Estudantes querem ação do MP contra suposta diferença entre notas do Enem

goo.gl/Ccei7b | Estudantes de Uberlândia e Uberaba, que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na segunda aplicação, estão questionando os resultados e alegando que foram prejudicados. Eles procuraram o Ministério Público Federal (MPF) para tentar esclarecer as diferenças das notas da primeira e segunda prova do ano passado.

Os alunos pedem a suspensão do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) até que a situação se esclareça. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) garante que não há irregularidades.

Em novembro de 2016, o Ministério da Educação (MEC) estipulou que 270 mil estudantes fariam as provas em uma segunda aplicação, 3 e 4 de dezembro. A medida foi tomada por conta das ocupações em 405 escolas do país, em protestos contra o Governo Federal. Cerca de 6 milhões de alunos fizeram o exame em 5 e 6 de novembro. No Triângulo Mineiro e Noroeste do estado a prova foi adiada para mais de 13 mil estudantes.

Segundo alguns alunos que fizeram as provas dias 3 e 4 de dezembro, eles foram prejudicados, pois não houve igualdade na forma de avaliação das notas pelo Inep. A calibragem das questões não teria sido a mesma em relação a quem fez a primeira prova. No MPF em Uberlândia, eles foram recebidos pelo procurador da república, Leonardo Macedo, que se comprometeu a pedir informações ao MEC.

O estudante Raphael Figueiredo alega que há alunos que acertaram 34 questões e tiraram 860 na primeira prova. Ele acertou 39 e tirou 830. “Não temos nem chance de competir no Sisu com quem fez a primeira aplicação”, contou.

A advogada e mãe de aluna, Kênia Atrizia Costa, diz que talvez a filha Isabela Costa tenha que adiar o sonho de fazer medicina por conta da diferença nos resultados. A estudante conta que fez a simulação da primeira prova em casa, cronometrando o tempo, como se estivesse sendo avaliada, verificou o número de acertos e tinha certeza que passaria com eles.

“Quando fiz a segunda prova e somei os acertos também achei que passaria. Mas depois fiquei extremamente decepcionada com a nota. A isonomia do exame não foi assegurada, principalmente pra quem fez mais de 40 pontos, nas disciplinas. Isso foi muito injusto”, declarou ela.

Alice Hueb é uma das 1.317 alunas de Uberabaque fez a segunda aplicação. Ela diz que muitos outros estudantes do país reclamam do mesmo caso. Para tentar reverter o problema, um grupo no Whatsapp foi criado e todos estão entrando com ações no MPF. Alice também conta que, além do problema com as notas, quem fez a segunda prova também está tendo dificuldades para acessar a página do Sisu na internet, procedimento indispensável para tentar uma vaga em uma universidade pública.

Inep esclarece

Em nota, o Inep esclareceu que é impossível afirmar que há disparidade entre as notas dos candidatos das duas aplicações do Enem, uma vez que os percentuais de acerto não são divulgados. Eles ainda afirmaram que um simples depoimento de candidatos é insuficiente, pois eles não ficam com seu cartão de resposta e é comum a marcação errada desses cartões.

Além disso, o Inep garantiu que dois alunos podem ter a mesma quantidade de acertos em uma prova e ter médias de proficiência diferentes, uma vez que os itens podem ter parâmetros diferentes de dificuldade.

Ainda segundo o Inep, o grau de dificuldade das três provas aplicadas em 2016 – 1ª e 2ª aplicações e pessoas privadas de liberdade (PPL) – é garantido pelos parâmetros dos itens e pela aplicação da Teoria de Resposta ao Item (TRI). A TRI não contabiliza apenas o total de acertos. Embora exista uma relação entre o número de acertos e a proficiência, esta não é apenas o percentual de itens acertados.

Fonte: g1 globo
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