Justiça condena pastora e marido por enganar e 'tomar' mansão e veículos de idosa

goo.gl/CAKZDC | A Justiça condenou o casal suspeito de estelionato contra a idosa Orlanda de Oliveira Rosa, de 87 anos. Após ser enganada por 7 anos, fazendo inúmeras doações, ela passou uma procuração, veículo e uma casa avaliada em R$ 2 milhões, em Campo Grande. A pastora Julieta de Souza e o marido Nelson Martins Jimenez foram condenados por 8 e 7 anos, respectivamente.

A publicação da 4ª Vara Criminal, desta quarta-feira (18), ressalta que Julieta teve uma pena de 8 anos e 6 meses de reclusão, em regime fechado, pela prática dos crimes. O seu marido obteve a condenação de 7 anos de reclusão.



“A D. Orlanda continua sem poder usufruir do imóvel, pois o casal ainda tenta reaver o imóvel na Justiça. Mas ainda lutamos para impugnar a ação e reaver o bem dela, que é o que restou após tantos danos. A publicação da sentença ocorreu hoje e consideramos uma vitória”, afirmou ao G1 o advogado da idosa, Afrânio Alves Correa.

Responsável pelo inquérito na época, o delegado Miguel Said, titular da 1ª Delegacia de Polícia, afirmou que a condenação dos envolvidos é resultado de um árduo trabalho. “Esse caso surtiu efeito após muitas diligências e nós ficamos satisfeitos de dar uma resposta para a sociedade. Ao menos, as ações resultaram em minimizar o prejuízo da idosa”, avaliou.

O processo aguardou julgamento mais de um ano. Nesse período, sem a tutela, Orlanda não conseguia alugar e nem realizar a venda do imóvel de 900 m². Nesse período, ela ficou residindo em outro apartamento na região central e contando com a ajuda de parentes.

"Ela sempre argumenta que o casal bagunçou a vida financeira dela e se arrepende amargamente de ter se envolvido com eles. O dinheiro daquele imóvel estava na poupança e ela poderia estar tranquila até hoje, porém agora não pode nem vender a casa porque ainda não está no seu nome", comentou na época o advogado.

Compra da mansão

Segundo Alves, vários detalhes do inquérito policial permaneceram em sigilo na época. "O dinheiro da idosa estava na poupança e ela fez uma transferência de R$ 535 mil, o mesmo valor da escritura. Ao delegado, foi comentado detalhes de como os golpistas conseguiram enganá-la para adquirir a mansão. O ano de 2011, conforme o advogado, foi o ano em que ela mais foi ludibriada pelos suspeitos.

"A barbaridade que eles inventaram chegou ao conhecimento do delegado que presidia o inquérito, pois a D. Orlanda contou os detalhes. A pastora disse que tinha conseguido contato com o pai dela, já falecido. Ela ainda falou que o pai tinha feito o pedido de agilizar a compra da casa, principalmente porque era para ajudar mais pessoas. Com isso, eles forjaram uma ligação e o marido da pastora fingia ser o pai dela, pedindo para que o pedido da pastora fosse atendido", explicou Afrânio.

Móveis arrancados

Quando retornou ao local, em agosto de 2013, logo após retirar as chaves da casa no Fórum, a idosa percorreu os cômodos e constatou que pias, armários e guarda-roupas embutidos foram arrancados do local pela mulher que se apresentava como pastora.

"Ela acabou com minha casa e minha vida. Estou decepcionada pela calamidade que ela fez. O que ela não pôde levar, destruiu. Só não arrancou o telhado porque ia ficar difícil para ela levar", relatou ao G1 na ocasião.

Entenda o caso

A vítima contou que conheceu quando passou a frequentar a igreja em que a acusada era pastora, no Coronel Antonino.

De acordo com a idosa, a casa foi parar com os suspeitos porque ela foi convencida a comprar o imóvel e colocar em nome deles, que se mudaram com os filhos para lá, para fazer um trabalho voltado para idosos no local. A casa fica localizada na rua Maranhão, bairro Coronel Antonino.

A partir da suspeita, a família da idosa levou o caso à polícia, em 2011. Os policiais verificaram indícios de estelionato e o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou a pastora e o marido dela à Justiça. Em dezembro de 2012, a Justiça determinou que o imóvel fosse devolvido à idosa. O casal recorreu, porém o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) manteve a decisão de primeiro grau.

Por Graziela Rezende
Fonte: G1
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