goo.gl/Bm6MgG | O estudante Mateus Ferreira, de 33 anos, agredido por um policial militar durante um protesto em Goiânia, participou, nesta quarta-feira (27), de uma audiência de instrução do processo na Justiça Militar. Após depoimento, a vítima afirmou que espera a condenação do réu, capitão Augusto Sampaio. O policial responde pelo crime de lesão corporal grave e não estava presente na sessão.
"Quero mostrar, acho que está bastante claro pra todo mundo, a gravidade da agressão que eu passei, e a situação que eu estava. Não estava fazendo nenhuma ilegalidade e recebi a agressão. Espero que [Sampaio] seja condenado pela agressão", disse o estudante ao G1.
Presidida pelo juiz Gustavo Assis, a sessão começou às 15h30. O depoimento do Mateus durou cerca de 40 minutos. O estudante contou do que se lembra do dia do protesto e do tempo que esteve no hospital.
"O que eu entendi que aconteceu foi que aconteceu algo atrás de mim, não sei se uma bomba, e corri para fugir disso, inclusive em direção contrária aos demais. Foi um momento de surpresa [quando o PM o agrediu], não vi de onde veio, passei a mão na testa e vi um buraco, até achei que fosse tiro. Me lembro de cair, mas não me recordo do socorro em diante", relatou.
Durante o depoimento, Mateus negou ter depredado imóveis ou agredido policiais durante a manifestação. Ele ainda disse que não arremessou pedras ou foguetes.
O estudante relatou que, após o incidente, passou por duas cirurgias neurológicas e teve a clavícula imobilizada. Além da cicatriz na testa, o jovem contou que ficou com sequelas na visão do olho esquerdo, pois, às vezes, aparece uma mancha preta, e teve o olfato reduzido. Ele contou que ainda passa por acompanhamento psicológico, que foi iniciado em junho.
"Consegui me recuperar fisicamente, mas tem toda a questão do trauma sofrido. É um momento de readaptação pra mim, as pessoas me conhecem na rua, algumas me perguntam se estou bem, outras curiosas, o que me incomoda, e outras hostis. Me preocupo ao andar na rua com medo de hostilidade", explica.
"Quinze mascarados partiram para cima de mim, o drone estava na minha mão, soltei o drone e afastei no controle. O capitão Sampaio junto com outros policiais contiveram os meninos e me separaram do grupo", relatou. Apesar disso, a testemunha não registrou o caso porque não se feriu e o drone não estragou.
No momento da agressão a Mateus, Giovane contou que estava a poucos metros do capitão da PM. "O Mateus veio correndo em direção ao monumento com outros manifestantes, ao Sampaio. Foi na hora que o Sampaio desferiu o golpe. O Mateus não tinha nada na mão naquele momento", relatou.
O operador de drone ressaltou ainda que "foi um momento caótico".
A defesa do capitão Sampaio tem até a próxima segunda-feira (2) para arrolar as testemunhas. A advogada do PM, Rosângela Magalhães, disse que ainda não definiu quantas pessoas vai intimar. Ela reforça a inocência do cliente.
"Ele agiu nos Estritos limites do dever e não houve dolo na conduta dele. Foi uma fatalidade de acertar a cabeça dele", defende Rosângela.
Já o assistente de acusação e advogado de Mateus, Bruno Pena ressalta que as duas ações, uma por lesão corporal e outra por abuso de autoridade, contra o capitão já estão na fase de instrução. "A expectativa é que seja condenado em ambas até para que sirva de exemplo aos demais", opinou.
Um vídeo mostra em detalhes o momento em que o estudante levou o golpe no rosto. Fotos também registraram a agressão. O impacto foi tão grande que o cassetete quebrou com a pancada.
Em seguida, o estudante foi levado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ficou internado por 18 dias, sendo 11 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O estudante passou por duas cirurgias. Na primeira, os médicos retiraram pedaços do osso quebrado. O segundo procedimento foi para reconstruir a parte afetada pela pancada na testa. Para isso, foram usados pinos e cimento ortopédico.
Capitão Augusto Sampaio está afastado das ruas pela Polícia Militar de Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
A atitude do militar, que está afastado das ruas, ao agredir Mateus com o cassetete na cabeça, segundo o representante do MP, foi "violenta e desproporcional, com abuso de autoridade" contra o segurança física do estudante.
Torres pontua ainda que os órgãos de segurança, inclusive a PM, "tiveram tempo hábil para programar a segurança do evento e tomar medidas efetivas para a proteção do cidadão e do patrimônio".
Durante audiência de qualificação na Justiça Militar, realizada em 19 de julho, Sampaio declarou que foi ameaçado de morte. Por isso, ele pediu para não informar ao Poder Judiciário o endereço da casa em que mora, apenas o do trabalho, o que foi atendido.
Por Paula Resende e Sílvio Túlio, G1 GO
Fonte: g1 globo
"Quero mostrar, acho que está bastante claro pra todo mundo, a gravidade da agressão que eu passei, e a situação que eu estava. Não estava fazendo nenhuma ilegalidade e recebi a agressão. Espero que [Sampaio] seja condenado pela agressão", disse o estudante ao G1.
Presidida pelo juiz Gustavo Assis, a sessão começou às 15h30. O depoimento do Mateus durou cerca de 40 minutos. O estudante contou do que se lembra do dia do protesto e do tempo que esteve no hospital.
"O que eu entendi que aconteceu foi que aconteceu algo atrás de mim, não sei se uma bomba, e corri para fugir disso, inclusive em direção contrária aos demais. Foi um momento de surpresa [quando o PM o agrediu], não vi de onde veio, passei a mão na testa e vi um buraco, até achei que fosse tiro. Me lembro de cair, mas não me recordo do socorro em diante", relatou.
Durante o depoimento, Mateus negou ter depredado imóveis ou agredido policiais durante a manifestação. Ele ainda disse que não arremessou pedras ou foguetes.
O estudante relatou que, após o incidente, passou por duas cirurgias neurológicas e teve a clavícula imobilizada. Além da cicatriz na testa, o jovem contou que ficou com sequelas na visão do olho esquerdo, pois, às vezes, aparece uma mancha preta, e teve o olfato reduzido. Ele contou que ainda passa por acompanhamento psicológico, que foi iniciado em junho.
"Consegui me recuperar fisicamente, mas tem toda a questão do trauma sofrido. É um momento de readaptação pra mim, as pessoas me conhecem na rua, algumas me perguntam se estou bem, outras curiosas, o que me incomoda, e outras hostis. Me preocupo ao andar na rua com medo de hostilidade", explica.
Testemunhas
Antes de Mateus, o magistrado ouviu, na condição de testemunha, o operador de drone Giovane Alves Borges, que também estava no local da manifestação a trabalho. O depoimento de Giovane durou 50 minutos. Ele contou que, antes da agressão a Matheus, foi alvo de mascarados. O grupo jogou a mochila do drone e desferiu socos contra ele."Quinze mascarados partiram para cima de mim, o drone estava na minha mão, soltei o drone e afastei no controle. O capitão Sampaio junto com outros policiais contiveram os meninos e me separaram do grupo", relatou. Apesar disso, a testemunha não registrou o caso porque não se feriu e o drone não estragou.
No momento da agressão a Mateus, Giovane contou que estava a poucos metros do capitão da PM. "O Mateus veio correndo em direção ao monumento com outros manifestantes, ao Sampaio. Foi na hora que o Sampaio desferiu o golpe. O Mateus não tinha nada na mão naquele momento", relatou.
O operador de drone ressaltou ainda que "foi um momento caótico".
Julgamento
Além dos depoimentos colhidos nesta quarta-feira (27), também foram ouvidas outras cinco testemunhas de acusação em outras sessões, sendo dois PMs e três manifestantes. Para os militares ouvidos, o colega agiu para se defender e não foi intencional.A defesa do capitão Sampaio tem até a próxima segunda-feira (2) para arrolar as testemunhas. A advogada do PM, Rosângela Magalhães, disse que ainda não definiu quantas pessoas vai intimar. Ela reforça a inocência do cliente.
"Ele agiu nos Estritos limites do dever e não houve dolo na conduta dele. Foi uma fatalidade de acertar a cabeça dele", defende Rosângela.
Já o assistente de acusação e advogado de Mateus, Bruno Pena ressalta que as duas ações, uma por lesão corporal e outra por abuso de autoridade, contra o capitão já estão na fase de instrução. "A expectativa é que seja condenado em ambas até para que sirva de exemplo aos demais", opinou.
Agressão
O caso aconteceu no dia 28 de abril, durante uma manifestação contra as reformas Trabalhista e Previdenciária, no Centro de Goiânia. Após ser atingido por um cassetete, Mateus foi socorrido por outros manifestantes, que o colocaram em cima de uma placa onde recebeu atendimento do Corpo de Bombeiros.Um vídeo mostra em detalhes o momento em que o estudante levou o golpe no rosto. Fotos também registraram a agressão. O impacto foi tão grande que o cassetete quebrou com a pancada.
Em seguida, o estudante foi levado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ficou internado por 18 dias, sendo 11 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O estudante passou por duas cirurgias. Na primeira, os médicos retiraram pedaços do osso quebrado. O segundo procedimento foi para reconstruir a parte afetada pela pancada na testa. Para isso, foram usados pinos e cimento ortopédico.
Capitão Augusto Sampaio está afastado das ruas pela Polícia Militar de Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Denúncia
Sampaio foi denunciado pelo MP por abuso de autoridade. O promotor de Justiça Paulo Cesar Torres, que assina o documento, entendeu que a ação foi "excepcionalmente desnecessária e violenta" e que poderia ter ferido qualquer outra pessoa que estivesse no ato. O policial já tinha sido denunciado por lesão corporal gravíssima no mesmo episódio.A atitude do militar, que está afastado das ruas, ao agredir Mateus com o cassetete na cabeça, segundo o representante do MP, foi "violenta e desproporcional, com abuso de autoridade" contra o segurança física do estudante.
Torres pontua ainda que os órgãos de segurança, inclusive a PM, "tiveram tempo hábil para programar a segurança do evento e tomar medidas efetivas para a proteção do cidadão e do patrimônio".
Durante audiência de qualificação na Justiça Militar, realizada em 19 de julho, Sampaio declarou que foi ameaçado de morte. Por isso, ele pediu para não informar ao Poder Judiciário o endereço da casa em que mora, apenas o do trabalho, o que foi atendido.
Por Paula Resende e Sílvio Túlio, G1 GO
Fonte: g1 globo