Delegado e PMs são indiciados após aceitarem asas de frango roubadas como 'agradecimento'

goo.gl/0xhfcO | Um delegado e dois policiais militares de Itajaí, no Vale, foram indiciados depois que aceitaram coxas de peru e asas de frango, provenientes de uma carga roubada, como "agradecimento". O caso ocorreu em janeiro, mas só foi divulgado nesta terça (14) pela Delegacia de Investigações Criminais (DIC). Um investigador particular, que presenteou os agentes, foi preso.

Segundo a investigação, os agentes teriam sido presenteados depois que liberaram um caminhão lotado de carnes para esse investigador particular, que não tinha qualquer vínculo com as mercadorias. "São atos de corrupção. Eles receberam as caixas em agradecimento pelo serviço prestado, mas o homem não tinha nenhum vínculo com a carga", disse o delegado Weydson da Silva.



Carga de aves congeladas havia sido roubada (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Em nota, a comunicação de PM afirmou não ter sido notificada. Já a Corregedoria da Polícia Civil informou ter instaurado sindicância.

Investigador particular achou carga

A carga havia sido levada a Central de Plantão Polícial (CPP) em 27 de janeiro de 2017. A Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência após denúncia do investigador particular, que disse ter encontrado o veículo em um estacionamento no bairro Cordeiros.

Já na CPP, conforme a investigação, o investigador particular disse ser o representante legal da empresa responsável pela carga. Com isso, o delegado da CPP autorizou que ele levasse o caminhão.

Antes de ir embora, em agradecimento, o homem deu à polícia parte da carga. O material foi distribuído dentro do pátio da Central de Plantão Polícial (CPP) de Itajaí, conforme imagens das câmeras de segurança.

"O procedimento estava errado. Casos como esse deveriam ser encaminhados para investigação da DIC", disse o delegado Silva. Em 31 de janeiro, quando a DIC assumiu o caso, foram encontradas peças de coxas de peru na geladeira da delegacia.

Após a descoberta da fraude e recuperação do caminhão, o veículo foi devolvido à verdadeira empresa responsável, com 26 toneladas de carne. Na empresa, foi constatada que mais de uma tonelada de mercadoria foi retirada do caminhão, o que equivalia a 67 caixas de coxas de peru e asas de frango.

Indiciamentos

No total, nove pessoas foram indiciadas nesse caso. O investigador particular foi preso em Curitiba. Ele e o filho dele foram indiciados pela DIC por corrupção ativa e furto qualificado. O investigador também foi indiciado por dirigir sem habilitação compatível com o caminhão e falsidade ideológica, por falsear dados inseridos no sistema da Polícia Civil.

Os dois policiais militares foram indiciados por prevaricação e por entregar veículo a pessoa não habilitada. O G1 solicitou a comunicação social da Polícia Militar mais informações sobre os dois suspeitos, sem resposta até a publicação desta notícia.

O delegado de polícia foi indiciado por corrupção passiva e prevaricação. A investigação solicitou à Justiça pela prisão do delegado, transformada em afastamento para outra delegacia.

O que dizem as polícias

A Corregedoria da Polícia Civil informou que instaurou uma sindicância preparatória ao procedimento administrativo. A Corregedoria diz ainda não ter acesso aos autos de inquérito.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que não foi notificada oficialmente sobre os fatos. "Assim que a comunicação oficial ocorrer, a corporação tomará as medidas investigatórias necessárias a apuração dos fatos."

Caminhão tinha histórico de roubo

Ainda conforme o delegado Silva, na investigação da DIC foi constatado que o caminhão, a câmara fria e a carga haviam sido previamente roubados por outras pessoas, sem vínculo com o investigador particular.

Weydson da Silva diz que quatro pessoas responsáveis por esses roubos, que ocorreram em momentos distintos entre 2014 e 2016, também foram indiciadas. Entretanto, a Justiça não aceitou o pedido de prisão deles encaminhado pela investigação policial.

Fonte: g1 globo
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