http://goo.gl/jV2tB5 | A disputa de vagas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já não é acirrada somente pelo número de estudantes oriundos de escolas do ensino médio. Um outro grupo também figura como candidato a ocupar cursos de direito e medicina, por exemplo. Dentro das cadeias do país, detentos abraçam a ideia de começar um capítulo novo na vida. No Amazonas, o projeto Bambu abriga presos que se preparam para o exame.
Foi na biblioteca do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no Km 4 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, onde 20 presos revelaram ao G1 as expectativas para "virar a página" de suas histórias. No local, além de absorver conhecimentos gerais, o estudo para o exame também ajuda a reduzir a pena.
Uma das histórias de quem garante perseguir um novo ideal é a de Francivaldo Lima. Em 2012, ele acabou condenado pelo crime de latrocínio. Atualmente com 30 anos, falou ao G1 sobre a motivação particular para mudar os rumos da vida dentro do lugar em que cumpre pena. Segundo ele, a oportunidade de se redimir dos crimes por meio da educação é "ímpar".
"Lá fora, eu não tinha tempo para a educação, tinha responsabilidades com a filha e com a esposa. As coisas foram dando errado e eu quis fugir para as drogas, acabei entrando no mundo do crime. Hoje, eu creio que quando a vida fecha uma porta, outra se abre".
Francivaldo diz que quer salvar vidas e ajudar doentes. O pensamento embala o sonho de um dia se tornar médico. As horas vagas na cadeia já não são ocupadas apenas com atividades recreativas com os demais presos. É nesse momento que ele também aproveita para revisar o que aprendeu durante as aulas.
"Eu também trabalho na biblioteca e isso me dá a oportunidade de ter mais um tempo para ler. Na cela, eu falo com os meus colegas sobre as questões que não entendi e vamos nos ajudando a estudar. Desde pequeno, sonho em ser médico e creio que agora nada mais me atrapalha", destacou.
Ele pensa em simplificar a vida de quem um dia pode estar na mesma situação dele. Fabiano quer ajudar pessoas que não têm condições de pagar um advogado.
"Escolho direito porque penso na minha situação, vim de família humilde e não pude conseguir um advogado particular, dependo de defensores públicos até hoje, o que atrasa ainda mais a minha pena. Se conseguir cursar essa faculdade, quero ajudar as pessoas que realmente precisam", afirma.
Fabiano foi parar no Compaj após ser condenado por assalto à mão armada. Ele cumpre pena de 23 anos de reclusão. Junto aos colegas de cela, diz se arrepender de não ter buscado a formação fora do presídio.
"O Enem pra mim é uma oportunidade de ganhar meu aprendizado e poder cursar uma faculdade, não quero mais essa vida de crime. Aqui dentro a situação é muito ruim, eu queria ter aproveitado mais as chances que tive. Temos uma união bem sucedida e uma força de vontade enorme de ajudar um ao outro. Eu digo para as pessoas que estão aí fora, em liberdade, que elas têm uma oportunidade incrível de crescer e que não deveriam desperdiçar“, aconselhou.
Em 2013, Edvaldo Caetano, de 33 anos, fez a prova do Enem para tentar uma vaga em Serviço Social. Antes de se dedicar aos estudos na prisão, ele tentou fugir do local em três ocasiões.
"Quando fui baleado em 2009 [em uma das tentativas de fuga], tomei a iniciativa de mudar de vida quando estava no isolamento", disse.
Caetano não conseguiu a matrícula para a faculdade, mas persiste em seu sonho. "Minha nota não era o suficiente para conseguir passar, mas pretendo melhorar e continuar com meus métodos de estudos. Não quero desistir de cursar uma faculdade".
"Eu era o responsável por fazer as inscrições dos internos no Enem e conseguíamos um número bem significativo, porém o resultado não dava margem para que eles competissem. Então, pensamos em uma alternativa para tentar ajudá-los a se preparar, ter um grupo de estudo onde eles pudessem discutir temas pertinentes ao exame", explicou.
Além do Enem, o projeto também prepara os detentos para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), com uma turma no período vespertino.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas informou que ainda não possui o número total de detentos que irão realizar o Enem em 2015.
Fonte: G1
Foi na biblioteca do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no Km 4 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, onde 20 presos revelaram ao G1 as expectativas para "virar a página" de suas histórias. No local, além de absorver conhecimentos gerais, o estudo para o exame também ajuda a reduzir a pena.
Uma das histórias de quem garante perseguir um novo ideal é a de Francivaldo Lima. Em 2012, ele acabou condenado pelo crime de latrocínio. Atualmente com 30 anos, falou ao G1 sobre a motivação particular para mudar os rumos da vida dentro do lugar em que cumpre pena. Segundo ele, a oportunidade de se redimir dos crimes por meio da educação é "ímpar".
"Lá fora, eu não tinha tempo para a educação, tinha responsabilidades com a filha e com a esposa. As coisas foram dando errado e eu quis fugir para as drogas, acabei entrando no mundo do crime. Hoje, eu creio que quando a vida fecha uma porta, outra se abre".
Francivaldo diz que quer salvar vidas e ajudar doentes. O pensamento embala o sonho de um dia se tornar médico. As horas vagas na cadeia já não são ocupadas apenas com atividades recreativas com os demais presos. É nesse momento que ele também aproveita para revisar o que aprendeu durante as aulas.
"Eu também trabalho na biblioteca e isso me dá a oportunidade de ter mais um tempo para ler. Na cela, eu falo com os meus colegas sobre as questões que não entendi e vamos nos ajudando a estudar. Desde pequeno, sonho em ser médico e creio que agora nada mais me atrapalha", destacou.
'Não quero mais o crime'
Outros detentos participantes do projeto almejam cursos baseados na própria história de vida. Há quatro anos e seis meses sendo interno no Compaj, Fabiano da Silva Conceição, 33, pretende cursar direito.Ele pensa em simplificar a vida de quem um dia pode estar na mesma situação dele. Fabiano quer ajudar pessoas que não têm condições de pagar um advogado.
"Escolho direito porque penso na minha situação, vim de família humilde e não pude conseguir um advogado particular, dependo de defensores públicos até hoje, o que atrasa ainda mais a minha pena. Se conseguir cursar essa faculdade, quero ajudar as pessoas que realmente precisam", afirma.
Fabiano foi parar no Compaj após ser condenado por assalto à mão armada. Ele cumpre pena de 23 anos de reclusão. Junto aos colegas de cela, diz se arrepender de não ter buscado a formação fora do presídio.
"O Enem pra mim é uma oportunidade de ganhar meu aprendizado e poder cursar uma faculdade, não quero mais essa vida de crime. Aqui dentro a situação é muito ruim, eu queria ter aproveitado mais as chances que tive. Temos uma união bem sucedida e uma força de vontade enorme de ajudar um ao outro. Eu digo para as pessoas que estão aí fora, em liberdade, que elas têm uma oportunidade incrível de crescer e que não deveriam desperdiçar“, aconselhou.
Em 2013, Edvaldo Caetano, de 33 anos, fez a prova do Enem para tentar uma vaga em Serviço Social. Antes de se dedicar aos estudos na prisão, ele tentou fugir do local em três ocasiões.
"Quando fui baleado em 2009 [em uma das tentativas de fuga], tomei a iniciativa de mudar de vida quando estava no isolamento", disse.
Caetano não conseguiu a matrícula para a faculdade, mas persiste em seu sonho. "Minha nota não era o suficiente para conseguir passar, mas pretendo melhorar e continuar com meus métodos de estudos. Não quero desistir de cursar uma faculdade".
O projeto
Realizado no regime fechado masculino, das 8h às 13h, dentro da Biblioteca da unidade prisional, o "Bambu" teve início em fevereiro deste ano. As aulas ocorrem de segunda a sexta, com monitores voluntários. A cada três dias de aulas, os participantes podem ter um dia de pena reduzido, após a avaliação de um juiz. De acordo com o coordenador do projeto, o psicólogo Valter Sales, a ideia é aumentar a média das notas dos internos."Eu era o responsável por fazer as inscrições dos internos no Enem e conseguíamos um número bem significativo, porém o resultado não dava margem para que eles competissem. Então, pensamos em uma alternativa para tentar ajudá-los a se preparar, ter um grupo de estudo onde eles pudessem discutir temas pertinentes ao exame", explicou.
Além do Enem, o projeto também prepara os detentos para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), com uma turma no período vespertino.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas informou que ainda não possui o número total de detentos que irão realizar o Enem em 2015.
Fonte: G1