goo.gl/tc1QS1 | O juiz William Mallory, do Condado de Hamilton, Ohio, só manda réus para a cadeia quando não consegue escapar da camisa de força das duras Diretrizes de Sentenças, que prevalecem nos EUA para crimes mais graves. De outra forma, ele aplica penas alternativas — e se orgulha de sua criatividade ao fazê-lo.
Nesta quarta-feira (1º/6), o juiz ganhou o noticiário por mais uma “sentença criativa”. Ele condenou Jake Strotman, 23, católico praticante, a frequentar, todas as manhãs de domingo, por 12 semanas consecutivas, a Igreja Batista, com cujos adeptos teve uma desavença. Porém, a ideia nem foi dele. Foi do réu.
Em um sábado à noite, em janeiro, a caminho de casa após um jogo de hóquei do Cincinnati Cyclones, Strotman, que é vendedor autônomo de janelas, divisórias e portas, abordou um grupo de fiéis da Igreja Batista, que pregavam sua fé na rua. Ao vê-lo com algumas cervejas, os fiéis declararam que ele estava condenado ao fogo do inferno.
Segundo ele disse ao juiz, a discussão não acabou bem. Um outro homem, que não tinha nada a ver com a questão, se irritou com a pregação, empurrou um fiel, e uma briga estourou. Strotman foi o primeiro a cair e beijar o asfalto. Em cima dele, se formou uma pilha de briguentos. Ao se debater para levantar, atingiu com a mão os óculos de Joshua Johnson. Uma lente se quebrou e cortou o rosto do fiel.
A polícia não tardou a chegar, e Strotman passou o resto da noite na delegacia. Os policiais — e mais tarde os promotores — construíram um caso contra ele de tentativa de agressão.
Nada tão grave, mas o suficiente para lhe garantir 90 dias atrás das grades. No entanto, no julgamento, Strotman já conhecia a fama do juiz das sentenças criativas. Antes que o juiz pronunciasse a sentença, ele pediu que lhe fosse aplicada a pena alternativa de frequentar a Igreja Batista por determinado período. Seria uma oportunidade para ele aprender a respeitar a religião dos outros.
A proposta foi imediatamente aceita pela outra parte — ou seja, pelo fiel Joshua Johnson. Afinal, não é todo o dia que, de uma briga, nasce a semente de uma conversão para o reino do Senhor. O advogado e promotor concordaram, e o juiz também. Mais uma sentença criativa para o histórico do juiz William Mallory.
Na Igreja Batista Estrela da Manhã, a 40 quilômetros de sua casa, Stortman terá de assistir ao serviço religioso completo, que dura 90 minutos. Ele cumprirá um “programa semanal”, que deverá ser assinado, a cada domingo, pelo pastor. No total, vai enfrentar 18 horas de ensinamentos da Igreja Batista.
O prejuízo de Strotman não ficou nisso. Ele terá de pagar uma multa de US$ 480 e US$ 2,8 mil em honorários advocatícios. Porém, para Strotman, um homem de negócios, o investimento poderá valer a pena. Ele terá todas as manhãs de domingo, por 12 semanas, para “fazer amigos e influenciar pessoas”, como preconiza a cartilha de Dale Carnegie, que todo vendedor lê.
“Quem sabe, no final das contas, vou vender algumas janelas, divisórias e portas a meus novos amigos e clientes”, ele disse ao Cincinnati Enquirer e à TV 12News.
*Texto alterado às 11h40 do dia 2 de junho de 2016 para correção.
Por João Ozorio de Melo
Fonte: Conjur
Nesta quarta-feira (1º/6), o juiz ganhou o noticiário por mais uma “sentença criativa”. Ele condenou Jake Strotman, 23, católico praticante, a frequentar, todas as manhãs de domingo, por 12 semanas consecutivas, a Igreja Batista, com cujos adeptos teve uma desavença. Porém, a ideia nem foi dele. Foi do réu.
Em um sábado à noite, em janeiro, a caminho de casa após um jogo de hóquei do Cincinnati Cyclones, Strotman, que é vendedor autônomo de janelas, divisórias e portas, abordou um grupo de fiéis da Igreja Batista, que pregavam sua fé na rua. Ao vê-lo com algumas cervejas, os fiéis declararam que ele estava condenado ao fogo do inferno.
Segundo ele disse ao juiz, a discussão não acabou bem. Um outro homem, que não tinha nada a ver com a questão, se irritou com a pregação, empurrou um fiel, e uma briga estourou. Strotman foi o primeiro a cair e beijar o asfalto. Em cima dele, se formou uma pilha de briguentos. Ao se debater para levantar, atingiu com a mão os óculos de Joshua Johnson. Uma lente se quebrou e cortou o rosto do fiel.
A polícia não tardou a chegar, e Strotman passou o resto da noite na delegacia. Os policiais — e mais tarde os promotores — construíram um caso contra ele de tentativa de agressão.
Nada tão grave, mas o suficiente para lhe garantir 90 dias atrás das grades. No entanto, no julgamento, Strotman já conhecia a fama do juiz das sentenças criativas. Antes que o juiz pronunciasse a sentença, ele pediu que lhe fosse aplicada a pena alternativa de frequentar a Igreja Batista por determinado período. Seria uma oportunidade para ele aprender a respeitar a religião dos outros.
A proposta foi imediatamente aceita pela outra parte — ou seja, pelo fiel Joshua Johnson. Afinal, não é todo o dia que, de uma briga, nasce a semente de uma conversão para o reino do Senhor. O advogado e promotor concordaram, e o juiz também. Mais uma sentença criativa para o histórico do juiz William Mallory.
Na Igreja Batista Estrela da Manhã, a 40 quilômetros de sua casa, Stortman terá de assistir ao serviço religioso completo, que dura 90 minutos. Ele cumprirá um “programa semanal”, que deverá ser assinado, a cada domingo, pelo pastor. No total, vai enfrentar 18 horas de ensinamentos da Igreja Batista.
O prejuízo de Strotman não ficou nisso. Ele terá de pagar uma multa de US$ 480 e US$ 2,8 mil em honorários advocatícios. Porém, para Strotman, um homem de negócios, o investimento poderá valer a pena. Ele terá todas as manhãs de domingo, por 12 semanas, para “fazer amigos e influenciar pessoas”, como preconiza a cartilha de Dale Carnegie, que todo vendedor lê.
“Quem sabe, no final das contas, vou vender algumas janelas, divisórias e portas a meus novos amigos e clientes”, ele disse ao Cincinnati Enquirer e à TV 12News.
*Texto alterado às 11h40 do dia 2 de junho de 2016 para correção.
Por João Ozorio de Melo
Fonte: Conjur