goo.gl/62oXki | A advertência à advogada Natália Martins Nunes, de 26 anos, para que não voltasse mais ao novo fórum de Uberlândia usando decote vem repercutindo no Facebook desde a última segunda-feira (11).
No relato publicado na rede social, a jovem conta que foi abordada ao entrar no prédio por um segurança e outro funcionário logo na entrada do prédio. A justificativa para a abordagem era de que a proibição quanto à roupa se tratava de ordens superiores.
Publicação de Natália motivou reunião com diretor da foro de Uberlândia para esclarecimentos nesta terça (12) (Foto: Reprodução/Facebook)
Em nota, a assessoria de imprensa da comarca de Uberlândia esclareceu que houve um equívoco por parte de um segurança. O órgão também disse que nenhum usuário foi "barrado" pela forma que se vestia e que a situação foi esclarecida entre a direção do foro e a advogada, momento em que a instituição pediu desculpas, que foram aceitas, não gerando nenhum transtorno ou constrangimento.
"Hoje, eu, Natália, advogada, fui constrangida em um local público, durante o exercício da minha profissão, simplesmente por ser mulher. Simplesmente porque o machismo é tão grande que homens se julgam no direito de todos os dias escolher como nós vamos nos vestir, comportar e viver [...], pois eu digo que, para um advogado ser digno, é preciso ter respeito, compromisso e responsabilidade. Ser digno não tem absolutamente nenhuma relação com estar com os braços descobertos. O nome disso é retrocesso", escreveu.
Natália contou que outras advogadas também relataram a ela o mesmo constrangimento.
A uberlandense formada pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) advoga há quatro anos e disse que foi a primeira vez que sofreu um constrangimento dessa natureza.
Ela contou que foi abordada pelo vigilante assim que passou pelo detector de metais, sendo informada que a partir do próximo dia ela não poderia mais entrar no prédio da forma como estava vestida, ou seja, usando decote.
"Na hora eu não consegui entender, só ficava indignada. Foi então que resolvi fazer o post e descobri outras meninas que passaram pela mesma situação no mesmo dia que eu. Uma das profissionais estava usando aquelas blusas de gola rolê [gola alta], estava apenas com os braços à mostra", disse Natália.
Devido à repercussão do caso, a advogada disse que foi chamada pelo diretor do foro, juiz Lourenço Migliorini, nesta terça-feira (12). Ela ainda contou com o apoio da ex-professora e advogada, Flávia Oliveira.
Natália relatou que, durante o encontro, o magistrado pediu desculpas pelo ocorrido e emitiu ordem oficial por escrito para que nenhuma pessoa tivesse a entrada restrita por seguranças ou qualquer servidor do fórum devido ao vestuário.
A postagem foi atualizada pela própria advogada após a reunião informando os devidos esclarecimentos e desfecho do caso.
A reportagem também procurou a Comissão da Mulher Advogada, da 13ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para falar a respeito do caso.
Segundo a presidente da comissão, Hélia Maria Pereira de Azevedo, durante a construção do prédio, houve uma orientação para que se evitasse a entrada de mulheres no canteiro de obras com determinadas roupas, porém isso nunca se estendeu às atividades no fórum e pode ser que tenha havido má interpretação por parte da vigilância.
“Foi um ato isolado. Nunca tivemos nenhum caso de discriminação contra a mulher no âmbito da comarca. O doutor Lourenço é uma pessoa muito idônea e jamais proibiria o acesso de uma advogada ao prédio por causa da vestimenta. Isso também jamais passaria por mim ou pela Ângela Botelho enquanto presidente da OAB, que também está ativa na luta pela mulher, sem que defendêssemos a advogada", declarou Hélia.
Por Caroline Aleixo
Fonte: g1 globo
No relato publicado na rede social, a jovem conta que foi abordada ao entrar no prédio por um segurança e outro funcionário logo na entrada do prédio. A justificativa para a abordagem era de que a proibição quanto à roupa se tratava de ordens superiores.
Publicação de Natália motivou reunião com diretor da foro de Uberlândia para esclarecimentos nesta terça (12) (Foto: Reprodução/Facebook)
Em nota, a assessoria de imprensa da comarca de Uberlândia esclareceu que houve um equívoco por parte de um segurança. O órgão também disse que nenhum usuário foi "barrado" pela forma que se vestia e que a situação foi esclarecida entre a direção do foro e a advogada, momento em que a instituição pediu desculpas, que foram aceitas, não gerando nenhum transtorno ou constrangimento.
"Hoje, eu, Natália, advogada, fui constrangida em um local público, durante o exercício da minha profissão, simplesmente por ser mulher. Simplesmente porque o machismo é tão grande que homens se julgam no direito de todos os dias escolher como nós vamos nos vestir, comportar e viver [...], pois eu digo que, para um advogado ser digno, é preciso ter respeito, compromisso e responsabilidade. Ser digno não tem absolutamente nenhuma relação com estar com os braços descobertos. O nome disso é retrocesso", escreveu.
Natália contou que outras advogadas também relataram a ela o mesmo constrangimento.
A uberlandense formada pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) advoga há quatro anos e disse que foi a primeira vez que sofreu um constrangimento dessa natureza.
Ela contou que foi abordada pelo vigilante assim que passou pelo detector de metais, sendo informada que a partir do próximo dia ela não poderia mais entrar no prédio da forma como estava vestida, ou seja, usando decote.
"Na hora eu não consegui entender, só ficava indignada. Foi então que resolvi fazer o post e descobri outras meninas que passaram pela mesma situação no mesmo dia que eu. Uma das profissionais estava usando aquelas blusas de gola rolê [gola alta], estava apenas com os braços à mostra", disse Natália.
Devido à repercussão do caso, a advogada disse que foi chamada pelo diretor do foro, juiz Lourenço Migliorini, nesta terça-feira (12). Ela ainda contou com o apoio da ex-professora e advogada, Flávia Oliveira.
Natália relatou que, durante o encontro, o magistrado pediu desculpas pelo ocorrido e emitiu ordem oficial por escrito para que nenhuma pessoa tivesse a entrada restrita por seguranças ou qualquer servidor do fórum devido ao vestuário.
A postagem foi atualizada pela própria advogada após a reunião informando os devidos esclarecimentos e desfecho do caso.
OAB Mulher
A reportagem também procurou a Comissão da Mulher Advogada, da 13ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para falar a respeito do caso.
Segundo a presidente da comissão, Hélia Maria Pereira de Azevedo, durante a construção do prédio, houve uma orientação para que se evitasse a entrada de mulheres no canteiro de obras com determinadas roupas, porém isso nunca se estendeu às atividades no fórum e pode ser que tenha havido má interpretação por parte da vigilância.
“Foi um ato isolado. Nunca tivemos nenhum caso de discriminação contra a mulher no âmbito da comarca. O doutor Lourenço é uma pessoa muito idônea e jamais proibiria o acesso de uma advogada ao prédio por causa da vestimenta. Isso também jamais passaria por mim ou pela Ângela Botelho enquanto presidente da OAB, que também está ativa na luta pela mulher, sem que defendêssemos a advogada", declarou Hélia.
Por Caroline Aleixo
Fonte: g1 globo