Aos 15 anos, estudante aprovada em Universidade luta na Justiça para cursar veterinária

http://goo.gl/9xquGO | Uma estudante de 15 anos, aprovada em veterinária no último vestibular da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), tenta na Justiça o direito de cursar a faculdade. Dhandhara Costa, moradora de São José, na Grande Florianópolis, teve a matrícula negada porque ainda não concluiu o ensino médio – ela cursa o 2º ano.

Mais de 900 candidatos disputaram as 30 vagas para o curso, que é ministrado em Lages, na Serra. Bolsista de uma escola particular, a estudante conta que, inicialmente, ficou em 4º lugar na lista de espera, mas acabou sendo aprovada na 2ª chamada. Ela chegou a ir até Lages, mas como não tinha a comprovação do ensino médio – uma exigência do edital – não pôde fazer a matrícula.

O advogado dela, José Nilo Pontes Martins, entrou com um mandado de segurança, mas a liminar foi negada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Ele está recorrendo da decisão.

'Me senti para baixo'

“Assim que soube que passei foi o melhor momento da minha vida. Mas o magistrado negou a liminar e falou que o fato de eu ter sido aprovada serviria de ‘incentivo’. Eu me senti para baixo. Eu me preparei para aquilo, e se mais tarde eu não conseguir, vou sempre me culpar”, diz a adolescente.

Dhandhara conta que pensava em antecipar o vestibular desde os 10 anos, quando viu a notícia de que um menino de 14 anos, morador de outro estado, havia conseguido na Justiça o direito de cursar medicina. “Minha família sempre me incentivou. É que pretendo fazer três faculdades: veterinária, teatro e história, todas na Udesc”, conta a menina, que, quando criança, foi adianta em um ano na escola.

Defesa está recorrendo

Segundo o advogado, nunca houve decisões favoráveis nesse sentido em Santa Catarina, mas em outros estados, sim. “Vamos recorrer primeiro ao próprio tribunal”, diz o advogado da família. “Senão, vamos a Brasília. Existe a Lei de Diretrizes e Bases, mas há um choque com a Constituição. Aqui no estado a Justiça tem se mostrado bastante contundente, mas em geral, no Brasil, o caminho que está sendo seguido é o do mérito”, diz Martins.

A mãe de Dhandhara, a assistente social Andrea Costa, conta que a família já havia se preparado para uma eventual mudança de cidade. O pai, que é motorista, se dispôs a se mudar com a menina para Lages. “Ela sempre foi estudiosa, mas já sofreu muito bullying por ser negra”, diz a mãe.

Andrea conta que chegou a tirar a filha de um colégio particular por causa do preconceito, quando cursva o 5º ano. “Ela ficou quatro meses afastada, estudava em casa. Precisou fazer tratamento psicológico”, conta a mãe.

“O fato de ter feito a prova cria uma expectativa grande e gera não só uma frustração, mas um constrangimento. Com a aprovação, ela já demonstrou que tem mérito”, diz o advogado.

'Edital é a regra'

Em nota, a Udesc informou que segue as regras previstas no edital do vestibular. “Desse modo, a Udesc não pode matricular o candidato se ele não tiver a documentação completa. O edital é a regra do vestibular”. A universidade informou, porém, que caso exista uma decisão judicial, “a Udesc seguirá a Justiça, após decisão em todas as instâncias”.

Enquanto recorre na Justiça, Dhandhara segue frequentando as aulas do 2º ano do ensino médio. Ela conta que tem recebido apoio dos colegas de classe, que ficaram orgulhosos com a aprovação dela. Mas a possibilidade de entrar na faculdade não sai da cabeça de Dhandhara. “Não vou desistir, é o sonho da minha vida.”

Fonte: G1
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