Grupo de extermínio: PMs presos são suspeitos de atacar casa de juiz e promotor a tiros

goo.gl/wkXZlK | O grupo de extermínio, suspeito de ser comandado por policiais militares de Rondônia, pode estar envolvido nos ataques contra a casa de um juiz e um promotor de Jaru (RO), a 290 quilômetros de Porto Velho. Em agosto de 2015, durante um apagão, criminosos que estavam em uma motocicleta se aproximaram das residências na escuridão e efetuaram vários disparos de arma de fogo contra as casas das autoridades. Conforme o procurador geral do Ministério Público de Rondônia (MP-RO), Airton Pedro Marin, a atitude dos 11 PMs presos na Operação Mors foi uma afronta.

"É uma atuação muito pretenciosa e muito confiante desse grupo. Uma afronta ao poder do estado, na condução das políticas de contenção a criminalidade", diz o procurador.

Os 11 policiais suspeitos de fazerem parte do grupo de extermínio foram presos pela Polícia Federal (PF), em Jaru (RO), durante operação realizada na quinta-feira (7). Além dos militares, outras duas pessoas foram presas e levadas até a sede da PF em Ji-Paraná (RO).

Em nota, a assessoria da PM diz que a Corporação 'apoiou a operação em tudo que foi solicitado' e que a Corregedoria da PM irá apurar com o máximo de rigor, através de processo administrativo, se algum dos acusados feriu o sentimento do dever e o decoro da classe. Os policiais suspeitos poderão ser expulsos da corporação. O G1 não conseguiu contato com os advogados de defesa dos suspeitos.

"A atuação do MP junto com a PF se deu a partir dos atentados às residências de promotores e juízes. Serão realizadas ainda a apuração das provas que foram coletadas e mais as instruções judiciais que vão acontecer a partir das denúncias", relata o procurador de justiça do MP Cláudio Hager.

Uma 14º pessoa deveria ter sido presa pela PF no estado durante a operação, mas não foi encontrada. Na noite de quinta, a PF informou que o foragido se entregou na cidade de Presidente Prudente (SP), mas o nome do suspeito não foi divulgado.

Conforme investigações da Operação Mors, o grupo de extermínio, comandado por policiais militares na região do Vale do Jamari, executava vítimas por motivos fúteis, acreditando na "ideologia da limpeza social" ou de "higienização social". Os policiais envolvidos executavam como forma de justiça privada. Pequenos infratores locais e usuários de droga seriam algumas das vítimas do grupo.

Após prestarem depoimento em Ji-Paraná (RO), os policiais foram levados até Porto Velho, onde vão ficar detidos no Centro de Correição da PM, na capital.

Ataques

Os atentados contra as casas do juiz e do promotor aconteceram no dia 11 de agosto de 2015 e tiveram início após o apagão da energia elétrica que afetou grande parte do estado. O primeiro ataque ocorreu na residência do juiz de direito, onde os disparos realizados ultrapassaram o portão e atingiram a lataria de um automóvel que estava na garagem.

Logo após fugirem do local, os criminosos atiraram contra a casa do promotor de justiça. No local, segundo a PM, os tiros também atravessaram o portão e atingiram uma mureta de concreto. Ninguém ficou ferido.

Operação

As prisões das 13 pessoas, sendo 11 policiais militares, foram feitas em Jaru no início da manhã de quinta-feira (7). Segundo a PF, 250 policiais participaram da ação, que também aconteceu no Mato Grosso. Após serem presos, os suspeitos foram transferidos até a cidade de Ji-Paraná para prestarem depoimento.

De acordo com o delegado Eduardo Gomes, chefe da investigação da PF, não haviam critérios específicos para as execuções. "Continuavam ocorrendo as mortes com a ideologia da limpeza social. O crime evoluiu, as motivações são as mais variadas, interesses pessoais, interesses financeiros, motivos fúteis e inclusive o interesse do grupo em manter o anonimato, executando testemunhas", diz Gomes.

Em 2014, os homicídios se intensificaram. Segundo a polícia, o grupo perdeu o controle de suas ações. "Foram intimidados funcionários da Justiça, Ministério Público, presidente da OAB, sendo suas residências alvejadas como forma de retaliação. Houve outros homicídios de advogados e empresários", afirma Gomes.

Leia na íntegra a nota de esclarecimento da Polícia Militar do Estado:

A Polícia Militar do Estado de Rondônia vem a público informar que não campactua com os fatos envolvendo policiais militares, que tiveram mandados de prisão cumpridos nesta quinta-feira (7) na Operação Mors, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO, na cidade de Jaru, em Rondônia.

O Comando Geral da PM reafirma que não é condescendente com nenhuma ação que não seja pautada pela lei e reforça que a Corporação é regulada pela legalidade e pelo cumprimento dos direitos humanos.

A Corregedoria da Polícia Militar irá apurar com o máximo de rigor, através de um processo administrativo, se algum dos acusados feriu o sentimento do dever, o pundonor policial-militar e o decoro da classe, que impõe a cada um dos integrantes da Polícia Militar conduta moral e profissional irrepreensíveis; cumprir e fazer cumprir as leis; proceder de maneira ilibada na vida pública e particular; e conduzir-se, mesmo fora do serviço, de modo que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro policial-militar. Após o devido processo administrativo, os envolvidos poderão ser excluídos das fileiras da PM, sempre obedecendo o devido processo legal.

A Corporação reitera que apoiou a Operação da PF em conjunto com o GAECO em tudo que foi solicitado, mantendo o bom relacionamento entre as instituições.

Fonte: G1
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