STF: Aécio Neves é afastado da função de senador e deixa presidência do PSDB

goo.gl/2lREyZ | Faz 25 horas que o jornal O Globo revelou detalhes da delação do dono da empresa JBS Joesley Batista. Nesse período, o presidente da República avisou ao país que não vai renunciar, mesmo diante da acusação formal e escrita do Ministério Público de ele ter concordado com o pagamento mensal de propina para o ex-deputado preso Eduardo Cunha. E o candidato derrotado no segundo turno da última eleição presidencial, Aécio Neves, foi afastado da função de senador e, pressionado pela bancada, deixou a presidência do PSDB. A irmã e um primo dele estão presos.

Nesta edição do Jornal Nacional, você vai ter os detalhes e as primeiras consequências da delação de Joesley Batista.

Começando pelas ações do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal. O STF afastou das funções parlamentares o deputado Rodrigo Rocha Loures, do PMDB, além do senador tucano Aécio Neves. E a irmã e um primo de Aécio Neves estão entre as oito pessoas presas pela Polícia Federal na Operação Patmos.

Os policiais federais chegaram pouco depois das 6h ao Congresso. De terno. Parte da missão estava identificada numa ficha levada pela policial. A investigação chegava ao gabinete do senador Aécio Neves, do PSDB. Os agentes buscaram documentos e arquivos de computador.

Segundo a delação dos executivos da JBS, Aécio pediu e recebeu R$ 2 milhões do dono da empresa, Joesley Batista.

A polícia também foi à casa de Aécio, em Brasília. Ele estava lá no momento das buscas.

O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Luiz Edson Fachin, negou o pedido de prisão, mas determinou que ele seja afastado das funções de senador. Com isso, ele não poderá participar de votações nem apresentar projetos, por exemplo.

Andrea Neves, irmã do senador e apontada como operadora de Aécio, foi presa em Belo Horizonte. No Rio, no apartamento dela em Copacabana não tinha ninguém.

A polícia esteve também em um apartamento de Aécio em Ipanema. Foi necessário chamar um chaveiro para abrir a porta, porque estava vazio.

Os policiais também foram atrás de provas no gabinete de Zeze Perrela, senador do PMDB. O assessor dele recebeu dinheiro de Joesley, segundo a delação.

Fachin autorizou ainda buscas e determinou o afastamento de Rodrigo Rocha Loures, do PMDB, das funções de deputado. Ele recebeu R$ 500 mil de Joesley Batista para beneficiar a JBS, segundo a delação. O pedido de prisão foi negado.

A PF também fez buscas no gabinete dele na Câmara.

No Conselho Administrativo de Defesa Econômica teve busca - há a suspeita de que Rocha Loures tenha tentado atuar em favor da JBS.

Um procurador da República também foi alvo. Angelo Goulart foi preso em casa. A PF fez buscas na Procuradoria-Geral Eleitoral, na sede do Tribunal Superior Eleitoral.

O procurador é suspeito de vazar informações sigilosas à JBS em outra operação, a Greenfield, que investiga fundos de pensão. A operação não tem relação com a Justiça Eleitoral.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o sucesso dessa nova fase da Lava Jato tem um gosto amargo para o Ministério Público, e que a prisão do procurador e do advogado Willer Thomaz era pra interromper as atividades ilícitas.

O ex-deputado Eduardo Cunha foi alvo de novo mandado de prisão na operação desta quinta-feira. A PF foi ao endereço de Altair Alves, apontado como braço direito de Cunha. Altair foi citado como uma das pessoas que receberam dinheiro que era pago pelo empresário Joesley Batista.

Lucio Funaro, operador do PMDB que está preso, também foi alvo de novo mandado de prisão.

A irmã dele, Roberta Funaro, foi presa em São Paulo, onde foram cumpridos mandados de busca.

Um dos alvos foi o coronel João Batista Lima, policial militar aposentado e amigo de longa data de Temer.

A Polícia Federal também cumpriu um mandado de busca e apreensão na sede administrativa do Grupo Rodrimar, em Santos, no litoral de São Paulo. Os policiais apreenderam documentos de uma empresa cliente do grupo, considerado um dos mais importantes do Porto de Santos.

Essa empresa ligada à JBS contratava os serviços de despachante aduaneiro da Rodrimar para operações logísticas no Porto de Santos e em outros complexos no país. Os policiais foram ao local para recolher documentos ligados ao frigorífico que possam levar ao senador Aécio Neves.

Ao todo, a operação cumpriu 41 mandados de busca e oito de prisão no Rio, em São Paulo, Minas, Maranhão e Paraná. Entre os crimes investigados, corrupção, lavagem de dinheiro, constituição de organização criminosa.

A operação foi batizada de Patmos - a ilha grega onde, segundo a Bíblia, João teve visões do apocalipse.

A ação desta quinta-feira foi resultado da delação dos executivos da JBS, entre eles os irmãos Joesley e Wesley Batista.

A colaboração é recheada de provas: vídeos e gravações com os políticos.

A Procuradoria-Geral da República afirma que as provas revelam que alguns políticos “continuam a usar a estrutura partidária e o cargo para cometer crimes em prejuízo do estado e da sociedade. Com tarefas definidas, o núcleo político da organização criminosa investigada na Operação Lava Jato promove interações com agentes econômicos, com o objetivo de obter vantagens ilícitas, por meio da prática de crimes, sobretudo a corrupção".

O procurador-geral, Rodrigo Janot, disse que o caso “revela perplexidade, pois os fatos ocorreram apesar e durante as investigações de delitos graves praticados através de autênticas organizações criminosas enraizadas no poder público, envolvendo algumas das mais altas autoridades do país”.

Segundo o procurador Rodrigo Janot, “isso demonstra que o esperado efeito depurador e dissuasório das investigações e da atuação do Poder Judiciário lamentavelmente não vem ocorrendo e a espiral de condutas reprováveis continua em marcha nos mesmos termos e com a mesma ou maior intensidade e desfaçatez”.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica declarou que apoia plenamente as investigações e que colaborou e continuará colaborando integralmente com as autoridades. O advogado da Rodrimar disse que a empresa não está sendo investigada.

A defesa de Willer Tomaz disse que as acusações contra ele são injustas e serão devidamente esclarecidas.

Nós não conseguimos contato com Altair Alves, coronel Lima e o procurador Ângelo Goulart Vilela. Ao longo dessa edição nós vamos voltar a falar sobre os outros citados na reportagem, com as respostas de todos às denúncias.

Fonte: g1 globo
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