Trote no Direito da USP tem cartazes antiopressão e 11 segundos de pinga

http://goo.gl/co5ubw | Os calouros da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) foram recebidos com cartazes contra o trote opressor e abusos na universidade nesta quarta-feira (11), primeiro dia de matrícula dos aprovados no vestibular da  Fuvest . Os novos alunos também participaram do 'batismo' promovido pelos veteranos do Centro Acadêmico XI de Agosto e tomaram "11 segundos" de cachaça. A bebida São Francisco tem o nome do largo onde fica a faculdade, no Centro de São Paulo.



O centro acadêmico postou em sua página no Facebook que as brincadeiras são voluntárias e que o objetivo da recepção é a integração dos novos alunos com a universidade. "Ninguém vai ser obrigado a nada! A única regra é: divirtam-se!", dizia o post.

"Estamos com essa campanha bem legal, que a gente está compondo com outras faculdades. Foi uma iniciativa bem legal compor uma campanha para combater a opressão no trote", avaliou Rodrigo Almeida Gama, de 21 anos, aluno do terceiro ano e membro do centro acadêmico.

O jovem contou que o centro acadêmico e os coletivos da universidade espalharam cartazes, faixas e identificaram veteranos com adesivos, instruindo os calouros para que procurassem ajuda caso se sentissem qualquer tipo de opressão.

"Se um calouro se sentiu oprimido de alguma forma, ele procura uma pessoa com esse adesivo. O objetivo é construir um ambiente em que os calouros se sintam acolhidos e confortáveis", definiu, frisando que a campanha visa combater o machismo, a homofobia e o racismo durante o trote.

Antes de conversar com a reportagem, Rodrigo conversava com membros da Guarda da USP, que instruíam os veteranos para que levassem o trote de uma maneira tranquila, e que a polícia militar teria recebido diversos chamados a respeito do trote, principalmente por pessoas que reclamavam de pessoas consumindo bebidas alcoólicas na rua.

Os membros da Guarda da USP pediram que os chamados sejam intermediados por eles, antes de chegarem à PM, já que os membros da Guarda sabem que se trata de um trote universitário. Tudo isso, com a condição de que os calouros sejam respeitados e façam tudo de livre e expontânea vontade, e não sejam forçados a nada. "Achei legal a atitude deles", completou Rodrigo.

Calouro da São Francisco e veterano de entrevistas do G1, Rodrigo Mendes Ussier, de 19 anos, elogiou a recepção aos calouros, e disse que o clima estava bastante tranquilo.

"Foi muito boa, todo muito foi super receptivo. Não teve nenhum tipo de trote opressor. Podiam permissão para pintar, dar bebida, bem receptivo mesmo", disse o jovem coberto de tinta, que conversou com a reportagem durante a prova da segunda fase da Fuvest.

"Tá um clima super de boa, respeitoso a todas as minorias possíveis. Eles enfatizaram que tentariam ao máximo acabar com a opressão às minorias, definiu.

Ao lado de Rodrigo estava Andrea Lasevicius, de 18 anos, celebrando o trote e a amizade recém-feita, que surgiu em um bar de integração dos ingressos da universidade. A jovem também elogiou o clima do trote, e que a festa estava melhor e mais segura, comparado a outras universidades.

"Tá ótimo, tranquilo. Passei em outras faculdades, mas, pelo que me falaram, lá não pareciam muito amigáveis", revelou a caloura.

A matrícula na USP termina nesta quinta-feira (12).

Disque trote e cartilha para calouras

A USP disponibilizou desde segunda-feira (9) o Disque Trote, que atende pelo número 0800-012-1090, para que o aluno denuncie abusos que tenha sofrido. O serviço ficará ativo até o dia 25 de março, de segunda à sexta-feira, das 9h às 21h.



Além disso, a USP vai incluir no seu kit de recepção de novos estudantes, uma cartilha feita especificamente para as calouras aprovadas na Fuvest 2015. Segundo a assessoria de imprensa da Reitoria, foram impressos 15 mil exemplares do material "a pedido dos coletivos femininos da universidade".

A distribuição, segundo a USP, é feita especialmente aos calouros. O material será entregue aos 'bixos' durante a matrícula, que acontece nesta quarta e quinta-feira (dias 11 e 12), junto com o Manual do Calouro e outros documentos, como os cartões provisórios para uso do restaurante universitário e do ônibus circular.

As ações também serão aplicadas na Semana do Calouro, que acontecerá em todos os campi da USP, entre os dias 23 e 27 de fevereiro. Nesse período, as aulas regulares são substituídas por palestras, oficinas, bate-papos com egressos, campanhas educativas e ações sociais.

Fonte: g1.globo.com
Anterior Próxima