goo.gl/kKF4Yv | E se alguém tivesse o poder de capturar e extinguir o livre arbítrio?
E se fosse uma possibilidade, por intermédio da ciência, desenhar o patrimônio genético do homem e controlar o ímpeto e a pulsão humana, e que, com o passar dos tempos e com o carregamento das novas ordens genéticas, a pessoa se tornasse controlável?
Mas trata-se de um controle absoluto; negando a livre expressão das vontades humanas e assim, suas possibilidades de agir consciente e inconscientemente, numa forma de exterminar seus ímpetos mais devastadores como a violência e a ferocidade.
A partir da gestão das pessoas manobráveis por um mandamento interior, que tende a influir sobre suas decisões mais banais, abre-se a morte do livre arbítrio, contendo o ímpeto do homem que tende para o bem e para mal.
Essa é a premissa da história de Assassin’s Creed (2017, produzido e protagonizado por Michael Fassbender), onde pulverizar as vontades humanas pelo método da transformação genética passa a ser a disputa entre aqueles que creem na demanda, e aqueles que se opõem à interdição da possibilidade do livre arbítrio.
Segundo a história, controlar a capacidade de optar seria o germe inicial para conter a violência do homem, que seria comedido segundo mandamentos impostos em sua carga genética, abstendo-se das condutas e práticas violentas.
Segundo a Bíblia, a capacidade de escolha do ser humano referiu-se a uma dádiva celestial, que conferia ao homem a escolha entre seguir a Deus ou a um mandamento moral para sua vida, imposto pela palavra do criador. Em inúmeras passagens bíblicas, o apelo para seguir o criador surge como forma de convite: “Oh! se tão somente prestasses realmente atenção aos meus mandamentos! A tua paz se tornaria então como um rio”, Isaías, 48:18.
Entretanto, os mandamentos divinos são proibitivos, colocando um parênteses no livre arbítrio, mas que ainda assim significa seguir os mandamentos do divino ou não, por vontade própria.
A diferença entre aceitar algo por escolha própria e resignar-se com alguma coisa por não haver outra saída, é influenciada pelos dilemas que todos carregam e que fazem parte de um ciclo de evolução pessoal. Entender as escolhas que as pessoas fazem registra apenas um pequeno momento da história percorrida até o momento da sua inclinação. Todavia, definir ou escolher algo por medo ou por um ditame superior não exprime aquilo que confere o real poder: a aceitação.
Por esse motivo, o livre arbítrio é uma das forças mais vorazes da história de uma humanidade que se uniu, ao mesmo tempo em que se desuniu, em torno das religiões.
Só que religiões geralmente utilizam-se do medo para purificar e legitimar o pecador perante o ser supremo, como práticas para alavancar o seu poder sobre a cultura alheia e sobre as suas liberdades.
O caminho do Inferno e o tortuoso e estreito vale para o Paraíso são definidos por uma singela negação de toda uma cultura, como a ocorrida na Inquisição Espanhola e a caça aos nativos mexicanos em sua época de descobrimento, entre outros exemplos. Isso não revelou livre arbítrio, mas medo e possibilidades reais da manutenção da vida, perante aos invasores que carregavam bíblias.
Note que o código penal em nenhuma ocasião proíbe ações consideradas contrarias aos seus princípios mais intrínsecos. Da mesma forma, as normas de conduta não proíbem o que é considerado um desvio em nossa sociedade; apenas indicam um castigo a ser pago caso a norma seja efetivada.
Por escolha própria, sem mandamentos ou ditames gerais, se escolhe pela realização de alguma demanda. Quimera seria imaginar um mundo onde pessoas não fossem influenciáveis por suas paixões, e o que é mais interessante, por paixões pensadas por terceiros, para elas.
Entre esses terceiros, o mercado se abre para todas as direções, o consumo é a meta a ser atingida e irradiar-se de prazeres enquanto ainda há tempo para isso (Bauman) é o real alvo. Esses são os ditames e influencias de um deus que surge com toda a força sugando princípios e valores antes comuns, aniquilando o livre arbítrio, pois a liberdade se resume em consumo e não mais que isso.
Livre arbítrio é a possibilidade de escolha própria, sem interferências.
Ocorre que nos dias atuais, as luzes que nos iluminam indicam o caminho a seguir; as luzes e aparatos pirotécnicos dos mercados são atraentes ao extremo. “As luzes que descobriram as liberdades, inventaram também, as disciplinas”, como bem disse Foucault.
Todavia, voltando à trama, imaginar quebrar a livre vontade por intermédio de um mandamento carregado geneticamente na pessoa, significa matar o humano que existe em cada homem e mulher.
Se as escolhas servem para sopesar princípios e valores, não irão valer para esse intuito. Se as escolhas prestam para avaliar o bem e o mal, em nada modificaria a visão de humano, uma vez que a dualidade dessas ações realça influencias externas ao homem.
Todavia, se o livre arbítrio fosse de fato extinguido, o controle seria iminentemente mais propício ao detentor dessa tecnologia. Fato que nem Deus, meteu-se em querer controlar.
Por Iverson Kech Ferreira
Fonte: Canal Ciências Criminais
E se fosse uma possibilidade, por intermédio da ciência, desenhar o patrimônio genético do homem e controlar o ímpeto e a pulsão humana, e que, com o passar dos tempos e com o carregamento das novas ordens genéticas, a pessoa se tornasse controlável?
Mas trata-se de um controle absoluto; negando a livre expressão das vontades humanas e assim, suas possibilidades de agir consciente e inconscientemente, numa forma de exterminar seus ímpetos mais devastadores como a violência e a ferocidade.
A partir da gestão das pessoas manobráveis por um mandamento interior, que tende a influir sobre suas decisões mais banais, abre-se a morte do livre arbítrio, contendo o ímpeto do homem que tende para o bem e para mal.
Essa é a premissa da história de Assassin’s Creed (2017, produzido e protagonizado por Michael Fassbender), onde pulverizar as vontades humanas pelo método da transformação genética passa a ser a disputa entre aqueles que creem na demanda, e aqueles que se opõem à interdição da possibilidade do livre arbítrio.
Segundo a história, controlar a capacidade de optar seria o germe inicial para conter a violência do homem, que seria comedido segundo mandamentos impostos em sua carga genética, abstendo-se das condutas e práticas violentas.
Segundo a Bíblia, a capacidade de escolha do ser humano referiu-se a uma dádiva celestial, que conferia ao homem a escolha entre seguir a Deus ou a um mandamento moral para sua vida, imposto pela palavra do criador. Em inúmeras passagens bíblicas, o apelo para seguir o criador surge como forma de convite: “Oh! se tão somente prestasses realmente atenção aos meus mandamentos! A tua paz se tornaria então como um rio”, Isaías, 48:18.
Entretanto, os mandamentos divinos são proibitivos, colocando um parênteses no livre arbítrio, mas que ainda assim significa seguir os mandamentos do divino ou não, por vontade própria.
A diferença entre aceitar algo por escolha própria e resignar-se com alguma coisa por não haver outra saída, é influenciada pelos dilemas que todos carregam e que fazem parte de um ciclo de evolução pessoal. Entender as escolhas que as pessoas fazem registra apenas um pequeno momento da história percorrida até o momento da sua inclinação. Todavia, definir ou escolher algo por medo ou por um ditame superior não exprime aquilo que confere o real poder: a aceitação.
Por esse motivo, o livre arbítrio é uma das forças mais vorazes da história de uma humanidade que se uniu, ao mesmo tempo em que se desuniu, em torno das religiões.
Só que religiões geralmente utilizam-se do medo para purificar e legitimar o pecador perante o ser supremo, como práticas para alavancar o seu poder sobre a cultura alheia e sobre as suas liberdades.
O caminho do Inferno e o tortuoso e estreito vale para o Paraíso são definidos por uma singela negação de toda uma cultura, como a ocorrida na Inquisição Espanhola e a caça aos nativos mexicanos em sua época de descobrimento, entre outros exemplos. Isso não revelou livre arbítrio, mas medo e possibilidades reais da manutenção da vida, perante aos invasores que carregavam bíblias.
Note que o código penal em nenhuma ocasião proíbe ações consideradas contrarias aos seus princípios mais intrínsecos. Da mesma forma, as normas de conduta não proíbem o que é considerado um desvio em nossa sociedade; apenas indicam um castigo a ser pago caso a norma seja efetivada.
Por escolha própria, sem mandamentos ou ditames gerais, se escolhe pela realização de alguma demanda. Quimera seria imaginar um mundo onde pessoas não fossem influenciáveis por suas paixões, e o que é mais interessante, por paixões pensadas por terceiros, para elas.
Entre esses terceiros, o mercado se abre para todas as direções, o consumo é a meta a ser atingida e irradiar-se de prazeres enquanto ainda há tempo para isso (Bauman) é o real alvo. Esses são os ditames e influencias de um deus que surge com toda a força sugando princípios e valores antes comuns, aniquilando o livre arbítrio, pois a liberdade se resume em consumo e não mais que isso.
Livre arbítrio é a possibilidade de escolha própria, sem interferências.
Ocorre que nos dias atuais, as luzes que nos iluminam indicam o caminho a seguir; as luzes e aparatos pirotécnicos dos mercados são atraentes ao extremo. “As luzes que descobriram as liberdades, inventaram também, as disciplinas”, como bem disse Foucault.
Todavia, voltando à trama, imaginar quebrar a livre vontade por intermédio de um mandamento carregado geneticamente na pessoa, significa matar o humano que existe em cada homem e mulher.
Se as escolhas servem para sopesar princípios e valores, não irão valer para esse intuito. Se as escolhas prestam para avaliar o bem e o mal, em nada modificaria a visão de humano, uma vez que a dualidade dessas ações realça influencias externas ao homem.
Todavia, se o livre arbítrio fosse de fato extinguido, o controle seria iminentemente mais propício ao detentor dessa tecnologia. Fato que nem Deus, meteu-se em querer controlar.
Por Iverson Kech Ferreira
Fonte: Canal Ciências Criminais