http://goo.gl/VK6yZ7 | No início dos anos 1970, uma célebre mensagem na porta de um banheiro na Universidade de Brasília dizia: “Quer mais uma vaga para engenharia? Mate um japonês”. A frase causou polêmica, mas era um reconhecimento à inteligência e à dedicação aos estudos dos nisseis. Houvesse “x” japoneses matriculados no vestibular para cursos de ciências exatas, sabia-se que a mesma quantidade de vagas seria ocupadas por eles. Cabia aos demais vestibulandos disputar as restantes.
Existem situações em que a competição é “ingrata”. Dentro de alguns anos, por exemplo, uma situação semelhante poderá se repetir para estudantes de Direito — em relação a emprego, porém. A mensagem na porta do banheiro da faculdade poderá ser, então: “Quer criar uma vaga em um escritório de advocacia? Quebre um robô”.
Uma outra possibilidade é aparecer escrito: “Mate o Watson”, o robô com inteligência artificial, inventado pela IBM. O site do Watson explica que ele é, na verdade, é um sistema de computação cognitiva que entende a linguagem natural e não precisa ser programado: aprende com o uso, a cada dia.
Ou então: “Mate o Ross”, o “primeiro advogado artificialmente inteligente do mundo”. O Ross foi criado por estudantes da Universidade de Toronto. Ele foi gerado de uma “costela” do Watson — isto é, criaram um aplicativo que resultou em uma versão do Watson, um robô especializado em serviços jurídicos.
Para tornar a perspectiva ainda mais assustadora, o Ross foi “adotado” pela maior banca do mundo, a Dentons, de acordo com o jornal The Globe and Mail e o site Ars Techinica. “Como um ser humano, o Ross está passando por um período de experiência em um escritório de advocacia, está aprendendo e ficando melhor a cada dia”, disse ao jornal o cofundador da Ross (que criou uma start-up com o nome do robô) Andrew Arruda.
Qualquer que seja o nome, o fato é que, dentro de dez anos, praticamente todos os serviços jurídicos executados hoje por advogados de primeiro ano de prática e por paralegais (ou auxiliares jurídicos) serão executados por robôs. Então, o Watson e o Ross poderão ser peças de museu, por conta da velocidade em que a tecnologia evolui. Mas a certeza é que em cinco anos, robôs mais evoluídos já darão sinais de vida.
A previsão é para os Estados Unidos e foi feita por administradores ou “líderes” de escritórios de advocacia, em uma pesquisa realizada pela Altman Weil. Todos os anos, essa firma entrevista os “líderes” das bancas americanas, para analisar as transições que estão a caminho – e que irão ocorrer — nas atividades cotidianas da advocacia, para se prever o futuro.
Se concorrer com japoneses no vestibular para engenharia já é uma tarefa difícil, concorrer com o Ross pode ser uma missão impossível. Ele pode “varrer” milhões de páginas de jurisprudência e legislação em segundos, para responder questões jurídicas — ele ganhou um concurso no programa Jeopardy, de perguntas e respostas, nos EUA, fazendo exatamente isso.
Nem todos os “líderes” da advocacia americana apostam no sucesso dos robôs. De todos os entrevistados, 35% acreditam que o trabalho dos novos advogados será feito por robôs no futuro. E 47% acreditam que os paralegais perderão o emprego. Mas, em 2011, apenas 23% pensavam assim, em relação a novos advogados, e 35%, em relação aos paralegais.
Uma boa parte dos advogados, em todo o mundo, no entanto, ainda são resistentes à computação e à adoção de novas tecnologias. Mas à medida em que os robôs se comprovarem eficientes, reduzirem os custos do escritório, trabalharem quantas horas por dia forem necessárias sem reclamar, eles devem mudar de ideia.
A guerra do homem contra a máquina, pelo trabalho, não é nova, evidentemente. Teve grande expressão na Revolução Industrial, como se sabe. A máquina sempre irá prevalecer. E o homem sempre encontrará uma saída, mesmo que seja pela tangente.
A adoção do Ross pela Dentons é um alerta para a classe e para as faculdades de Direito se prepararem para a transição que virá — e estarem prontas para ajudar a salvar pelo menos os novos advogados.
As previsões são de que esses robôs vão invadir, primeiramente, o espaço dos advogados do primeiro ano de prática; depois do segundo ano de prática; depois do terceiro.
Quantos aos paralegais (ou auxiliares jurídicos), eles poderão fazer parte, dentro de algum tempo, de uma classe em extinção.
Por João Ozorio de Melo
Fonte: Conjur
Existem situações em que a competição é “ingrata”. Dentro de alguns anos, por exemplo, uma situação semelhante poderá se repetir para estudantes de Direito — em relação a emprego, porém. A mensagem na porta do banheiro da faculdade poderá ser, então: “Quer criar uma vaga em um escritório de advocacia? Quebre um robô”.
Uma outra possibilidade é aparecer escrito: “Mate o Watson”, o robô com inteligência artificial, inventado pela IBM. O site do Watson explica que ele é, na verdade, é um sistema de computação cognitiva que entende a linguagem natural e não precisa ser programado: aprende com o uso, a cada dia.
Ou então: “Mate o Ross”, o “primeiro advogado artificialmente inteligente do mundo”. O Ross foi criado por estudantes da Universidade de Toronto. Ele foi gerado de uma “costela” do Watson — isto é, criaram um aplicativo que resultou em uma versão do Watson, um robô especializado em serviços jurídicos.
Para tornar a perspectiva ainda mais assustadora, o Ross foi “adotado” pela maior banca do mundo, a Dentons, de acordo com o jornal The Globe and Mail e o site Ars Techinica. “Como um ser humano, o Ross está passando por um período de experiência em um escritório de advocacia, está aprendendo e ficando melhor a cada dia”, disse ao jornal o cofundador da Ross (que criou uma start-up com o nome do robô) Andrew Arruda.
Qualquer que seja o nome, o fato é que, dentro de dez anos, praticamente todos os serviços jurídicos executados hoje por advogados de primeiro ano de prática e por paralegais (ou auxiliares jurídicos) serão executados por robôs. Então, o Watson e o Ross poderão ser peças de museu, por conta da velocidade em que a tecnologia evolui. Mas a certeza é que em cinco anos, robôs mais evoluídos já darão sinais de vida.
A previsão é para os Estados Unidos e foi feita por administradores ou “líderes” de escritórios de advocacia, em uma pesquisa realizada pela Altman Weil. Todos os anos, essa firma entrevista os “líderes” das bancas americanas, para analisar as transições que estão a caminho – e que irão ocorrer — nas atividades cotidianas da advocacia, para se prever o futuro.
Se concorrer com japoneses no vestibular para engenharia já é uma tarefa difícil, concorrer com o Ross pode ser uma missão impossível. Ele pode “varrer” milhões de páginas de jurisprudência e legislação em segundos, para responder questões jurídicas — ele ganhou um concurso no programa Jeopardy, de perguntas e respostas, nos EUA, fazendo exatamente isso.
Nem todos os “líderes” da advocacia americana apostam no sucesso dos robôs. De todos os entrevistados, 35% acreditam que o trabalho dos novos advogados será feito por robôs no futuro. E 47% acreditam que os paralegais perderão o emprego. Mas, em 2011, apenas 23% pensavam assim, em relação a novos advogados, e 35%, em relação aos paralegais.
Uma boa parte dos advogados, em todo o mundo, no entanto, ainda são resistentes à computação e à adoção de novas tecnologias. Mas à medida em que os robôs se comprovarem eficientes, reduzirem os custos do escritório, trabalharem quantas horas por dia forem necessárias sem reclamar, eles devem mudar de ideia.
A guerra do homem contra a máquina, pelo trabalho, não é nova, evidentemente. Teve grande expressão na Revolução Industrial, como se sabe. A máquina sempre irá prevalecer. E o homem sempre encontrará uma saída, mesmo que seja pela tangente.
A adoção do Ross pela Dentons é um alerta para a classe e para as faculdades de Direito se prepararem para a transição que virá — e estarem prontas para ajudar a salvar pelo menos os novos advogados.
As previsões são de que esses robôs vão invadir, primeiramente, o espaço dos advogados do primeiro ano de prática; depois do segundo ano de prática; depois do terceiro.
Quantos aos paralegais (ou auxiliares jurídicos), eles poderão fazer parte, dentro de algum tempo, de uma classe em extinção.
Por João Ozorio de Melo
Fonte: Conjur