goo.gl/gN0Q2N | O jovem José Humberto Pires de Campos Filho, de 22 anos, que sofre com problemas renais, luta na Justiça para ter o direito de não passar por sessões de hemodiálise, o único tratamento médico para sua condição. Morador de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, ele reconhece que pode morrer sem o procedimento, mas diz que não tem intenção de enfrentá-lo por considerar "dolorido". O rapaz afirma que não vê perspectiva de cura, nem mesmo com um transplante.
Contrária à essa decisão, a mãe de José, a microempresária Edina Maria Alves Borges, também recorreu ao Poder Judiciário para exigir que o filho faça o tratamento, mesmo contra vontade.
Inclusive, ela já obteve uma liminar que interdita o rapaz de forma parcial e provisória e o obriga a frequentar as sessões.
Os dois participaram de uma audiência na terça-feira (14), no Fórum de Trindade, para discutir o caso. Convicto, José Humberto diz que sua decisão é irrevogável.
"Fico feliz porque minha mãe não quer que eu tome minha decisão, mas, na verdade, essa escolha minha ainda vai continuar. Eu tenho noção [que posso morrer sem o tratamento]. A minha decisão não muda mesmo com a audiência", disse.
No entanto, o rapaz concordou em passar por, ao menos, mais uma sessão de hemodiálise. A decisão do juiz Éder Jorge, da Comarca de Trindade, segue favorável à mãe. Porém, ele determinou que não haja coerção física e que José Humberto passe por terapia com psicológos e assistentes sociais.
O jovem descobriu a doença renal quando morava com o pai nos Estados Unidos. Em seguida, ele retornou para o Brasil e iniciou as sessões de hemodiálise. Por cinco meses, lembra que deu uma "chance" ao método, mas depois desistiu alegando dores, mal-estar e problemas com os efeitos colaterais.
Ele também reclama que teve de mudar o jeito de viver, alterando sua alimentação e deixando de praticar os esportes que gostava. Nem mesmo a ideia de um transplante o anima. "Para quem quer, talvez dê certo, porque ele pode durar até você morrer. Mas tem vezes que o rim morre bem antes do planejado e você tem que voltar para a hemodiálise", afirma.
"Foi uma decisão [de entrar na Justiça] não só como mãe, mas com a vontade de ver o ser humano bem. Eu acredito que ele possa viver bem. Acredito tanto que ele vai olhar para trás um dia e dizer: 'Obrigado viu mãe, por ter me trazido até aqui'. Isso vai acontecer", afirma.
Mãe acredita que ainda pode demover o filho da ideia de para terapia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Durante audiência na Justiça, que não pôde ser acompanhada pela imprensa, a mãe diz que sugeriu ao juiz que o filho mantenha acompanhamento psicológico para avaliar sua parte afetiva e de onde surgiu a ideia da desistência da vida.
"Todo mundo fala que o normal é o ser humano lutar para viver. Já ele não tem isso, alguma coisa está errada", pontuou Edina.
Ainda de acordo com o juiz, diante da enfermidade, ele não é totalmente capaz de agir livremente no caso. Sob essa circunstância, procedeu com a interdição "unicamente para que sua genitora trate dos assuntos relativos à sua saúde e tratamento médico necessário".
Além do documento, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), durante a audiência, José Humberto aceitou fazer mais uma sessão de hemodiálise. Nesse meio tempo, ele fará terapia com psicólogos e assistentes sociais do órgão.
O magistrado solicitou, ainda, conforme a assessoria, que a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) promova a defesa do rapaz e a apresente em até 15 dias. Após isso, haverá uma perícia, a análise do Ministério Público de Goiás e, finalmente, a sentença.
Por Sílvio Túlio
Fonte: g1 globo
Contrária à essa decisão, a mãe de José, a microempresária Edina Maria Alves Borges, também recorreu ao Poder Judiciário para exigir que o filho faça o tratamento, mesmo contra vontade.
Inclusive, ela já obteve uma liminar que interdita o rapaz de forma parcial e provisória e o obriga a frequentar as sessões.
Os dois participaram de uma audiência na terça-feira (14), no Fórum de Trindade, para discutir o caso. Convicto, José Humberto diz que sua decisão é irrevogável.
"Fico feliz porque minha mãe não quer que eu tome minha decisão, mas, na verdade, essa escolha minha ainda vai continuar. Eu tenho noção [que posso morrer sem o tratamento]. A minha decisão não muda mesmo com a audiência", disse.
No entanto, o rapaz concordou em passar por, ao menos, mais uma sessão de hemodiálise. A decisão do juiz Éder Jorge, da Comarca de Trindade, segue favorável à mãe. Porém, ele determinou que não haja coerção física e que José Humberto passe por terapia com psicológos e assistentes sociais.
O jovem descobriu a doença renal quando morava com o pai nos Estados Unidos. Em seguida, ele retornou para o Brasil e iniciou as sessões de hemodiálise. Por cinco meses, lembra que deu uma "chance" ao método, mas depois desistiu alegando dores, mal-estar e problemas com os efeitos colaterais.
Ele também reclama que teve de mudar o jeito de viver, alterando sua alimentação e deixando de praticar os esportes que gostava. Nem mesmo a ideia de um transplante o anima. "Para quem quer, talvez dê certo, porque ele pode durar até você morrer. Mas tem vezes que o rim morre bem antes do planejado e você tem que voltar para a hemodiálise", afirma.
Mãe segue confiante
Indo contra a vontade do filho, a mãe segue confiante de que o rapaz cumprirá a decisão que o obriga a fazer o tratamento. Segundo Edina, o pedido foi feito depois que o jovem ficou 20 dias sem filtrar o sangue e apresentou inchaço, exames preocupantes e risco de embolia pulmonar e parada cardíaca."Foi uma decisão [de entrar na Justiça] não só como mãe, mas com a vontade de ver o ser humano bem. Eu acredito que ele possa viver bem. Acredito tanto que ele vai olhar para trás um dia e dizer: 'Obrigado viu mãe, por ter me trazido até aqui'. Isso vai acontecer", afirma.
Mãe acredita que ainda pode demover o filho da ideia de para terapia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Durante audiência na Justiça, que não pôde ser acompanhada pela imprensa, a mãe diz que sugeriu ao juiz que o filho mantenha acompanhamento psicológico para avaliar sua parte afetiva e de onde surgiu a ideia da desistência da vida.
"Todo mundo fala que o normal é o ser humano lutar para viver. Já ele não tem isso, alguma coisa está errada", pontuou Edina.
Interdição
Na liminar, o magistrado destaca que José Humberto passou por avaliações médicas-psicológicas nas quais foi constatado que ele apresenta "absoluta normalidade" em relação ao fato. Porém, observou-se que o paciente mostra "redução na capacidade decisória", que configura "Transtorno de Ajustamento", caracterizado por sofrimento emocional.Ainda de acordo com o juiz, diante da enfermidade, ele não é totalmente capaz de agir livremente no caso. Sob essa circunstância, procedeu com a interdição "unicamente para que sua genitora trate dos assuntos relativos à sua saúde e tratamento médico necessário".
Além do documento, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), durante a audiência, José Humberto aceitou fazer mais uma sessão de hemodiálise. Nesse meio tempo, ele fará terapia com psicólogos e assistentes sociais do órgão.
O magistrado solicitou, ainda, conforme a assessoria, que a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) promova a defesa do rapaz e a apresente em até 15 dias. Após isso, haverá uma perícia, a análise do Ministério Público de Goiás e, finalmente, a sentença.
Por Sílvio Túlio
Fonte: g1 globo