Força de vontade! Por sonho da universidade, mãe faz Enem após ficar 21 anos sem estudar

http://goo.gl/QXJzsA | Nascida no interior do Paraná, na pequena cidade de Fênix, Ridamar Aparecida de Oliveira, de 39 anos, dá neste domingo (25) um importante passo no caminho do tão sonhado ingresso na universidade pública. Após 21 anos sem pegar nos livros e com duas filhas, uma delas já na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a gerente de vendas resolveu se matricular em um cursinho comunitário para prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conquistar uma vaga no curso de biologia. Neste domingo, os candidatos fazem as provas de linguagens, matemática e redação.

Criada em uma família de seis filhos que se mudou para São Carlos (SP) quando ela tinha meses de vida, Ridamar conseguiu com muito esforço concluir o ensino médio, mas, devido ao trabalho e, posteriormente, ao casamento e ao nascimento das crianças, não conseguiu colocar em prática seu desejo. O incentivo para voltar a acreditar no sonho surgiu no ano passado, ao tentar ajudar a filha.

“Eu queria prestar o Enem para incentivá-la, para ajudá-la, já que ela saiu de escola pública e tinha receio. Eu estava tomando coragem, pois vontade sempre tive”, falou a gerente, que fez a inscrição para a prova na última semana.

Apoio

Após fazer a inscrição, Ridamar resolveu vencer o cansaço do trabalho e das tarefas de casa e se inscreveu em um cursinho. Desde então, não pensou em desistir.

“Foi bastante complicado, mais de 20 anos longe da escola, ainda mais que meu colegial foi técnico, não tive a carga horária completa de algumas matérias. As informações de química, física e até mesmo do curso que eu quero, que é biologia, são novidade para mim”.

Com a nova rotina, em que fins de semana, feriados e horários de almoço foram tomados pelos estudos, o apoio dos amigos e da família foi fundamental. As filhas se responsabilizaram pelo incentivo e o marido assumiu as tarefas de casa para que ela pudesse ir do trabalho direto para o cursinho.

Expectativa

Em relação à prova de sábado, ela teve mais dificuldades com as questões de física. A redação deste domingo é a maior preocupação e ela preferiu não opiniar sobre o possível tema. "Eu tenho dificuldade de passar as ideias para o papel. Estou fazendo a prova tranquila, sem pressão", afirmou.

Mas a dificuldade não a faz desanimar e o esforço está valendo a pena. “Temos que ter a cabeça no lugar. Tudo que estou aprendendo está sendo vantajoso para mim. Eu já olho com outros olhos algumas coisas que eu não lembrava, consigo conversar sobre assuntos que não tinha conhecimento, vai abrindo sua cabeça”, disse Ridamar.

A gerente contou que, se não passar neste ano, vai continuar tentando e já imagina os encontros com a filha no campus da UFSCar. "A gente tem uma afinidade muito legal, eu me dou muito bem com os jovens e todos já dizem que eu vou andar com a canequinha pendurada na mochila”, brincou.



As provas

No segundo dia (domingo (25), o tempo de duração é de 5 horas e 30 minutos para serem respondidas questões de linguagens, matemática e redação. O candidato só pode sair do local das provas após duas horas do início do exame. Os candidatos que quiserem levar o caderno de questões para casa tem que esperar até 30 minutos antes do término da prova.

O Enem é usado como critério de entrada em diversos programas federais. A prova substitui vestibulares no acesso a instituições federais de ensino superior. Também são exigidas as notas do Enem para o candidato que pretende uma bolsa de estudos pelo ProUni, para quem quer uma vaga gratuita no ensino técnico pelo Sisutec ou para quem vai tentar financiamento estudantil pelo Fies.

Quem tem mais de 18 anos pode usar o exame nacional para obter o diploma do ensino médio. E quem já está na faculdade precisa de boas notas no Enem para concorrer a bolsas de estudos no exterior pelo Ciência sem Fronteiras.

Fonte: G1
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