http://goo.gl/Ip8y3O | O juiz federal Sérgio Moro disse em São Paulo, que a Justiça tem um papel relevante, mas sozinha não consegue resolver o problema da corrupção. "É preciso que as outras instituições públicas operem e aprovem leis de enfrentamento da corrupção", afirmou Moro em palestra ministrada em seminário sobre o combate à corrupção na Procuradoria Regional da República da 3ª Região, na região central da cidade.
Moro disse ainda que a corrupção sistêmica é algo mais assustador, aquilo que era para ser um fato isolado, se torna uma pratica comum, uma regra de mercado.
"A justiça tem um papel relevante. Mas sozinha não consegue resolver o problema. É preciso que as outras instituições publicas operem. Aprovem leis de enfrentamento da corrupção. É preciso que a sociedade civil se moilize para cobrar as instituições publicas. No âmbito das iniciativas privadas, que se auto organizem para evitar o pagamento de propina", afirmou o juiz, em relação a críticas sobre os resultados da Operação Mãos Limpas, realizada na Itália nos anos 90, de combate á corrupção.
O juiz traçou em sua palestra um paralelo entre a Operação Mãos Limpas e a Operação Lava-Jato, no Brasil. "As duas tiveram um começo relativamente banal", afirmou Moro. "O aprofundamento das investigações foi ampliando o foco, revelando novos fatos, uma verdadeira bola de neve."
Moro destacou que "a corrupção faz parte da vida humana, somos uma amálgama de vícios e virtudes e é sempre possível decair no vicio, cometer um crime", destacou. "Mas nessa outra perspectiva da corrupção sistêmica isso é algo mais assustador, o que aquilo que era para ser um fato isolado, se torna uma prática comum, uma regra de mercado, e proporcionalmente isso gera desafios muito maiores as instituições."
"Essas corrupções endêmicas, sistemáticas, se não são enfrentadas, tendem a ficar cada vez pior. Elas vão crescendo, se estabelecem como uma regra comum de comportamento", destacou.
O juiz afirmou que o caso da Operação Mãos Limpas mostrou que o problema de não conseguir melhorar as instituições pra reduzir ou eliminar a corrupção sistêmica na Itália foi o fato de a democracia italiana não ter sido forte o suficiente para prevenir essa reação política desencadeada pela operação. "Não houve amparo suficiente da sociedade civil organizada italiana".
"Na Itália há uma historia fechada e no Brasil é uma história ainda aberta esperando pelo seu final", disse Moro.
Sem citar nomes, o huiz comentou um caso envolvendo um ex-deputado federal condenado pela Operação Lava Jato. "Foi condenado, preso, cumprindo pena e, de repente, durante as investigações desse caso da Lava Jato, a polícia se depara com provas de que ele também recebia em decorrência do esquema criminoso da Petrobras. Foi colhida prova documental. Isso que me assustou, em particular, é que durante o julgamento, enquanto ele estava sendo julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, em 2012, ele concomitante recebia valores do esquema criminoso da Petrobras. Então assim, há uma certa dificuldade de compreensão desse tipo de fenômeno."
"E que nos levava a algumas indagações né, será que também não existem outros?"
Outra crítica citada pelo procurador é de que as prisões são feitas para forçar delações. “A nosso ver essa crítica também é um mito, uma tentativa de colocar essa imagem na operação, uma imagem de torturadores, que torturam pra obter delação”.
Carvalho disse que a maioria das delações foram feitas por pessoas em liberdade. Ele ainda disse que algumas pessoas sequer tinham sido chamadas, mas “bateram na porta e falaram ‘olha, eu acho que vocês vão chegar em mim, então antes disso quero dizer a vocês aqui que estou disposto a colaborar com o que eu tenho’.” Para o procurador, “o que move as pessoas a colaborar não é a prisão, o que move as pessoas a colaborar é a força das provas que tem sido angariadas.”
O procurador ainda citou a crítica de que há seletividade nas investigações. Segundo ele, o fio condutor que revelou o esquema de corrupção mostra órgãos e empresas da administração pública federal beneficiando partidos que controlam a administração pública federal. Sendo assim, para ele, não faz sentido que “órgãos da administração pública federal fossem colocados à disposição da oposição para que ela arrecadasse dinheiro para suas campanhas usando o governo federal”.
“Não estou dizendo que eles não fazem isso, mas imagino que se façam, fazem nos governos que controlem, não nos governos que são controlados por outro partido”, completa.
O juiz federal Sérgio Moro participa de palestra sobre operações anti-corrupção 'Lava Jato', no Brasil, e 'Mani Pulite' (mãos limpas), na Itália, durante uma palestra em São Paulo (Foto: Nelson Almeida/AFP)
O juiz federal Sérgio Moro participa de palestra sobre operações anti-corrupção 'Lava Jato', que acontece no Brasil, e 'Mani Pulite' (mãos limpas), na Itália, durante uma palestra em São Paulo (Foto: André Penner/AP)
Por Paula Paiva Paulo
Fonte: G1
Moro disse ainda que a corrupção sistêmica é algo mais assustador, aquilo que era para ser um fato isolado, se torna uma pratica comum, uma regra de mercado.
"A justiça tem um papel relevante. Mas sozinha não consegue resolver o problema. É preciso que as outras instituições publicas operem. Aprovem leis de enfrentamento da corrupção. É preciso que a sociedade civil se moilize para cobrar as instituições publicas. No âmbito das iniciativas privadas, que se auto organizem para evitar o pagamento de propina", afirmou o juiz, em relação a críticas sobre os resultados da Operação Mãos Limpas, realizada na Itália nos anos 90, de combate á corrupção.
O juiz traçou em sua palestra um paralelo entre a Operação Mãos Limpas e a Operação Lava-Jato, no Brasil. "As duas tiveram um começo relativamente banal", afirmou Moro. "O aprofundamento das investigações foi ampliando o foco, revelando novos fatos, uma verdadeira bola de neve."
Moro destacou que "a corrupção faz parte da vida humana, somos uma amálgama de vícios e virtudes e é sempre possível decair no vicio, cometer um crime", destacou. "Mas nessa outra perspectiva da corrupção sistêmica isso é algo mais assustador, o que aquilo que era para ser um fato isolado, se torna uma prática comum, uma regra de mercado, e proporcionalmente isso gera desafios muito maiores as instituições."
"Essas corrupções endêmicas, sistemáticas, se não são enfrentadas, tendem a ficar cada vez pior. Elas vão crescendo, se estabelecem como uma regra comum de comportamento", destacou.
O juiz afirmou que o caso da Operação Mãos Limpas mostrou que o problema de não conseguir melhorar as instituições pra reduzir ou eliminar a corrupção sistêmica na Itália foi o fato de a democracia italiana não ter sido forte o suficiente para prevenir essa reação política desencadeada pela operação. "Não houve amparo suficiente da sociedade civil organizada italiana".
"Na Itália há uma historia fechada e no Brasil é uma história ainda aberta esperando pelo seu final", disse Moro.
Sem citar nomes, o huiz comentou um caso envolvendo um ex-deputado federal condenado pela Operação Lava Jato. "Foi condenado, preso, cumprindo pena e, de repente, durante as investigações desse caso da Lava Jato, a polícia se depara com provas de que ele também recebia em decorrência do esquema criminoso da Petrobras. Foi colhida prova documental. Isso que me assustou, em particular, é que durante o julgamento, enquanto ele estava sendo julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, em 2012, ele concomitante recebia valores do esquema criminoso da Petrobras. Então assim, há uma certa dificuldade de compreensão desse tipo de fenômeno."
"E que nos levava a algumas indagações né, será que também não existem outros?"
Críticas e “mitos” sobre a Lava Jato
O procurador da república e integrante da Lava Jato Paulo Roberto Galvão de Carvalho também estava no evento e falou sobre críticas e “mitos” da operação. Para ele, “é uma falácia a história do excesso de prisões, de sair prendendo todo mundo”.Outra crítica citada pelo procurador é de que as prisões são feitas para forçar delações. “A nosso ver essa crítica também é um mito, uma tentativa de colocar essa imagem na operação, uma imagem de torturadores, que torturam pra obter delação”.
Carvalho disse que a maioria das delações foram feitas por pessoas em liberdade. Ele ainda disse que algumas pessoas sequer tinham sido chamadas, mas “bateram na porta e falaram ‘olha, eu acho que vocês vão chegar em mim, então antes disso quero dizer a vocês aqui que estou disposto a colaborar com o que eu tenho’.” Para o procurador, “o que move as pessoas a colaborar não é a prisão, o que move as pessoas a colaborar é a força das provas que tem sido angariadas.”
O procurador ainda citou a crítica de que há seletividade nas investigações. Segundo ele, o fio condutor que revelou o esquema de corrupção mostra órgãos e empresas da administração pública federal beneficiando partidos que controlam a administração pública federal. Sendo assim, para ele, não faz sentido que “órgãos da administração pública federal fossem colocados à disposição da oposição para que ela arrecadasse dinheiro para suas campanhas usando o governo federal”.
“Não estou dizendo que eles não fazem isso, mas imagino que se façam, fazem nos governos que controlem, não nos governos que são controlados por outro partido”, completa.
O juiz federal Sérgio Moro participa de palestra sobre operações anti-corrupção 'Lava Jato', no Brasil, e 'Mani Pulite' (mãos limpas), na Itália, durante uma palestra em São Paulo (Foto: Nelson Almeida/AFP)
O juiz federal Sérgio Moro participa de palestra sobre operações anti-corrupção 'Lava Jato', que acontece no Brasil, e 'Mani Pulite' (mãos limpas), na Itália, durante uma palestra em São Paulo (Foto: André Penner/AP)
Por Paula Paiva Paulo
Fonte: G1