http://goo.gl/tHbVS9 | Apavorados com a recente onda de assaltos a ciclistas na cidade do Rio, que culminou na última quarta-feira (19) com a morte do médico Jaime Gold, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul da cidade, os adeptos do esporte estão na luta por melhores condições de treinamento. A situação chega a ser mais alarmante, pois estamos a pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos, e o esporte faz parte do calendário da competição.
Em conversa com o Jornal do Brasil, o presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecierj), Claudio Santos, denunciou uma quadrilha especializada em roubo de bicicletas de corrida. Segundo ele, esses bandidos fazem os roubos para posteriormente vender no mercado negro por preços mais em conta.
“Hoje, há um mercado negro na internet ligado a esta modalidade, e isso motiva a prática do crime. São vendidas peças caras por preços bem baixos, uma facilidade na venda destes produtos por criminosos. Isso acontece pela certeza da impunidade. Eles estão agindo livremente, vendendo bicicletas roubadas. Sabe o que isso significa? Colocar uma arma na mão do criminoso para ele ferir o cidadão”, denunciou o presidente.
A deputada estadual Martha Rocha (PSD) propôs, em reunião na Alerj com o presidente da Comissão de Segurança da Federação de Ciclismo, Raphael Pazos, a aprovação do Projeto de Lei 178/2015, que prevê a criação de um subtítulo "Roubos e furtos de bicicleta" nos registros de ocorrência da Polícia Civil.
“Em março, apresentei o Projeto de Lei nº 178/2015 que prevê a criação do subtítulo "Roubos e furtos de bicicleta" nos registros de ocorrência da Polícia Civil. O crime passaria a constar também nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública. A nomenclatura é essencial para que a Polícia Civil tenha condições de mapear este tipo de crime, que hoje em dia é classificado como furto ou roubo a transeunte. Para combater o delito é importante investigar as áreas com maior índice de crime, identificar possíveis receptadores e se há quadrilhas especializadas envolvidas. Com base nos dados estatísticos, a Polícia Militar poderia planejar o policiamento preventivo com mais eficácia. Se a proposta for aprovada, acredito que as vítimas também se sentirão mais estimuladas a registrar a ocorrência. Esse projeto de lei foi uma demanda da sociedade, de ciclistas preocupados com o aumento expressivo deste tipo de crime. O uso da bicicleta é cada vez mais incentivado no Rio de Janeiro e a Segurança Pública precisa acompanhar. O PL tramita na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro”, explicou a deputada em texto compartilhado em sua página pessoal em uma rede social.
O ciclista Jair Martins contou à reportagem do JB que já viu inúmeras vezes assaltos a atletas na altura da Mangueira, Zona Norte. Segundo Martins, os criminosos utilizam as bicicletas profissionais para cometerem outros crimes, pois possibilitam aos bandidos uma fuga mais rápida.
“Sempre passo na região da Mangueira e vejo assaltantes comentando seus crimes. Eles usam essas bicicletas chamadas 'Speed' para cometerem outros crimes. Eu mesmo nunca fui assaltado, pois quando passo pelo local costumo acelerar o máximo que posso”, contou.
O presidente da federação destacou que a entidade já "cansou" de cobrar da prefeitura algum tipo de solução, inclusive dando dicas de possíveis medidas que poderiam ser tomadas.
“Já encaminhamos inúmeras vezes solicitações para a prefeitura com relação a esta questão, apontando as soluções possíveis, e nada acontece. Criamos um conselho de segurança, mas não conseguimos solução. No sábado, vamos fazer uma nova mobilização com passeata da Lagoa até o Palácio Guanabara, pedindo maior segurança, aproveitando o que aconteceu com o ciclista na Lagoa. Domingo, vamos para Niterói. Então, o problema não está na falta de cobrança dos ciclistas, mas na falta de vergonha na cara dos governantes. Este prefeito Eduardo Paes só sabe prometer, ele é um fanfarrão, pode colocar na sua matéria que estou dizendo isso”, criticou Santos.
O ciclista Daniel Queiróz reclama das condições para o treinamento, lamenta o fato de ter que treinar na rua, e lembra que essa situação está acontecendo em ano de Olimpíada na cidade, o que faz com que as esperanças de que haja uma melhora nas condições se tornem quase nulas.
“Para nós, ciclistas profissionais, essas notícias de assaltos seguidas de mortes são apavorantes. O mais triste é que o poder público não faz nada para nos ajudar. Existe uma Comissão de Segurança no Ciclismo da Cidade do Rio de Janeiro (CSCRJ), mas ações concretas para coibir a violência contra os ciclistas não são feitas. O assustador é que se o governo não nos dá condições de treinamento em ano olímpico, nossa expectativa para que essa situação melhore futuramente é praticamente nula”, comentou o atleta.
Em relação às condições de treinamento, o presidente lamenta a falta de segurança que os profissionais são obrigados a enfrentar. Os treinamentos são feitos em alta velocidade, e isso requer um local completamente vazio, para que a vida deles, e de terceiros, não seja colocadas em risco.
“Ao todo, são quase dois mil atletas filiados à federação. No entanto, só existem duas áreas de proteção ao ciclista (APC) no estado. Estas áreas, uma delas no Aterro, precisam ter acesso zero de veículos motorizados e pedestres, pois os treinos são feitos em alta velocidade. O risco é muito grande, e a federação está tentando de tudo para conseguir dar maior segurança à classe”, explicou Claudio.
Um dos locais usados pelos ciclistas para os treinamentos é a Vista Chinesa, no Parque da Tijuca. Local que, assim como Lagoa e Aterro do Flamengo, frequentemente está nos noticiários devido a assaltos. Recentemente, no início do mês, um grupo de cinco ciclistas foi assaltado e feito de refém no local.
Rafael Vargas costuma treinar na Vista Chinesa. Ele conta que todos os dias se benze antes de sair de casa pois para ele, a única maneira de voltar vivo é apelando para forças superiores. "Se dependesse da segurança pública, não seria possível estar treinando até hoje."
“Soube de um grupo de cinco ciclistas que foi feito refém ao treinar na Vista Chinesa no último dia 3 de maio. O local constantemente é palco desse tipo de violência, assaltos, sequestros, e até mesmo estupros. Fui assaltado uma vez enquanto treinava lá, levaram minha bicicleta e todos os meus equipamentos. Na ocasião, tive um prejuízo estimado em R$ 35 mil”, comentou Rafael.
O presidente da federação, Claudio Santos, lamentou a demolição do velódromo de Jacarepaguá, na Zona Oeste. Segundo ele, a destruição do local reduziu o sonho da conquista de pelo menos 30 medalhas.
“A demolição do velódromo acabou com a modalidade de pista, são cerca de 30 medalhas que deixaram de ser conquistadas em competições desde a demolição. Este velódromo era considerado um dos melhores da América Latina, mas foi destruído. Uma contradição, foi a destruição de sonhos de atletas para virar especulação imobiliária. O prefeito acabou com o sonho olímpico de 2016, porque vai ser difícil agora ganhar alguma coisa. Quem treinava ali fazia parte da maior equipe de ciclismo do Rio e uma das melhores do mundo. Foram embora também os projetos que estão agregados. Depois foi a demolição da pista do autódromo, que também estava sendo usada para treinos. O Eduardo Paes vai nos tirando os pedacinhos aos poucos, os sonhos aos poucos. Ele devia ser conhecido como o ‘prefeito demolidor do século’”, explicou Claudio.
Sobre as expectativas de conquista de medalha olímpica para o Brasil, o presidente da federação foi bem cético, e disse acreditar que a chance chega a ser quase zero.
“Com essa situação, o Brasil tem quase zero de chance de ganhar uma medalha, é mais provável passar vergonha nas Olimpíadas. Os nossos melhores ciclistas têm de buscar alternativas, como é o caso do Renato Resende, que passou a treinar fora do país. Outro atleta, Henrique Avancini, que está entre os 10 melhores ciclistas do mundo, se viu obrigado a construir um espaço próprio para treinar, em Itaipava, região Serrana do Rio.
Por projeto de estágio do JB
Fonte: JB
Em conversa com o Jornal do Brasil, o presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecierj), Claudio Santos, denunciou uma quadrilha especializada em roubo de bicicletas de corrida. Segundo ele, esses bandidos fazem os roubos para posteriormente vender no mercado negro por preços mais em conta.
“Hoje, há um mercado negro na internet ligado a esta modalidade, e isso motiva a prática do crime. São vendidas peças caras por preços bem baixos, uma facilidade na venda destes produtos por criminosos. Isso acontece pela certeza da impunidade. Eles estão agindo livremente, vendendo bicicletas roubadas. Sabe o que isso significa? Colocar uma arma na mão do criminoso para ele ferir o cidadão”, denunciou o presidente.
A deputada estadual Martha Rocha (PSD) propôs, em reunião na Alerj com o presidente da Comissão de Segurança da Federação de Ciclismo, Raphael Pazos, a aprovação do Projeto de Lei 178/2015, que prevê a criação de um subtítulo "Roubos e furtos de bicicleta" nos registros de ocorrência da Polícia Civil.
“Em março, apresentei o Projeto de Lei nº 178/2015 que prevê a criação do subtítulo "Roubos e furtos de bicicleta" nos registros de ocorrência da Polícia Civil. O crime passaria a constar também nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública. A nomenclatura é essencial para que a Polícia Civil tenha condições de mapear este tipo de crime, que hoje em dia é classificado como furto ou roubo a transeunte. Para combater o delito é importante investigar as áreas com maior índice de crime, identificar possíveis receptadores e se há quadrilhas especializadas envolvidas. Com base nos dados estatísticos, a Polícia Militar poderia planejar o policiamento preventivo com mais eficácia. Se a proposta for aprovada, acredito que as vítimas também se sentirão mais estimuladas a registrar a ocorrência. Esse projeto de lei foi uma demanda da sociedade, de ciclistas preocupados com o aumento expressivo deste tipo de crime. O uso da bicicleta é cada vez mais incentivado no Rio de Janeiro e a Segurança Pública precisa acompanhar. O PL tramita na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro”, explicou a deputada em texto compartilhado em sua página pessoal em uma rede social.
O ciclista Jair Martins contou à reportagem do JB que já viu inúmeras vezes assaltos a atletas na altura da Mangueira, Zona Norte. Segundo Martins, os criminosos utilizam as bicicletas profissionais para cometerem outros crimes, pois possibilitam aos bandidos uma fuga mais rápida.
“Sempre passo na região da Mangueira e vejo assaltantes comentando seus crimes. Eles usam essas bicicletas chamadas 'Speed' para cometerem outros crimes. Eu mesmo nunca fui assaltado, pois quando passo pelo local costumo acelerar o máximo que posso”, contou.
O presidente da federação destacou que a entidade já "cansou" de cobrar da prefeitura algum tipo de solução, inclusive dando dicas de possíveis medidas que poderiam ser tomadas.
“Já encaminhamos inúmeras vezes solicitações para a prefeitura com relação a esta questão, apontando as soluções possíveis, e nada acontece. Criamos um conselho de segurança, mas não conseguimos solução. No sábado, vamos fazer uma nova mobilização com passeata da Lagoa até o Palácio Guanabara, pedindo maior segurança, aproveitando o que aconteceu com o ciclista na Lagoa. Domingo, vamos para Niterói. Então, o problema não está na falta de cobrança dos ciclistas, mas na falta de vergonha na cara dos governantes. Este prefeito Eduardo Paes só sabe prometer, ele é um fanfarrão, pode colocar na sua matéria que estou dizendo isso”, criticou Santos.
O ciclista Daniel Queiróz reclama das condições para o treinamento, lamenta o fato de ter que treinar na rua, e lembra que essa situação está acontecendo em ano de Olimpíada na cidade, o que faz com que as esperanças de que haja uma melhora nas condições se tornem quase nulas.
“Para nós, ciclistas profissionais, essas notícias de assaltos seguidas de mortes são apavorantes. O mais triste é que o poder público não faz nada para nos ajudar. Existe uma Comissão de Segurança no Ciclismo da Cidade do Rio de Janeiro (CSCRJ), mas ações concretas para coibir a violência contra os ciclistas não são feitas. O assustador é que se o governo não nos dá condições de treinamento em ano olímpico, nossa expectativa para que essa situação melhore futuramente é praticamente nula”, comentou o atleta.
Em relação às condições de treinamento, o presidente lamenta a falta de segurança que os profissionais são obrigados a enfrentar. Os treinamentos são feitos em alta velocidade, e isso requer um local completamente vazio, para que a vida deles, e de terceiros, não seja colocadas em risco.
“Ao todo, são quase dois mil atletas filiados à federação. No entanto, só existem duas áreas de proteção ao ciclista (APC) no estado. Estas áreas, uma delas no Aterro, precisam ter acesso zero de veículos motorizados e pedestres, pois os treinos são feitos em alta velocidade. O risco é muito grande, e a federação está tentando de tudo para conseguir dar maior segurança à classe”, explicou Claudio.
Um dos locais usados pelos ciclistas para os treinamentos é a Vista Chinesa, no Parque da Tijuca. Local que, assim como Lagoa e Aterro do Flamengo, frequentemente está nos noticiários devido a assaltos. Recentemente, no início do mês, um grupo de cinco ciclistas foi assaltado e feito de refém no local.
Rafael Vargas costuma treinar na Vista Chinesa. Ele conta que todos os dias se benze antes de sair de casa pois para ele, a única maneira de voltar vivo é apelando para forças superiores. "Se dependesse da segurança pública, não seria possível estar treinando até hoje."
“Soube de um grupo de cinco ciclistas que foi feito refém ao treinar na Vista Chinesa no último dia 3 de maio. O local constantemente é palco desse tipo de violência, assaltos, sequestros, e até mesmo estupros. Fui assaltado uma vez enquanto treinava lá, levaram minha bicicleta e todos os meus equipamentos. Na ocasião, tive um prejuízo estimado em R$ 35 mil”, comentou Rafael.
O presidente da federação, Claudio Santos, lamentou a demolição do velódromo de Jacarepaguá, na Zona Oeste. Segundo ele, a destruição do local reduziu o sonho da conquista de pelo menos 30 medalhas.
“A demolição do velódromo acabou com a modalidade de pista, são cerca de 30 medalhas que deixaram de ser conquistadas em competições desde a demolição. Este velódromo era considerado um dos melhores da América Latina, mas foi destruído. Uma contradição, foi a destruição de sonhos de atletas para virar especulação imobiliária. O prefeito acabou com o sonho olímpico de 2016, porque vai ser difícil agora ganhar alguma coisa. Quem treinava ali fazia parte da maior equipe de ciclismo do Rio e uma das melhores do mundo. Foram embora também os projetos que estão agregados. Depois foi a demolição da pista do autódromo, que também estava sendo usada para treinos. O Eduardo Paes vai nos tirando os pedacinhos aos poucos, os sonhos aos poucos. Ele devia ser conhecido como o ‘prefeito demolidor do século’”, explicou Claudio.
Sobre as expectativas de conquista de medalha olímpica para o Brasil, o presidente da federação foi bem cético, e disse acreditar que a chance chega a ser quase zero.
“Com essa situação, o Brasil tem quase zero de chance de ganhar uma medalha, é mais provável passar vergonha nas Olimpíadas. Os nossos melhores ciclistas têm de buscar alternativas, como é o caso do Renato Resende, que passou a treinar fora do país. Outro atleta, Henrique Avancini, que está entre os 10 melhores ciclistas do mundo, se viu obrigado a construir um espaço próprio para treinar, em Itaipava, região Serrana do Rio.
Por projeto de estágio do JB
Fonte: JB