Figurinos de 1930, 1940 e 1950: Passado inspira estilo de vida de advogado mineiro

goo.gl/EfrflP | O advogado Eric Elias Guimarães tem 26 anos. Seus modos são alinhados e medidos, até mesmo no jeito de falar. Mas o que mais impressiona as pessoas que o encontram nas ruas de Belo Horizonte é o jeito dele se vestir. O advogado vive literalmente no passado, dos pés à cabeça, até mesmo para trabalhar. Eric usa figurinos inspirados nas décadas de 1930, 1940 e 1950.

Quem viu Eric desfilando pelo Tweed Ride no último domingo, em uma bicicleta Caloi 1950, original de fábrica, e usando roupas e óculos estilo anos 1930, jamais imaginaria que esse visual excêntrico faça parte do cotidiano do advogado. Até para trabalhar, ele adota um figurino vintage e chama a atenção nas ruas e no escritório. Em casa, a paixão pelo passado também se faz presente. Os móveis são de estilo retrô, a música vem de um gramofone, e por aí vai.

“Desde criança, falava para os meus pais que queria uma bengala, um fraque. Fiquei empolgado com isso e comecei a fazer fotos. Como entrei na faculdade de direito, que tem o terno e a gravata, digamos assim, como farda do advogado, trouxe esse meu estilo para o cotidiano. Adotei o chapéu de feltro, passei a usar cinto, gravata e suspensório, colete por cima e terno transpassado, com quatro botões na frente, sapatos de duas cores, gravatas com várias estampas, não apenas gravata borboleta, relógio de bolso ou de pulso mais antigo. Também adotei o lenço no bolso do paletó, trazendo o visual antigo para o novo”, conta Eric,  “Combino a cor do terno de acordo com a cor do chapéu, como chapéu cinza com terno preto, chapéu bege com terno creme ou marrom”, comenta.

Algumas roupas e acessórios do advogado são modelos anteriores à década de 1930, peças raras que ele mantêm guardadas, com medo de estragá-las. Eric faz tanto sucesso com seu jeito de vestir que já foi consultado para assessorar produções de épocas da televisão. Já participou, inclusive, de um curta-metragem mudo. Nas redes sociais, são mais de 300 fotografias dele ambientadas em outras épocas, com filtros para reforçar o amarelado do passado.

Nas ruas, as reações das pessoas são diversas, conta ele. “Tem pessoas que ficam chocadas e falam: ‘Nossa, que diferente!’. Tem pessoas que acham graça e falam: ‘Você está indo para uma festa de fantasia, uma coisa do tipo?’”, conta o advogado.

CLIENTES COMENTAM Certa vez, quando deixava uma galeria de arte, ele conta que deu de cara com um bêbado na rua e este começou a gritar: “Nossa, voltei a 1960”, disse. Outra vez, segundo ele, as pessoas o pararam em frente ao Minascentro, admiradas com o seu terno, colete, chapéu de feltro e relógio de bolso. “Para todos, eu tinha voltado dos anos 1930. A maioria das pessoas tende a achar diferente, elegante. Até no meu próprio escritório, os meus clientes comentam”, disse Eric.

E uma coisa vai puxando a outra, conta ele. Do vestuário, ele também passou a gostar de filmes antigos, lojas de antiguidades e da literatura de cada época. “Com Machado de Assis, por exemplo, você começa a entender os hábitos da sociedade daquela época”, disse.

De tanto viver mergulhado no passado, o advogado acabou adotando um jeito de falar diferente. “Conforme você vai lendo, a gente acaba adotando o vocabulário antigo. A própria carreira de direito contribui um pouco com isso. A gente acaba falando de um jeito mais rebuscado e aí as pessoas sentem a diferença. A gente retoma certas palavras que estão em desuso. No passado, as pessoas tinham um pouco mais de tato. Eram muito mais polidas, infelizmente mais hipócritas, lógico, mas tinham um trato social com mais cuidado”, compara o advogado.

Para conseguir suas roupas, o advogado recorre a brechós. Mas, dependendo do modelo do terno que quer,  ele faz pesquisa na internet para saber onde comprar, ou manda confeccionar a peça. “Sem perceber, acabei sumindo com todas as peças modernas do meu guarda-roupa. Antigamente, eu usava camisetas, bermudas e calças jeans. Agora, só uso mais camisa de botões, casaquinho de lã, bonés estilos mais antigos, sapatos sociais. Só uso o contemporâneo em caso de necessidade, como tênis para fazer caminhada ou para ir à academia”, disse.

Por Pedro Ferreira
Fonte: em
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