http://goo.gl/Sc19Ix | Ele se formou em administração em uma faculdade particular. Bem articulado, tem experiência na área, trabalhou como auxiliar de vendas de grandes empresas e, hoje, está aceitando qualquer negócio. “Há um mês, consegui ser servente de pedreiro. Mas, agora, nem esse bico estou conseguindo mais”, comenta Ronivon Prates, de 37 anos. Desde fevereiro do ano passado, ele está na busca por uma ocupação e, mesmo aceitando ganhar menos do que já ganhou anteriormente, o mercado não ajuda. “Nunca foi tão difícil conseguir um emprego”, garante. Ronivon não está sozinho. Há um batalhão na mesma luta. São exatamente 1,6 milhão de brasileiros desempregados no país, onde a taxa de desemprego chegou a 6,7% em maio, a maior para o mês desde 2010.
O cenário preocupante foi divulgado ontem pelo Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, além do aumento no desemprego, a média salarial do trabalhador brasileiro está caindo e recuou 5% em relação a maio de 2014, chegando a R$ 2. 117,10, sendo que, há um ano, era de R$ 2.229, 28.
Para os mineiros, a notícia é ainda pior. O rendimento médio real do trabalhador atingiu, em maio de 2015, R$ 1.959 na Grande BH, uma redução de 5,6% em relação ao mesmo mês de 2014 e redução de 2,9% em relação a abril de 2015.
Além disso, enquanto o aumento do desemprego no país assumiu ritmo mais acelerado desde dezembro do ano passado, na Região Metopolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde a taxa de desocupação ficou em 5,7% em maio deste ano, desde fevereiro de 2013 o desemprego vem aumentando rapidamente. Em maio de 2014, os desocupados eram 3,8% na capital. “O mercado de trabalho não está bom por aqui. Estamos na 28ª queda na taxa de ocupação, chegando a 150 mil pessoas desempregadas na região”, diz Antônio Braz, analista do IBGE em Minas. Em maio de 2014, eram 101 mil. Em relação a abril último, o desemprego atingiu mais 6 mil pessoas.
Antônio destaca que, tanto no Brasil quanto em BH, o mercado de trabalho vive, atualmente, um processo inverso se comparado com o início da década. “Em 2002, as taxas de pessoas sem emprego eram elevadas no país. Porém, com a melhora na economia, isso foi mudando continuamente e os percentuais permaneciam baixos. Agora, começa o resultado inverso”, diz, culpando a retração econômica pelo cenário. “É a crise, sim. Tenho muitos amigos que estão na mesma situação”, conta Ronivon Prates, que se mostra preocupado por estar há mais de um ano sem emprego. “Pelo que tenho acompanhado, minhas pespectivas não são boas. A tendência é só piorar”, diz.
Em maio de 2013 e 2014, por exemplo, as taxas de desocupação no país eram de 5,8% e 4,9%, respectivamente (veja quadro). Este ano, o salto foi grande. De acordo com Antônio Braz, tem havido uma pressão do mercado. Isso porque a população economicamente ativa (PEA) da Região Metropolitana de BH, por exemplo, atingiu, em maio, 2,6 mil pessoas, um crescimento de 1,1% frente ao mesmo mês do ano passado. Ou seja, aumentou a quantidade de pessoas aptas para o trabalho. “Por outro lado, apesar de um número maior de mão de obra, há um aumento nas demissões.”
A realidade assustou Elisângela Araújo, de 38 anos. Há 11 anos, ela trabalhava no setor privado e, há um mês, foi demitida. “Era promotora de vendas há mais de 10 anos. Não imaginei que seria demitida, mas fui. Não sei como será daqui pra frente”, lamenta. Elisângela entrou para as estatísticas recentes de demissões no setor privado. De acordo com dados do IBGE, o número de trabalhadores com carteira assinada no setor recuou 1,8% no país frente ao mesmo período do ano passado, deixando 213 mil pessoas sem emprego nesse intervalo.
Segundo o órgão, esses números são puxados, principalmente, pela indústria. Desses 213 mil a menos, metade, 116 mil, são pessoas que ficaram sem carteira assinada no setor. Por outro lado, segundo o IBGE, o número de pessoas trabalhando informalmente cresceu – a média de janeiro a maio é 2,5% maior que no mesmo período do ano passado.
TEMPO Ainda de acordo com Antônio Braz, a queda na renda média do trabalhador, de 5% no país referente ao ano de 2014, é agravada pela inflação, que vem corroendo a renda do brasileiro. “A média salarial vem diminuindo e isso quer dizer que a inflação vem consumindo a renda real”, comenta o analista. Mas, para quem está sem ocupação no momento, o desespero está no tempo. Para se ter uma ideia, em maio do ano passado, 52% dos desempregados procuravam emprego há entre um e seis meses. Hoje, esse percentual já chegou a 54%. “O tempo está aumentando. Antes, o percentual que estava entre sete a 11 meses à procura de colocação, era de 5,3 %. Agora, é de 8,4%; Procurando vaga há um a dois anos, eram de 3,8% em 2014. Agora já são 6,8%”, comenta Antônio.
Para Cláudia Márcia Pereira, de 30, que tem o segundo grau completo, a procura completou, neste mês, exatamente 12 meses. “Nunca vi algo assim. Antes, você ficava desempregada um mês e logo conseguia algo. Fui mandada embora há um ano e, até agora, nada”, diz. Cláudia procura emprego no comércio da cidade e diz que não vê perspectivas de ser contratada, pelo menos por enquanto. “Meu marido também está desempregado e desesperado. A gente até consegue agendar uma entrevista aqui ou ali, mas são tantos candidatos em busca de uma vaga, que fica impossível”, reclama.
JOVENS De acordo com o IBGE, a taxa de desocupação é mais acentuada no grupo de 18 a 49 anos de idade, apesar de a taxa ter crescido em todos os grupos de idade pesquisados. Nesse grupo de idade, a taxa de desocupação passou de 12,3% em maio de 2014 para 16,4% em 2015. “Nem mesmo para o primeiro emprego está fácil”, afirma a Yrla Chrystt, de 16 anos. “Estou em busca de um bico para fazer e conseguir algum dinheiro, mas não consigo. Tento em shoppings, em lojas de rua e nada. Antes, conseguia trabalhos em bufê para o fim de semana, mas já tem alguns meses que nada aparece”, afirma, descrente com a possibilidade de fazer uma faculdade e mudar de vida. “Se está difícil agora, imagina daqui a alguns anos.”
Regionalmente, a análise mensal mostrou que a taxa de desocupação não se alterou em nenhuma das regiões em relação a abril. Já na comparação com maio de 2014, houve variações significativas em todas as regiões.
Em Porto Alegre passou de 3% para 5,6%; em Salvador, de 9,2% para 11,3%; em Belo Horizonte, de 3,8% para 5,7%; em São Paulo, de 5,1% para 6,9%; no Rio de Janeiro, de 3,4% para 5% e, no Recife, de 7,2% para 8,5%.
Fonte: Em
O cenário preocupante foi divulgado ontem pelo Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, além do aumento no desemprego, a média salarial do trabalhador brasileiro está caindo e recuou 5% em relação a maio de 2014, chegando a R$ 2. 117,10, sendo que, há um ano, era de R$ 2.229, 28.
Para os mineiros, a notícia é ainda pior. O rendimento médio real do trabalhador atingiu, em maio de 2015, R$ 1.959 na Grande BH, uma redução de 5,6% em relação ao mesmo mês de 2014 e redução de 2,9% em relação a abril de 2015.
Além disso, enquanto o aumento do desemprego no país assumiu ritmo mais acelerado desde dezembro do ano passado, na Região Metopolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde a taxa de desocupação ficou em 5,7% em maio deste ano, desde fevereiro de 2013 o desemprego vem aumentando rapidamente. Em maio de 2014, os desocupados eram 3,8% na capital. “O mercado de trabalho não está bom por aqui. Estamos na 28ª queda na taxa de ocupação, chegando a 150 mil pessoas desempregadas na região”, diz Antônio Braz, analista do IBGE em Minas. Em maio de 2014, eram 101 mil. Em relação a abril último, o desemprego atingiu mais 6 mil pessoas.
Antônio destaca que, tanto no Brasil quanto em BH, o mercado de trabalho vive, atualmente, um processo inverso se comparado com o início da década. “Em 2002, as taxas de pessoas sem emprego eram elevadas no país. Porém, com a melhora na economia, isso foi mudando continuamente e os percentuais permaneciam baixos. Agora, começa o resultado inverso”, diz, culpando a retração econômica pelo cenário. “É a crise, sim. Tenho muitos amigos que estão na mesma situação”, conta Ronivon Prates, que se mostra preocupado por estar há mais de um ano sem emprego. “Pelo que tenho acompanhado, minhas pespectivas não são boas. A tendência é só piorar”, diz.
Em maio de 2013 e 2014, por exemplo, as taxas de desocupação no país eram de 5,8% e 4,9%, respectivamente (veja quadro). Este ano, o salto foi grande. De acordo com Antônio Braz, tem havido uma pressão do mercado. Isso porque a população economicamente ativa (PEA) da Região Metropolitana de BH, por exemplo, atingiu, em maio, 2,6 mil pessoas, um crescimento de 1,1% frente ao mesmo mês do ano passado. Ou seja, aumentou a quantidade de pessoas aptas para o trabalho. “Por outro lado, apesar de um número maior de mão de obra, há um aumento nas demissões.”
A realidade assustou Elisângela Araújo, de 38 anos. Há 11 anos, ela trabalhava no setor privado e, há um mês, foi demitida. “Era promotora de vendas há mais de 10 anos. Não imaginei que seria demitida, mas fui. Não sei como será daqui pra frente”, lamenta. Elisângela entrou para as estatísticas recentes de demissões no setor privado. De acordo com dados do IBGE, o número de trabalhadores com carteira assinada no setor recuou 1,8% no país frente ao mesmo período do ano passado, deixando 213 mil pessoas sem emprego nesse intervalo.
Segundo o órgão, esses números são puxados, principalmente, pela indústria. Desses 213 mil a menos, metade, 116 mil, são pessoas que ficaram sem carteira assinada no setor. Por outro lado, segundo o IBGE, o número de pessoas trabalhando informalmente cresceu – a média de janeiro a maio é 2,5% maior que no mesmo período do ano passado.
TEMPO Ainda de acordo com Antônio Braz, a queda na renda média do trabalhador, de 5% no país referente ao ano de 2014, é agravada pela inflação, que vem corroendo a renda do brasileiro. “A média salarial vem diminuindo e isso quer dizer que a inflação vem consumindo a renda real”, comenta o analista. Mas, para quem está sem ocupação no momento, o desespero está no tempo. Para se ter uma ideia, em maio do ano passado, 52% dos desempregados procuravam emprego há entre um e seis meses. Hoje, esse percentual já chegou a 54%. “O tempo está aumentando. Antes, o percentual que estava entre sete a 11 meses à procura de colocação, era de 5,3 %. Agora, é de 8,4%; Procurando vaga há um a dois anos, eram de 3,8% em 2014. Agora já são 6,8%”, comenta Antônio.
Para Cláudia Márcia Pereira, de 30, que tem o segundo grau completo, a procura completou, neste mês, exatamente 12 meses. “Nunca vi algo assim. Antes, você ficava desempregada um mês e logo conseguia algo. Fui mandada embora há um ano e, até agora, nada”, diz. Cláudia procura emprego no comércio da cidade e diz que não vê perspectivas de ser contratada, pelo menos por enquanto. “Meu marido também está desempregado e desesperado. A gente até consegue agendar uma entrevista aqui ou ali, mas são tantos candidatos em busca de uma vaga, que fica impossível”, reclama.
JOVENS De acordo com o IBGE, a taxa de desocupação é mais acentuada no grupo de 18 a 49 anos de idade, apesar de a taxa ter crescido em todos os grupos de idade pesquisados. Nesse grupo de idade, a taxa de desocupação passou de 12,3% em maio de 2014 para 16,4% em 2015. “Nem mesmo para o primeiro emprego está fácil”, afirma a Yrla Chrystt, de 16 anos. “Estou em busca de um bico para fazer e conseguir algum dinheiro, mas não consigo. Tento em shoppings, em lojas de rua e nada. Antes, conseguia trabalhos em bufê para o fim de semana, mas já tem alguns meses que nada aparece”, afirma, descrente com a possibilidade de fazer uma faculdade e mudar de vida. “Se está difícil agora, imagina daqui a alguns anos.”
Regionalmente, a análise mensal mostrou que a taxa de desocupação não se alterou em nenhuma das regiões em relação a abril. Já na comparação com maio de 2014, houve variações significativas em todas as regiões.
Em Porto Alegre passou de 3% para 5,6%; em Salvador, de 9,2% para 11,3%; em Belo Horizonte, de 3,8% para 5,7%; em São Paulo, de 5,1% para 6,9%; no Rio de Janeiro, de 3,4% para 5% e, no Recife, de 7,2% para 8,5%.
Fonte: Em