Fortes críticas do ex-presidente Lula ao STF e ao STJ provocaram reações duras

http://goo.gl/NQmsUt | As críticas do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça provocaram reações duras, de representantes do Poder Judiciário.

No Supremo Tribunal Federal, durante a sessão desta quinta-feira (18), os ministros comentaram a fala do ex-presidente Lula. O ministro Celso de Mello defendeu a Justiça.

“Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte dessa corte suprema, traduz no presente contexto da profunda crise moral que envolve altos escalões da República, uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes, que não conseguem esconder até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável o temor pela prevalência do império da lei e receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes”.

Em seguida, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, repudiou o teor da conversa. Disse que o Supremo cumpre suas funções e que a corte não faltará aos brasileiros.

“Eu queria dizer que os constituintes de 1988 atribuíram a esta Suprema Corte a elevada missão de manter a supremacia da constituição federal e a manutenção do estado democrático de direito. Eu tenho certeza de que os juízes dessa casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no cumprimento deste elevado múnus”.

No Superior Tribunal de Justiça, mais repercussão. O ministro João Otávio de Noronha defendeu o tribunal e disse que o STJ não é uma casa de covardes.

“Esta é uma casa de juízes íntegros, que não recebe doação de empreiteiras. Me envergonho de ter algumas lideranças políticas que o país tem. Jamais poderia me calar diante de uma acusação tão grave. Mostra a pretensão ditatorial, o caráter, a arrogância de quem pronunciou tais palavras”.

As críticas à Justiça foram feitas pelo ex-presidente Lula em uma conversa com a presidente Dilma Rousseff. As gravações foram divulgadas pela justiça.

"Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B é que acordaram e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara f..., um presidente do Senado f..., não sei quanto parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar. Eu, sinceramente, tô assustado com a 'República de Curitiba'. Porque a partir de um juiz de primeira instância, tudo pode acontecer nesse país”.

Em uma palestra em Curitiba, o juiz Sérgio Moro, que autorizou as escutas telefônicas do ex-presidente, voltou a afirmar que ninguém está acima da lei e explicou por que divulgou as ligações.

“Eu não posso colher prova numa investigação criminal e compartilhar isso pra fins privados, ou compartilhar isso pra finalidades não permitidas pelas lei. Mas quando há um interesse público identificável, meu posicionamento e não vem desse caso da Lava Jato, é um posicionamento antigo, e não é só meu, vários juízes também decidem assim, de admitir esse compartilhamento".

Em vários estados houve atos da Justiça Federal em favor da Lava Jato e de Sérgio Moro. Em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da operação também falou.

“As tentativas de tentar amedrontar policiais federais, auditores da Receita Federal, procuradores da República e o juiz federal Sérgio Moro devem ser repudiadas. Os atentados à investigação revelam a extensão do abuso de poder e do descaso com o estado democrático de direito na República”.

Fonte: g1 globo
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