dois professores que, mesmo doentes, não deixaram de vir e dar aula. Aí a gente pensa: ‘Se eles estão se dedicando assim, eu também tenho que me dedicar’. Isso me motivou muito”, lembra.
'Conquista era esperada', diz diretor da PEL
O diretor da PEL II, Emerson Chagas, diz que a conquista dos detentos era esperada. “Nós víamos o interesse deles, a vontade de mudar a vida, de buscar autorização para ir à biblioteca, por exemplo. Já imaginávamos, porque víamos de perto a dedicação diferenciada que eles têm", afirma.Chagas ressalta a importância de todos os servidores da penitenciária para o sucesso dos presos. "Tem o mérito do preso, da UEL, mas temos que enaltecer o trabalho dos agentes penitenciários, que propiciam os detentos irem até as aulas, fazem a segurança deles, cuidam. Sem o trabalho deles, ficaria difícil".
Além dos aprovados da UEL, a unidade teve 27 detentos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Eles foram inscritos no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), e aguardam a aprovação em uma das vagas.
Liberação
Os detentos aprovados na UEL aguardam agora uma autorização da Vara de Execuções Penais (VEP) do município para frequentar as aulas. Segundo o juiz da VEP, Katsujo Nakadomari, alguns pontos precisam ser avaliados para que a autorização seja concedida. “Vamos avaliar a natureza do crime, a pena que ainda deve ser cumprida, a conduta social, o bom comportamento carcerário, além de pedir um laudo psicológico e psiquiátrico”, explica.O juiz aguarda a comprovação das matrículas e o pedido dos advogados para iniciar o processo. “Independente disso, vale destacar que essa conquista demonstra que é possível, sim, fazer um trabalho de ressocialização com os detentos”, opina Nakadamori.
Entre os aprovados, três são da PEL II e estão presos em regime fechado. Os outros dois estão encarcerados na Penitenciária Estadual de Londrina I (PEL I) e no Centro de Ressocialização de Londrina (Creslon) – apenas na última o detento cumpre pena em regime semiaberto.
A pré-matrícula dos calouros já foi prontamente protocolada pela Seju, após a confirmação de que os nomes deles estavam na lista de aprovados, segundo a própria secretaria. A documentação para a matrícula foi encaminhada nesta segunda-feira.
Fonte: g1.globo.com