Nove dirigentes da FIFA acusados de corrupção, incluindo dois vice-presidentes

Sete altos responsáveis da FIFA foram detidos na madrugada desta quarta-feira em Zurique, na Suíça. São acusados de burla e corrupção pelo Departamento de Estado norte-americano, numa investigação que visa a entidade máxima do futebol mundial e dirigentes de empresas de promoção de eventos desportivos. Entre os sete detidos estão dois vice-presidentes da FIFA: Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão, e o uruguaio Eugenio Figueredo.

As acusações da justiça norte-americana visam 14 pessoas. Nove delas são altos responsáveis da FIFA e as cinco restantes são executivos de empresas "marketing desportivo”, de acordo com a Reuters. Joseph Blatter, que concorre nesta sexta-feira a um quinto mandato como presidente da FIFA, não é alvo de acusações.

Quatro dos 14 visados pelo processo nos Estados Unidos já se declararam culpados. Estes indivíduos terão contribuído para as investigações das autoridades norte-americanas através de acordos de delação. O nome mais destacado é o de Chuck Blazer, ex-membro do Comité Executivo da FIFA, que já no passado denunciara irregularidades no interior do órgão e contribuiu para investigações que visaram, entre outros, Joseph Blatter.

Para além de Webb e Figueredo, o Departamento de Justiça norte-americano acusou outros sete responsáveis da FIFA: Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Rafael Esquivel, José Maria Marin, Nicolás Leoz e Jack Warner, este último ex-vice-presidente da FIFA.

A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, disse que investigação norte-americana desvendou uma prática de "corrupção que é galopante, sistémica e enraizada". "Alcança pelo menos duas gerações de responsáveis futebolísticos, que, como é alegado, abusaram das suas posições de confiança para adquirirem milhões de dólares em subornos", disse ainda Loretta Lynch.

Há dois processos em curso. Um deles, encabeçado pelos Estados Unidos, investiga alegados esquemas de pagamento a responsáveis do órgão máximo do futebol e empresas de promoção de eventos. Foi na sequência deste que se deram as detenções desta quarta-feira.

Mas há também um segundo processo criminal que investiga alegadas redes de lavagem de dinheiro e ingerência nas organizações dos campeonatos do mundo de futebol de 2018 e 2022, na Rússia e Qatar, respectivamente.

Este processo ainda não produziu acusações ou suspeitos, mas terá estado na base das buscas e apreensão de documentos na sede da FIFA que aconteceram nesta quarta-feira, também em Zurique. Em resposta a estes acontecimentos, a FIFA assegurou que os dois Mundiais decorrerão conforme o planeado e que o mesmo acontecerá com as eleições para a presidência do órgão.

Os responsáveis do organismo que gere o futebol mundial estavam na Suíça para o Congresso da FIFA, agendado para quinta-feira. As detenções decorreram pacificamente no elegante hotel de cinco estrelas Baur au Lac, em Zurique, por agentes à paisana.

Joseph Blatter, que desde 1998 ocupa a presidência da FIFA, organismo que há décadas vive sob suspeitas de corrupção, não está ainda totalmente ilibado. Apesar de não ter sido acusado em qualquer um dos dois processos, as investigações ainda não terminaram.

As operações policiais não parecem ter afectado Blatter. A FIFA diz que este reagiu aos acontecimentos desta quarta-feira com calma e que mantém a candidatura àquele que deverá ser o seu quinto mandato como presidente do órgão máximo do futebol.

As suspeitas de corrupção apontam para que representantes de empresas de desporto tenham estado envolvidos em esquemas de pagamento a responsáveis do futebol (delegados e outros funcionários da FIFA). Os montantes ascenderiam a mais de 150 milhões de dólares.

“Em troca, suspeitamos de que terão recebido direitos de media, marketing e patrocínios em ligação a campeonatos da América Latina”, indica o Ministério Público da Suíça num comunicado citado pela Reuters. “De acordo com o pedido americano [de extradição], estes crimes foram combinados e preparados nos EUA, e os pagamentos feitos através de bancos americanos.”

“Ficámos impressionados pela forma como isto decorreu durante tanto tempo e como toca quase tudo o que a FIFA fez”, disse um responsável pela investigação ao New York Times. “Parece permear todos os elementos da federação e ser simplesmente a sua maneira de fazer negócios. Parece que a corrupção era institucionalizada.”

Os detidos vão agora ser questionados pela polícia de Zurique e enfrentam pedidos de deportação para os Estados Unidos. As autoridades suíças podem decretar imediatamente a extradição dos suspeitos através de um processo simplificado, se estes concordarem com a extradição. Caso se oponham, os EUA terão de a pedir formalmente dentro de 40 dias.

“Ficámos impressionados pela forma como isto decorreu durante tanto tempo e como toca quase tudo o que a FIFA fez”, disse um responsável pela investigação ao New York Times. “Parece permear todos os elementos da federação e ser simplesmente a sua maneira de fazer negócios. Parece que a corrupção era institucionalizada.”

Os detidos vão agora ser questionados pela polícia de Zurique e enfrentam pedidos de deportação para os Estados Unidos. As autoridades suíças podem decretar imediatamente a extradição dos suspeitos através de um processo simplificado, se estes concordarem com a extradição. Caso se oponham, os EUA terão de a pedir formalmente dentro de 40 dias.

A FIFA reune-se nas vésperas da eleição do presidente da FIFA, marcada para na sexta-feira, e que deverá resultar numa reeleição confortável de Blatter contra o príncipe da Jordânia Ali bin Al Hussein. O ex-jogador português Luís Figo chegou a anunciar a sua candidatura, mas retirou-a na semana passada.

Figo justificou a decisão com episódios “que devem envergonhar quem deseja um futebol livre, limpo e democrático”. Descreveu a eleição como “um plebiscito de entrega do poder absoluto a um só homem”, numa referência a Blatter, que concorre a um quinto mandato consecutivo.

Fonte: Publico PT
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