Juíza diz que teve de vencer episódios de machismo durante sua carreira

goo.gl/fW2kBo | Em 1988, quando tomou posse como juíza do Tribunal de Justiça de São Paulo, Maria Lúcia Pizzotti ouviu de um desembargador uma frase que não esqueceria: "a senhora sorri demais para uma juíza".

No início da carreira, um corregedor-geral do TJ-SP disse que era contra mulheres na magistratura. "Mulheres servem para cuidar da família, procriar e pilotar o fogão".

"Fui vítima, profundamente, de machismo frontal, não disfarçado, hoje chamado de sexismo", diz ela.

"Cansei de ouvir, em discursos de posse, que as mulheres vieram "embelezar" a carreira. "Nenhuma mulher quer ouvir isso. Isso é tosco".

"Acho que o machismo não acabou, mas hoje é velado. Hoje é politicamente incorreto alguém se declarar machista. Até hoje não tivemos uma magistrada em nenhum cargo de cúpula do tribunal".

Ela diz que sua carreira foi "muito dura".

"Eu quase não fui confirmada. Eu fiz denúncias de corrupção, como juíza substituta. Eu fui confirmada pela carreira só por três votos. Sou muito extrovertida. Eu também sou muito transparente. Isso assusta".

Em 1998, a juíza, mãe de quatro filhos, entrou com ação no Juizado Especial de Pequenas Causas contra a Parmalat, porque a empresa havia mantido uma campanha publicitária quando não tinha no estoque os brindes prometidos: mamíferos de pelúcia.

Em 2008, ela denunciou o descumprimento do regimento interno, ao revelar que 39 juízes atuavam como assessores da cúpula do tribunal em funções burocráticas, afastando-os da principal atividade: julgar.

Em 2014, ao tomar posse como desembargadora, disse que "foi muito difícil chegar até aqui, mas consegui, com muita luta".

Por Frederico Vasconcelos
Fonte: ricmais.com.br
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