http://goo.gl/qA5sHs | Foi com 32 anos, já casada e mãe de dois adolescentes que Luciene Cristina Carminato Quintiliano resolveu voltar aos bancos escolares para realizar um antigo sonho: o de ser advogada. A trajetória para alcançar este objetivo foi árdua, mas, com o apoio da família e uma boa dose de perseverança, hoje ela ostenta, orgulhosa, seu diploma e a aprovação no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
E mais: já trabalha na área. “Foi tudo com muito sacrifício, mas era um desejo que eu tinha desde a infância. Valeu a pena enfrentar todos os obstáculos. Se precisasse, suportaria todas as dificuldades de novo”, comemora.
Filha de um chefe de impressão e uma dona de casa, Luciene perdeu o pai aos 18 anos, época em que terminava o Ensino Médio. A família morava próximo a uma faculdade de direito e, desde sempre, o prédio imponente da instituição fascinava a jovem.
“Eu não tinha ninguém na família formado em direito, mas sabia que era aquilo que eu queria ser”, conta. Contudo, devido às restrições financeiras, os planos tiveram de ser adiados.
Luciene se casou e teve dois filhos. Quando o orçamento da família parecia estar equilibrado, decidiu que era hora de se lançar ao desafio. Ingressou em uma faculdade da cidade e precisou se desdobrar para dar conta dos estudos e das mensalidades.
“O apoio do meu marido, meu maior incentivador, e dos meus filhos foi muito importante. Eles se dividiam nos afazeres domésticos e tiveram paciência com os cortes de gastos. Sem eles, nada teria dado certo”, destaca. Luciene frequentava as aulas no período da manhã, fazia estágio remunerado em um escritório de advocacia à tarde e, de noite, vendia lanches em uma barraquinha montada em frente à mercearia da família.
“Aos domingos, ainda fazia bicos como atendente em uma cafeteria. Também trabalhei no café de um hospital, uma época muito difícil, porque fazia turnos de 12 por 36 horas. Saía do trabalho às 7h e, às 7h30, já tinha de estar na faculdade. E não me passava pela cabeça dormir nas aulas”, relembra.
“Havia uma catraca para controle, mas eu pulava o alambrado, cada dia em um lado diferente, para despistar os seguranças, até o dia em que um deles me pegou. Foi a maior humilhação da minha vida, me senti uma criminosa”.
Para evitar tanto constrangimento, Luciene conta que as amigas de curso, por vezes, também a ajudavam quando o dinheiro faltava. “Elas sabiam do meu sonho. Então, faziam uma pequena ‘muvuca’ próximo à catraca para atrapalhar a visão do porteiro e eu passava junto com uma colega que era bem magrinha”, revela.
Já com toda a dívida junto à faculdade quitada, a estudante formou-se no final do ano passado e, no início de 2015, foi aprovada no Exame da Ordem. Atuando como advogada em um escritório da cidade, ela viu sua história de motivação inspirar a própria filha, Bárbara, de 18 anos. No começo do ano, ela matriculou-se em um curso de direito para seguir os passos da mãe.
O tempo passou, cresci, casei, tive um casal de filhos, quando me vi em condições de pagar meus estudos. Prestei o vestibular e fui fazer o tão sonhado curso.
No primeiro dia de aula, fui umas das primeiras a chegar. Acho que perguntei umas dez vezes se ali era mesmo uma classe de direito. A felicidade era tanta que nem dava para acreditar!
O tempo foi passando, veio o segundo ano e, quando chegou o terceiro, começaram as dificuldades e os problemas financeiros. Por uma semana, pulei a cerca da faculdade. A catraca travava para quem não fazia a matrícula em dia e ficava sem poder assistir às aulas. Até que um dia o segurança me flagrou pulando a cerca da faculdade. Passei a maior vergonha, parecia que ele era a polícia e eu o ladrão. Naquele dia, fiquei sabendo como um ladrão se sente. Foi muita humilhação. Mesmo assim, não desisti!
Chegou o quarto ano. A cada dia, mais e mais, eu me deliciava com as aulas do curso, aprendia tudo o que sempre quis saber sobre direito. Meu marido (meu maior incentivador) acabou até se saindo ‘uma noção em direito’, de tanto eu chegar da faculdade e lhe contar o que eu havia aprendido nas aulas.
Não foi fácil. Eram 20 quilômetros de rodovia entre ida e volta para me deslocar até a faculdade. Tive a colaboração da minha família nos afazeres da casa, já que estudava de manhã, fazia estágio no escritório à tarde, fazia lanche à noite no bar do meu marido e, aos domingos, fazia bicos de atendente, tudo para conseguir pagar a faculdade.
Quando chegou o quinto ano, a coisa estava ficando séria. Eu já dava até umas ‘consultinhas’. Foi quando uma nova crise financeira me abateu. Vai lá eu pular a cerca de novo! Tinha dia que as colegas faziam uma ‘muvuca’ de meninas para disfarçar o porteiro e assim eu poder passar na catraca junto com a colega mais magra da turma. Elas se divertiam muito!
Muitas vezes, saí da sala do reitor da faculdade chorando por não conseguir autorização para poder entrar, mas alguma coisa me dizia que era para eu não chorar mais, que eu já era uma vitoriosa por ter chegado até ali.
Chegou o grande dia: colei grau e o baile de formatura foi a concretização do meu sonho. Tinha a certeza de que não havia pessoa mais feliz que eu naquele baile!
Depois veio o tão temido Exame de Ordem. Passei na primeira fase. Nem sei como consegui suportar tamanha pressão. Foi muito esforço e dedicação. Quando saiu o resultado da segunda fase, não tenho palavras para descrever a minha emoção em ver meu nome na lista dos aprovados. Nunca pensei que fosse conseguir realizar o sonho de ser uma advogada.
Para fechar com chave de ouro, após concluir minha faculdade, minha filha se matriculou no curso de direito, resolveu trilhar os mesmos caminhos que eu.
Hoje, trabalho com pessoas maravilhosas, no mesmo escritório que eu fazia estágio, só que, agora, como advogada. Sou muito feliz, pois faço o que gosto e sempre sonhei.
Valeu a pena enfrentar todos os obstáculos e dificuldades que sofri sem desistir! E se precisasse, faria tudo novamente!”
Fonte: jcnet.com.br
E mais: já trabalha na área. “Foi tudo com muito sacrifício, mas era um desejo que eu tinha desde a infância. Valeu a pena enfrentar todos os obstáculos. Se precisasse, suportaria todas as dificuldades de novo”, comemora.
Filha de um chefe de impressão e uma dona de casa, Luciene perdeu o pai aos 18 anos, época em que terminava o Ensino Médio. A família morava próximo a uma faculdade de direito e, desde sempre, o prédio imponente da instituição fascinava a jovem.
“Eu não tinha ninguém na família formado em direito, mas sabia que era aquilo que eu queria ser”, conta. Contudo, devido às restrições financeiras, os planos tiveram de ser adiados.
Luciene se casou e teve dois filhos. Quando o orçamento da família parecia estar equilibrado, decidiu que era hora de se lançar ao desafio. Ingressou em uma faculdade da cidade e precisou se desdobrar para dar conta dos estudos e das mensalidades.
“O apoio do meu marido, meu maior incentivador, e dos meus filhos foi muito importante. Eles se dividiam nos afazeres domésticos e tiveram paciência com os cortes de gastos. Sem eles, nada teria dado certo”, destaca. Luciene frequentava as aulas no período da manhã, fazia estágio remunerado em um escritório de advocacia à tarde e, de noite, vendia lanches em uma barraquinha montada em frente à mercearia da família.
“Aos domingos, ainda fazia bicos como atendente em uma cafeteria. Também trabalhei no café de um hospital, uma época muito difícil, porque fazia turnos de 12 por 36 horas. Saía do trabalho às 7h e, às 7h30, já tinha de estar na faculdade. E não me passava pela cabeça dormir nas aulas”, relembra.
Humilhação
Todo o dinheiro arrecadado era destinado ao pagamento das mensalidades. “Fiquei cinco anos sem comprar uma peça de roupa para mim”, revela. Mas, mesmo assim, havia meses em que a conta não fechava. As parcelas atrasavam e Luciene ficava impedida de entrar na instituição de ensino.“Havia uma catraca para controle, mas eu pulava o alambrado, cada dia em um lado diferente, para despistar os seguranças, até o dia em que um deles me pegou. Foi a maior humilhação da minha vida, me senti uma criminosa”.
Para evitar tanto constrangimento, Luciene conta que as amigas de curso, por vezes, também a ajudavam quando o dinheiro faltava. “Elas sabiam do meu sonho. Então, faziam uma pequena ‘muvuca’ próximo à catraca para atrapalhar a visão do porteiro e eu passava junto com uma colega que era bem magrinha”, revela.
Já com toda a dívida junto à faculdade quitada, a estudante formou-se no final do ano passado e, no início de 2015, foi aprovada no Exame da Ordem. Atuando como advogada em um escritório da cidade, ela viu sua história de motivação inspirar a própria filha, Bárbara, de 18 anos. No começo do ano, ela matriculou-se em um curso de direito para seguir os passos da mãe.
Meu relato
Minha família é de origem humilde, meu pai não tinha dinheiro para pagar meus estudos. Sempre sonhei em cursar direito, porém, achava que ‘já havia passado minha vez’. Mas tinha a certeza dentro de mim que, se tivesse a oportunidade de estudar um dia, não teria dúvidas em escolher o direito.O tempo passou, cresci, casei, tive um casal de filhos, quando me vi em condições de pagar meus estudos. Prestei o vestibular e fui fazer o tão sonhado curso.
No primeiro dia de aula, fui umas das primeiras a chegar. Acho que perguntei umas dez vezes se ali era mesmo uma classe de direito. A felicidade era tanta que nem dava para acreditar!
O tempo foi passando, veio o segundo ano e, quando chegou o terceiro, começaram as dificuldades e os problemas financeiros. Por uma semana, pulei a cerca da faculdade. A catraca travava para quem não fazia a matrícula em dia e ficava sem poder assistir às aulas. Até que um dia o segurança me flagrou pulando a cerca da faculdade. Passei a maior vergonha, parecia que ele era a polícia e eu o ladrão. Naquele dia, fiquei sabendo como um ladrão se sente. Foi muita humilhação. Mesmo assim, não desisti!
Chegou o quarto ano. A cada dia, mais e mais, eu me deliciava com as aulas do curso, aprendia tudo o que sempre quis saber sobre direito. Meu marido (meu maior incentivador) acabou até se saindo ‘uma noção em direito’, de tanto eu chegar da faculdade e lhe contar o que eu havia aprendido nas aulas.
Não foi fácil. Eram 20 quilômetros de rodovia entre ida e volta para me deslocar até a faculdade. Tive a colaboração da minha família nos afazeres da casa, já que estudava de manhã, fazia estágio no escritório à tarde, fazia lanche à noite no bar do meu marido e, aos domingos, fazia bicos de atendente, tudo para conseguir pagar a faculdade.
Quando chegou o quinto ano, a coisa estava ficando séria. Eu já dava até umas ‘consultinhas’. Foi quando uma nova crise financeira me abateu. Vai lá eu pular a cerca de novo! Tinha dia que as colegas faziam uma ‘muvuca’ de meninas para disfarçar o porteiro e assim eu poder passar na catraca junto com a colega mais magra da turma. Elas se divertiam muito!
Muitas vezes, saí da sala do reitor da faculdade chorando por não conseguir autorização para poder entrar, mas alguma coisa me dizia que era para eu não chorar mais, que eu já era uma vitoriosa por ter chegado até ali.
Chegou o grande dia: colei grau e o baile de formatura foi a concretização do meu sonho. Tinha a certeza de que não havia pessoa mais feliz que eu naquele baile!
Depois veio o tão temido Exame de Ordem. Passei na primeira fase. Nem sei como consegui suportar tamanha pressão. Foi muito esforço e dedicação. Quando saiu o resultado da segunda fase, não tenho palavras para descrever a minha emoção em ver meu nome na lista dos aprovados. Nunca pensei que fosse conseguir realizar o sonho de ser uma advogada.
Para fechar com chave de ouro, após concluir minha faculdade, minha filha se matriculou no curso de direito, resolveu trilhar os mesmos caminhos que eu.
Hoje, trabalho com pessoas maravilhosas, no mesmo escritório que eu fazia estágio, só que, agora, como advogada. Sou muito feliz, pois faço o que gosto e sempre sonhei.
Valeu a pena enfrentar todos os obstáculos e dificuldades que sofri sem desistir! E se precisasse, faria tudo novamente!”
Fonte: jcnet.com.br