goo.gl/1c8XjS | Em 2016, 9.484 estudantes cometeram o suicídio. Desde 2014, contam-se mais de 26 mil. Sem a realização de estudos rigorosos, aponta-se o insucesso escolar e a pressão dos familiares como algumas das causas que levam a estes números. Além de faltar investigação sobre o tema, faltam também profissionais: num país com 1,3 biliões de habitantes, existem menos de 7 mil profissionais de saúde mental.
Na Índia, a crise de suicídios nas escolas e nas faculdades está cada vez pior, segundo os últimos dados enviados ao Ministério dos Assuntos Internos pelos estados e territórios indianos. Em 2016, registaram-se 9.474 mortes, o que significa que, a cada 55 minutos, um estudante na Índia se suicidou. Este foi o ano em que se registou mais mortes na comunidade estudantil, ainda que, desde 2014, o número tenha vindo a aumentar exponencialmente - em 2014 morreram 7.753 estudantes, e, em 2015, 8.648.
O estado Maharashtra, o segundo mais populoso da Índia, foi onde se registou o maior número de suicídios (1.350). Depois de Maharashtra, foi em Bengala Ocidental e Tamil Nadu que os números foram mais elevados, ao registarem, respetivamente, 1.476 e 981 mortes.
Segundo os dados divulgados e publicados pelo The Quartz, não existe informação detalhada sobre as razões que levam os estudantes ao suicídio. Contudo, de acordo com os dados da NCRB (National Crime Records Bureau), uma das principais causas é o insucesso nos exames escolares. Os números são, de facto, significativos: 2.403 suicídios em 2014, 2.646 em 2015 e 2.413 em 2016 foram cometidos devido à falta de sucesso nas provas académicas.
Contudo, segundo a plataforma YourDost, existem outras razões que alimentam os dados que têm assombrado a comunidade estudantil indiana. A plataforma de aconselhamento online aponta, como uma das causas que leva os estudantes ao suicídio, a pressão dos familiares e professores para que os alunos sigam uma determinada carreira, que, por sua vez, não corresponde aos seus gostos e vontades.
Em 2015, a psicóloga Niloufer Ebrahim dizia ao jornal The Times of India que os familiares não estão dispostos a aceitar novas e diferentes opções académicas: “Os pais, de todas as classes sociais, ficam petrificados só de pensar em deixar os filhos seguirem algo que seja inferior à engenharia ou a outros cursos convencionais”. A psicóloga reforça a necessidade de pensar fora da caixa: “Precisamos de deixar as nossas crianças sonhar”, acrescenta Ebrahim.
A advogada Suchitra Date alerta, ao mesmo jornal, que nos dias de hoje não são só as áreas convencionais que têm empregabilidade: “Há vários campos de trabalho que se estão a abrir e que oferecem opções de carreiras não convencionais que são tão bem pagas como as profissões convencionais”. Date acrescenta: “é importante que os pais conversem com os seus filhos, que sejam sensíveis às suas habilidades naturais e que as tentem aperfeiçoar”.
Outra causa apontada pela YourDost é o sistema de ensino empobrecido da Índia, que coloca uma enorme pressão nos estudantes para que estes consigam lugar nas instituições mais prestigiadas.
A competição entre os estudantes é, aliás, o fio condutor de todo o percurso escolar. Os alunos concorrem para ingressar nas melhores faculdades do país; por sua vez, quando integrados, concorrem pelas melhores notas - que, hipoteticamente, significam maiores oportunidades de emprego. Contudo, o psicólogo Sanjay Chugh acusa o sistema de educação de ser “míope” por forçar os alunos a aprender o que não vai ser aplicado no seu futuro percurso profissional.
“Porque é que haveremos de expor as nossas crianças a tais disparates sem sentido, em que os exames se tornam uma situação de vida ou de morte, nos quais os estudantes precisam de uma percentagem mínima para entrar numa faculdade decente?”, questiona o psicólogo, citado pelo jornal The Times of India.
No documento enviado ao Ministro dos Assuntos Internos, é sublinhada a importância que o governo tem dado aos problemas de saúde mental - manifestada na implementação do programa de saúde mental a nível distrital, que inclui serviços de prevenção do suicídio. Mas, com os números que são revelados, é inequívoca a necessidade de ir para além do que já tem sido feito.
Segundo o jornal The Economic Times, o presidente Ram Nath Kovind diz que a Índia está a atravessar uma possível “epidemia de saúde mental”. Uma das maiores lacunas que o governo tem de resolver é o número insuficiente de profissionais da saúde, nomeadamente o número de psicólogos disponíveis. Segundo o presidente, há apenas 5 mil psiquiatras e menos de 2 mil psicólogos na Índia - um país que tem 1,3 biliões de pessoas.
O presidente, na 22º convenção do Instituto Nacional da Saúde Mental e das Neurociências (NIMHANS), enfatiza a necessidade de fornecer a todos o acesso a tratamentos de saúde mental até 2022.
Também as faculdades têm, a nível interno, tentado solucionar o problema dos suicídios na comunidade estudantil. Em Pune - no estado de Maharashtra, onde se registou o maior número de suicídios em 2016 -, cerca de 115 escolas abriram centros de bem-estar dedicados à saúde mental dos estudantes.
Segundo o jornal The Times of India, a ação principal dos centros de bem-estar é conduzir palestras e sessões de aconselhamento para os alunos que sofrem qualquer transtorno ou problema mental e comportamental. O diretor do Instituto de Serviço Social de Karve, Deepak Walokar, diz, ao The Times of India, que estes centros “podem desempenhar um papel importante na consciencialização dos problemas de saúde mental, assunto que é muitas vezes negligenciado no país”.
O prestigiado Instituto de Tecnologia da Índia, Kharapgur, tentou uma abordagem inédita: a fim de incentivar a interação entre os estudantes - retirando-os do isolamento mergulhado em livros -, o instituto introduziu uma hora “apagão”. Assim, o campus desliga, a uma certa hora, a luz de todos os quartos. Os alunos, quando ficam sem luz, devem sair dos seus quartos e encontrar os seus colegas, para partilharem momentos de convivência.
O Instituto de Tecnologia pretende criar uma vida social saudável no campus, o que, acredita o instituto, vai ajudar a reduzir os casos de depressão na comunidade estudantil.
Fonte: 24.sapo.pt
Na Índia, a crise de suicídios nas escolas e nas faculdades está cada vez pior, segundo os últimos dados enviados ao Ministério dos Assuntos Internos pelos estados e territórios indianos. Em 2016, registaram-se 9.474 mortes, o que significa que, a cada 55 minutos, um estudante na Índia se suicidou. Este foi o ano em que se registou mais mortes na comunidade estudantil, ainda que, desde 2014, o número tenha vindo a aumentar exponencialmente - em 2014 morreram 7.753 estudantes, e, em 2015, 8.648.
O estado Maharashtra, o segundo mais populoso da Índia, foi onde se registou o maior número de suicídios (1.350). Depois de Maharashtra, foi em Bengala Ocidental e Tamil Nadu que os números foram mais elevados, ao registarem, respetivamente, 1.476 e 981 mortes.
Segundo os dados divulgados e publicados pelo The Quartz, não existe informação detalhada sobre as razões que levam os estudantes ao suicídio. Contudo, de acordo com os dados da NCRB (National Crime Records Bureau), uma das principais causas é o insucesso nos exames escolares. Os números são, de facto, significativos: 2.403 suicídios em 2014, 2.646 em 2015 e 2.413 em 2016 foram cometidos devido à falta de sucesso nas provas académicas.
Contudo, segundo a plataforma YourDost, existem outras razões que alimentam os dados que têm assombrado a comunidade estudantil indiana. A plataforma de aconselhamento online aponta, como uma das causas que leva os estudantes ao suicídio, a pressão dos familiares e professores para que os alunos sigam uma determinada carreira, que, por sua vez, não corresponde aos seus gostos e vontades.
Em 2015, a psicóloga Niloufer Ebrahim dizia ao jornal The Times of India que os familiares não estão dispostos a aceitar novas e diferentes opções académicas: “Os pais, de todas as classes sociais, ficam petrificados só de pensar em deixar os filhos seguirem algo que seja inferior à engenharia ou a outros cursos convencionais”. A psicóloga reforça a necessidade de pensar fora da caixa: “Precisamos de deixar as nossas crianças sonhar”, acrescenta Ebrahim.
A advogada Suchitra Date alerta, ao mesmo jornal, que nos dias de hoje não são só as áreas convencionais que têm empregabilidade: “Há vários campos de trabalho que se estão a abrir e que oferecem opções de carreiras não convencionais que são tão bem pagas como as profissões convencionais”. Date acrescenta: “é importante que os pais conversem com os seus filhos, que sejam sensíveis às suas habilidades naturais e que as tentem aperfeiçoar”.
Outra causa apontada pela YourDost é o sistema de ensino empobrecido da Índia, que coloca uma enorme pressão nos estudantes para que estes consigam lugar nas instituições mais prestigiadas.
A competição entre os estudantes é, aliás, o fio condutor de todo o percurso escolar. Os alunos concorrem para ingressar nas melhores faculdades do país; por sua vez, quando integrados, concorrem pelas melhores notas - que, hipoteticamente, significam maiores oportunidades de emprego. Contudo, o psicólogo Sanjay Chugh acusa o sistema de educação de ser “míope” por forçar os alunos a aprender o que não vai ser aplicado no seu futuro percurso profissional.
“Porque é que haveremos de expor as nossas crianças a tais disparates sem sentido, em que os exames se tornam uma situação de vida ou de morte, nos quais os estudantes precisam de uma percentagem mínima para entrar numa faculdade decente?”, questiona o psicólogo, citado pelo jornal The Times of India.
7 mil profissionais de saúde mental para 1,3 biliões de habitantes
No documento enviado ao Ministro dos Assuntos Internos, é sublinhada a importância que o governo tem dado aos problemas de saúde mental - manifestada na implementação do programa de saúde mental a nível distrital, que inclui serviços de prevenção do suicídio. Mas, com os números que são revelados, é inequívoca a necessidade de ir para além do que já tem sido feito.
Segundo o jornal The Economic Times, o presidente Ram Nath Kovind diz que a Índia está a atravessar uma possível “epidemia de saúde mental”. Uma das maiores lacunas que o governo tem de resolver é o número insuficiente de profissionais da saúde, nomeadamente o número de psicólogos disponíveis. Segundo o presidente, há apenas 5 mil psiquiatras e menos de 2 mil psicólogos na Índia - um país que tem 1,3 biliões de pessoas.
O presidente, na 22º convenção do Instituto Nacional da Saúde Mental e das Neurociências (NIMHANS), enfatiza a necessidade de fornecer a todos o acesso a tratamentos de saúde mental até 2022.
Também as faculdades têm, a nível interno, tentado solucionar o problema dos suicídios na comunidade estudantil. Em Pune - no estado de Maharashtra, onde se registou o maior número de suicídios em 2016 -, cerca de 115 escolas abriram centros de bem-estar dedicados à saúde mental dos estudantes.
Segundo o jornal The Times of India, a ação principal dos centros de bem-estar é conduzir palestras e sessões de aconselhamento para os alunos que sofrem qualquer transtorno ou problema mental e comportamental. O diretor do Instituto de Serviço Social de Karve, Deepak Walokar, diz, ao The Times of India, que estes centros “podem desempenhar um papel importante na consciencialização dos problemas de saúde mental, assunto que é muitas vezes negligenciado no país”.
O prestigiado Instituto de Tecnologia da Índia, Kharapgur, tentou uma abordagem inédita: a fim de incentivar a interação entre os estudantes - retirando-os do isolamento mergulhado em livros -, o instituto introduziu uma hora “apagão”. Assim, o campus desliga, a uma certa hora, a luz de todos os quartos. Os alunos, quando ficam sem luz, devem sair dos seus quartos e encontrar os seus colegas, para partilharem momentos de convivência.
O Instituto de Tecnologia pretende criar uma vida social saudável no campus, o que, acredita o instituto, vai ajudar a reduzir os casos de depressão na comunidade estudantil.
Fonte: 24.sapo.pt