goo.gl/9WZpwA | O tema é delicado e, principalmente, controvertido. Sem a pretensão de apresentar mais do que uma mera opinião, indago: sucesso na Advocacia é ter muito trabalho?
Com mais de um milhão de Advogados no país, é comum perceber que muitos pretendem alcançar a notoriedade não pelo que sabem, mas sim por – supostamente – terem muito trabalho ou clientes conhecidos.
Nessa linha, constrói-se a ideia de que, compartilhando a todo momento que se encontra em algum órgão público ou que obteve algum resultado processual importante, consolida-se a imagem de um profissional de sucesso. Afinal, o senso comum acredita que quem tem muito trabalho é bem-sucedido.
Contudo, ouso discordar de vários aspectos. Neste texto, quero destacar o ponto “quem tem muito trabalho é bem-sucedido”.
O início na Advocacia Criminal é extremamente difícil. Passei por isso (iniciar na Advocacia como ex-Defensor Público não me trouxe vantagem na competitiva cidade de Brasília, com vários ex-Ministros no mercado jurídico) e hoje percebo muitos alunos ou leitores sofrendo com a fase inicial.
No início da carreira, quem não tem parentes na Advocacia permanece parado enquanto vê seus colegas dizendo que estão frequentando o fórum, participando de audiências ou realizando sustentações orais. Surgem questionamentos sobre o acerto na escolha da carreira. E o desânimo aumenta…
Quando surge algum cliente, o jovem Advogado, via de regra, procura, de todas as formas, demonstrar para seus colegas e para o próprio cliente que tem trabalho e que já está dando seus primeiros passos. Depois do sofrimento de ver seus colegas avançando enquanto ele permanecia inerte, até é compreensível.
Contudo, começam a surgir mais clientes. O Advogado que queria demonstrar que tinha algum cliente agora já pretende provar para seus colegas que possui mais clientes que eles.
Nesse diapasão, é bastante comum ver Advogados – especialmente em início de carreira – que publicam seguidamente nas redes sociais que estão nos presídios, fóruns e delegacias. Chamo isso de “marketing de GPS do Facebook”.
Pensa-se que, quanto mais trabalho divulgado, maior é a demonstração de que o Advogado é bem-sucedido. Entrementes, o excesso de trabalho pode gerar outras percepções, como a cobrança de honorários aviltantes, normalmente inferiores aos valores descritos na tabela de honorários da OAB.
Em outras palavras, por questões mercadológicas, a maior quantidade de trabalho pressupõe menor valor agregado. Entre os Advogados que conheço, os que alcançaram o maior patamar de sucesso fazem, no máximo, uma audiência por quinzena.
Quando iniciei na Advocacia, ouvi um conselho de um empresário: deixe sempre sua mesa limpa, como se você tivesse pouco trabalho. Há quem não queira um Advogado ocupadíssimo que, provavelmente, cobre pouco para ter muitos clientes.
Enfim, não pretendo apresentar uma critica nesse texto. Tenho apenas o desiderato de demonstrar que sucesso pode não ser sinônimo de excesso de trabalho e que a percepção sobre este pode afastar processos de maior valor agregado.
Por Evinis Talon
Fonte: Canal Ciências Criminais
Com mais de um milhão de Advogados no país, é comum perceber que muitos pretendem alcançar a notoriedade não pelo que sabem, mas sim por – supostamente – terem muito trabalho ou clientes conhecidos.
Nessa linha, constrói-se a ideia de que, compartilhando a todo momento que se encontra em algum órgão público ou que obteve algum resultado processual importante, consolida-se a imagem de um profissional de sucesso. Afinal, o senso comum acredita que quem tem muito trabalho é bem-sucedido.
Contudo, ouso discordar de vários aspectos. Neste texto, quero destacar o ponto “quem tem muito trabalho é bem-sucedido”.
O início na Advocacia Criminal é extremamente difícil. Passei por isso (iniciar na Advocacia como ex-Defensor Público não me trouxe vantagem na competitiva cidade de Brasília, com vários ex-Ministros no mercado jurídico) e hoje percebo muitos alunos ou leitores sofrendo com a fase inicial.
No início da carreira, quem não tem parentes na Advocacia permanece parado enquanto vê seus colegas dizendo que estão frequentando o fórum, participando de audiências ou realizando sustentações orais. Surgem questionamentos sobre o acerto na escolha da carreira. E o desânimo aumenta…
Quando surge algum cliente, o jovem Advogado, via de regra, procura, de todas as formas, demonstrar para seus colegas e para o próprio cliente que tem trabalho e que já está dando seus primeiros passos. Depois do sofrimento de ver seus colegas avançando enquanto ele permanecia inerte, até é compreensível.
Contudo, começam a surgir mais clientes. O Advogado que queria demonstrar que tinha algum cliente agora já pretende provar para seus colegas que possui mais clientes que eles.
Nesse diapasão, é bastante comum ver Advogados – especialmente em início de carreira – que publicam seguidamente nas redes sociais que estão nos presídios, fóruns e delegacias. Chamo isso de “marketing de GPS do Facebook”.
Pensa-se que, quanto mais trabalho divulgado, maior é a demonstração de que o Advogado é bem-sucedido. Entrementes, o excesso de trabalho pode gerar outras percepções, como a cobrança de honorários aviltantes, normalmente inferiores aos valores descritos na tabela de honorários da OAB.
Em outras palavras, por questões mercadológicas, a maior quantidade de trabalho pressupõe menor valor agregado. Entre os Advogados que conheço, os que alcançaram o maior patamar de sucesso fazem, no máximo, uma audiência por quinzena.
Quando iniciei na Advocacia, ouvi um conselho de um empresário: deixe sempre sua mesa limpa, como se você tivesse pouco trabalho. Há quem não queira um Advogado ocupadíssimo que, provavelmente, cobre pouco para ter muitos clientes.
Enfim, não pretendo apresentar uma critica nesse texto. Tenho apenas o desiderato de demonstrar que sucesso pode não ser sinônimo de excesso de trabalho e que a percepção sobre este pode afastar processos de maior valor agregado.
Por Evinis Talon
Fonte: Canal Ciências Criminais