Estudante é xingada de 'macaca' dentro de escola no Espírito Santo e mãe denuncia racismo

goo.gl/V6BkCl | Uma menina de 11 anos foi vítima de racismo por uma colega de turma dentro de uma escola municipal de Cariacica, no Espírito Santo. Segundo a mãe da criança, a colega tirou uma foto da filha e publicou em uma rede social com a legenda ‘macaca’.

O fato aconteceu na terça-feira (28), mas a menina só contou para a mãe no dia seguinte. “Ela me falou que uma coleguinha da escola tinha tirado uma foto dela no intervalo e postou com essa legenda. Eu fiquei sem reação na hora. A gente nunca espera que isso aconteça na nossa casa”, disse a mãe, uma universitária de 31 anos.

Logo após saber disso, a mãe decidiu procurar nas redes sociais, mas não encontrou a foto. “Eu procurei no Facebook e não achei. Depois a própria menina enviou para minha filha, dizendo que era uma brincadeira. Pela forma como estava a foto, vi que tinha sido no Snapchat. Como nem eu, nem minha filha temos essa rede social, ficamos sabendo pela própria colega”, completou.

Com a imagem em mãos, a mãe procurou a escola. “Eles disseram que iam dar uma suspensão para a menina e depois iam chamar os pais dela. Tentei ver com a escola o nome dos pais para procurá-los para conversar, mas ainda não consegui o contato”, afirmou.

Segundo a universitária, na sexta-feira (1), a filha e a colega foram chamadas na coordenação para conversar sobre o assunto.

Primeira vez

Essa foi a primeira vez que a menina foi vítima de racismo. “A gente vê isso acontecendo, mas nunca acha que vai acontecer na nossa casa. Ela ficou com medo do que poderia acontecer, por isso não quis contar. Ficou com medo da coleguinha ficar com raiva dela. Eu fiquei em estado de choque, sem saber como proceder. Minha filha é uma menina muito doce, boazinha”, relatou a mãe.

Para a mãe, a atitude da colega não pode ser vista como brincadeira. “A menina que falou isso também tem 11 anos, se ela faz isso foi porque ouviu algum adulto falar e achou legal reproduzir. Eu crio a minha filha para respeitar as diferenças e por isso a gente espera que os outros também criem os filhos assim”.

Delegacia

Depois de falar com a escola, a mãe decidiu procurar a Delegacia do Adolescente em Conflito com a Lei para registrar a ocorrência de crime de racismo. Mas ao chegar ao local, foi informada que por se tratar de uma criança de 11 anos não tem como registrar a ocorrência.

“A colega da minha filha tem 11 anos, então ela imputável, não responde por nada. Disseram para procurar o Conselho Tutelar, devo fazer isso em breve, depois de conseguir o contato dos pais dela com a escola”.

Prefeitura de Cariacica

A Prefeitura de Cariacica foi procurada pelo G1 e disse em nota que convidou a família das duas crianças para esclarecer a situação, junto com as alunas na tarde da sexta-feira (1).

"Os responsáveis não compareceram. Mesmo assim, a coordenação pedagógica conversou com as crianças. A estudante pediu desculpas à colega vítima do preconceito. Ambas estão frequentando as aulas normalmente", disse a nota.

A prefeitura informou ainda que será feito um trabalho de esclarecimento sobre bullying e racismo com a turma onde ocorreu o fato.

"A rede municipal de Cariacica, preocupada com a causa, possui a Coordenação de Trabalhos Étnicos Raciais, que, periodicamente, promove eventos que debate assuntos de igualdade social e racial. Inclusive, nesta quarta (6), a Secretaria Municipal de Educação irá receber o jornalista e escritor angolano Augusto Alfredo Lourenço, para um bate papo com alunos, no qual será discutido justamente as conquistas da igualdade racial", concluiu a nota.

Por Viviane Machado
Fonte: G1
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