Deficiente visual que cursa jornalismo vai fazer Enem para tentar segunda faculdade em MS

http://goo.gl/R0wDuP | O universitário em Mato Grosso do Sul, João Guanes, de 48 anos, vai fazer as provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) neste fim de semana pela terceira vez. O deficiente visual estuda jornalismo e quer cursar letras. O sonho dele é ser apresentador de televisão.

Ao G1, ele disse que espera ter um bom desempenho nas provas. "Vai acrescentar bastante no curso de jornalismo, colocar bem as palavras, pronunciar bem. O meu objetivo maior é ser apresentador de TV. E para ser apresentador tem que falar e escrever bem, por isso escolhi letras".



Guanes fará a prova acompanhado por uma pessoa designada para ler as questões e assinalar as alternativas, assim como foi nas outras edições que participou. Ele disse que não optou por fazer em braille pois a prova é grande e levaria muito tempo para resolver cada questão.

Estudo

A preparação de Guanes para a prova é diária. Ele divide o tempo entre a família, os estudos para o Enem e a faculdade de jornalismo.

Na universidade, faz reportagens para o canal de TV institucional e mantém um programa de rádio na internet. As atividades são motivo de orgulho e felicidade para ele.

"Quando eu conquisto um objetivo já quero outro. Vou terminar jornalismo ano que vem, mas já quero fazer letras", fala o estudante.

Superação

O estudante perdeu a visão aos 38 anos depois que teve descolamento de retina nos dois olhos. A profissão de tapeceiro ficou para trás e ele voltou a estudar, após 20 anos fora de uma sala de aula.

"Eu me considero nova pessoa poque quando eu enxergava eu nem sonhava em estudar. Hoje, não quero sair mais da sala de aula. Eu me sinto outra pessoa, meus pensamentos são diferentes, projetos de vida totalmente diferentes do que quando eu enxergava. É como se aquele João que enxergava não existisse mais", comentou.

Sonho

Guanes acredita que a deficiência não será barreira para que possa conquistar o sonho de trabalhar na televisão. "Eu preciso de oportunidade, eu não preciso de ter prioridade, eu quero oportunidade. Eu luto por aquilo que eu quero e às vezes a luta é árdua. Ser deficiente não vai me atrapalhar, mas vai ter obstáculos", explicou.

Atualmente, a única fonte financeira do estudante é a aposentadoria. Ao conseguir emprego na profissão, ele pretende deixar a aposentadoria e viver apenas com o que ganhar como comunicador.

Fonte: G1
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