goo.gl/B7jCfq | Workaholic. Perfeccionista. Dedicado demais ao trabalho. Essas são algumas das respostas mais ouvidas em entrevistas de emprego à famigerada questão: “Qual é o seu principal defeito?”. O truque é manjado: temendo revelar suas falhas verdadeiras e ser reprovado na seleção, o candidato faz elogios disfarçados a si mesmo. Quem não contrataria uma pessoa cujo único problema é gostar demais de trabalhar?
Não funciona. “Se o avaliador é minimamente experiente, vai perceber que o candidato não está sendo sincero e quer esconder alguma coisa”, afirma Guilherme Malfi, gerente de recrutamento da consultoria Talenses.
Ao fazer a clássica pergunta, o recrutador tem três objetivos em mente. Alô, recrutador: 4 dicas para não errar na escolha de contratação – Patrocinado
O primeiro é simples e direto: conhecer os pontos que o profissional à sua frente ainda precisa desenvolver. Isso é essencial para saber se ele está preparado para assumir imediatamente a vaga, ou se será preciso treiná-lo em algum aspecto técnico ou comportamental depois de contratá-lo.
A segunda intenção, um pouco mais sutil, é investigar o grau de autoconhecimento do candidato. “A sua resposta revela muito sobre o seu grau de maturidade e inteligência emocional”, diz Malfi. “Quem tem consciência das próprias lacunas é muito valorizado pelo mercado, porque a consciência daquilo que você não sabe é o primeiro passo para o aprendizado”.
O terceiro intuito é avaliar a sua abertura às críticas, diz Isis Borge, gerente da consultoria de recrutamento Robert Half. Segundo ela, a resposta do candidato mostrará se ele é humilde o suficiente para reconhecer suas próprias fraquezas e se abrir a eventuais feedbacks negativos — uma capacidade que será fundamental no dia a dia caso ele seja contratado.
Naturalmente, não existe resposta certa ou errada para esse questionamento: a única regra é dizer a verdade.
Ninguém gosta de expor suas falhas. Portanto, para conversar tranquilamente sobre os seus defeitos com o recrutador, é preciso entender a entrevista de emprego como um momento excepcional, único, atípico, totalmente diferente de qualquer outra situação social.
“Tire o peso atribuído culturalmente a essa pergunta e tente enxergá-la de outra forma, como uma ferramenta usada por outra pessoa para conhecer você de forma mais profunda”, afirma Borge. “Tire as máscaras e seja tão honesto com o recrutador quanto seria com você mesmo”.
A chave para deixar de enxergar a sinceridade como algo perigoso em um processo seletivo é compreender que nenhuma empresa séria e madura tem a pretensão de contratar um profissional perfeito. É aceitável e até esperado que você tenha problemas e dificuldades. Com um detalhe: é altamente desejável que você saiba muito bem quais eles são.
“No passado, era inadmissível dizer numa entrevista que você é uma pessoa desorganizada, por exemplo, era sinônimo de desclassificação”, afirma Malfi. “Hoje, as empresas estão muito mais abertas à sinceridade, preferem jogar um jogo mais transparente com os profissionais antes de contratá-los, para evitar surpresas desagradáveis depois”.
Ser honesto não é mais um risco, mas uma necessidade — tanto para ter um bom resultado na entrevista quanto para ser feliz no emprego que você eventualmente vai conseguir. Afinal, se os seus defeitos são considerados inaceitáveis pela empresa a ponto de eliminar você do processo seletivo, isso significa que você e aquele empregador não combinam e não serão felizes juntos.
A partir desse raciocínio, Borge e Malfi dão 3 conselhos básicos para se preparar para a pergunta mais temida da entrevista de emprego:
Não necessariamente você será confrontado com o questionamento sobre os seus defeitos, mas é bom estar preparado para ela se acontecer. A dica de Malfi é dedicar um tempo antes da entrevista para pensar profundamente sobre as suas fraquezas, tanto técnicas quanto comportamentais.
Como vão suas habilidades de escrita? Você tem dificuldade com números? Seu inglês anda enferrujado? Tem facilidade para se relacionar com pessoas diferentes de você? Consegue administrar seu tempo ou vive correndo atrás do relógio? Perguntas desse tipo podem guiar a sua reflexão e produzir boas conclusões. “Com essa preparação, você irá para a entrevista com uma resposta clara, embasada e sincera na ponta da língua”, diz o gerente da Talenses.
Mesmo pessoas com altíssimo grau de inteligência emocional não têm condições de saber tudo a seu próprio respeito. Por isso, antes da entrevista de emprego, é importante perguntar para profissionais que convivem com você quais são as principais falhas que eles percebem nas suas entregas e no seu comportamento de forma geral.
De acordo com Borge, é interessante ouvir o feedback de chefes, pares e subordinados. Quanto mais diversos forem os perfis dessas pessoas, melhor. Se você ainda não tem muita experiência profissional, vale também perguntar para familiares e amigos. O importante é ter uma visão externa sobre quem você é (ou aparenta ser).
Certo e errado podem ser conceitos muito relativos. A competitividade, por exemplo, é uma grande qualidade para empresas que valorizam o trabalho individual e a disputa agressiva por resultados. Por outro lado, pode ser um sério defeito sob o ponto de vista de um empregador com modelo de trabalho colaborativo e avesso ao “estrelismo” de um ou outro funcionário.
Na sua preparação, orienta Borge, busque investigar a fundo qual é a cultura da empresa e as características do cargo que você está pleiteando. Só assim você vai saber o que o recrutador realmente quer dizer com a palavra “defeito”.
Por Claudia Gasparini
Fonte: Exame
Não funciona. “Se o avaliador é minimamente experiente, vai perceber que o candidato não está sendo sincero e quer esconder alguma coisa”, afirma Guilherme Malfi, gerente de recrutamento da consultoria Talenses.
Ao fazer a clássica pergunta, o recrutador tem três objetivos em mente. Alô, recrutador: 4 dicas para não errar na escolha de contratação – Patrocinado
O primeiro é simples e direto: conhecer os pontos que o profissional à sua frente ainda precisa desenvolver. Isso é essencial para saber se ele está preparado para assumir imediatamente a vaga, ou se será preciso treiná-lo em algum aspecto técnico ou comportamental depois de contratá-lo.
A segunda intenção, um pouco mais sutil, é investigar o grau de autoconhecimento do candidato. “A sua resposta revela muito sobre o seu grau de maturidade e inteligência emocional”, diz Malfi. “Quem tem consciência das próprias lacunas é muito valorizado pelo mercado, porque a consciência daquilo que você não sabe é o primeiro passo para o aprendizado”.
O terceiro intuito é avaliar a sua abertura às críticas, diz Isis Borge, gerente da consultoria de recrutamento Robert Half. Segundo ela, a resposta do candidato mostrará se ele é humilde o suficiente para reconhecer suas próprias fraquezas e se abrir a eventuais feedbacks negativos — uma capacidade que será fundamental no dia a dia caso ele seja contratado.
Naturalmente, não existe resposta certa ou errada para esse questionamento: a única regra é dizer a verdade.
Sinceridade ou sincericídio?
Ninguém gosta de expor suas falhas. Portanto, para conversar tranquilamente sobre os seus defeitos com o recrutador, é preciso entender a entrevista de emprego como um momento excepcional, único, atípico, totalmente diferente de qualquer outra situação social.
“Tire o peso atribuído culturalmente a essa pergunta e tente enxergá-la de outra forma, como uma ferramenta usada por outra pessoa para conhecer você de forma mais profunda”, afirma Borge. “Tire as máscaras e seja tão honesto com o recrutador quanto seria com você mesmo”.
A chave para deixar de enxergar a sinceridade como algo perigoso em um processo seletivo é compreender que nenhuma empresa séria e madura tem a pretensão de contratar um profissional perfeito. É aceitável e até esperado que você tenha problemas e dificuldades. Com um detalhe: é altamente desejável que você saiba muito bem quais eles são.
“No passado, era inadmissível dizer numa entrevista que você é uma pessoa desorganizada, por exemplo, era sinônimo de desclassificação”, afirma Malfi. “Hoje, as empresas estão muito mais abertas à sinceridade, preferem jogar um jogo mais transparente com os profissionais antes de contratá-los, para evitar surpresas desagradáveis depois”.
Ser honesto não é mais um risco, mas uma necessidade — tanto para ter um bom resultado na entrevista quanto para ser feliz no emprego que você eventualmente vai conseguir. Afinal, se os seus defeitos são considerados inaceitáveis pela empresa a ponto de eliminar você do processo seletivo, isso significa que você e aquele empregador não combinam e não serão felizes juntos.
A partir desse raciocínio, Borge e Malfi dão 3 conselhos básicos para se preparar para a pergunta mais temida da entrevista de emprego:
1. Pense a respeito do assunto com antecedência
Não necessariamente você será confrontado com o questionamento sobre os seus defeitos, mas é bom estar preparado para ela se acontecer. A dica de Malfi é dedicar um tempo antes da entrevista para pensar profundamente sobre as suas fraquezas, tanto técnicas quanto comportamentais.
Como vão suas habilidades de escrita? Você tem dificuldade com números? Seu inglês anda enferrujado? Tem facilidade para se relacionar com pessoas diferentes de você? Consegue administrar seu tempo ou vive correndo atrás do relógio? Perguntas desse tipo podem guiar a sua reflexão e produzir boas conclusões. “Com essa preparação, você irá para a entrevista com uma resposta clara, embasada e sincera na ponta da língua”, diz o gerente da Talenses.
2. Peça feedback
Mesmo pessoas com altíssimo grau de inteligência emocional não têm condições de saber tudo a seu próprio respeito. Por isso, antes da entrevista de emprego, é importante perguntar para profissionais que convivem com você quais são as principais falhas que eles percebem nas suas entregas e no seu comportamento de forma geral.
De acordo com Borge, é interessante ouvir o feedback de chefes, pares e subordinados. Quanto mais diversos forem os perfis dessas pessoas, melhor. Se você ainda não tem muita experiência profissional, vale também perguntar para familiares e amigos. O importante é ter uma visão externa sobre quem você é (ou aparenta ser).
3. Estude o perfil da empresa e os requisitos da vaga
Certo e errado podem ser conceitos muito relativos. A competitividade, por exemplo, é uma grande qualidade para empresas que valorizam o trabalho individual e a disputa agressiva por resultados. Por outro lado, pode ser um sério defeito sob o ponto de vista de um empregador com modelo de trabalho colaborativo e avesso ao “estrelismo” de um ou outro funcionário.
Na sua preparação, orienta Borge, busque investigar a fundo qual é a cultura da empresa e as características do cargo que você está pleiteando. Só assim você vai saber o que o recrutador realmente quer dizer com a palavra “defeito”.
Por Claudia Gasparini
Fonte: Exame