O dia em que descobri que nunca terei um terno 'Brooksfield' - Por Pedro Custódio

goo.gl/3UBsAH | Sabe aquela série Suits, da qual todo advogado fala? Com certeza você já deve ter visto por aí alguma foto do Harvey Specter, o advogado fodão interpretado por Gabriel Macht, sempre acompanhada de uma frase impactante do tipo: “faça o que é necessário ser feito até que você possa fazer o que quiser.”

Cara, confesso pra você que já me senti inspirado assistindo à série. Um escritório gigante, contratos e negociações milionárias, carros importados e um café nas ruas da cidade que nunca dorme. Sim, Nova York, aquela dos famosos táxis amarelos. Quem nunca?

Teve um momento da minha vida que percebi que querer ter sucesso ou ganhar muito dinheiro advogando, além de não ser fácil, não é diferente das dezenas de milhares de pessoas que se mudam para Los Angeles todos os anos com o sonho de ser ator ou atriz. A maioria dessas pessoas nunca se tornará estrelas.

Mas quem disse que temos que ser estrelas,?

Eu penso que o sucesso é relativo demais para você seguir apenas um padrão ou um conceito dele.

Quando passei na OAB, saí da casa dos meus pais com uma mão na frente e outra atrás. A única coisa que eu tinha era vontade de trabalhar e aprender. Entrei num escritório, bajulava os chefes, mas, quando eles iam tomar um café na cafeteria da esquina, não me convidavam. Afinal, eu tinha trabalho a fazer. Eu via ações trabalhistas contra empresas que não registravam seus funcionários, mas eu também não era registrado – nem associado nem nada. Chegava cedo, abria o escritório e, muitas vezes, ia embora com as luzes da rua já acesas, quando não levava trabalho para casa. No final do mês, recebia um fixo que dava para me manter e pagar a passagem do busão.

Depois de passar por tudo isso e advogando sozinho há um ano, continuo tendo só uma mão na frente e outra atrás, como quando cheguei aqui, mas conquistei coisas que têm muito mais valor para mim. Não tenho um escritório, mas também não tenho as despesas que ele traz. Não tenho um carro importado, mas também não preciso pagar seguro ou impostos caros. Não tenho uma infinidade de processos, mas consigo cumprir meus prazos trabalhando um ou dois dias da semana. Ah, não tenho muitos clientes, mas os que eu tenho sempre me convidam para uma rodada de cerveja.

Tudo é uma questão de escolhas, meu caro.

Esse pensamento provavelmente vai contra tudo o que você vê por aí sobre “como ser um advogado vencedor” e, definitivamente, não é o modelo de negócio mais lucrativo. Mas enquanto a maioria estuda formas de ganhar mais dinheiro, tenho procurado encontrar maneiras de não precisar tanto dele.

Meu primeiro passo foi dispensar o escritório – e comprar um terno mais barato.

Por isso eu acho que nunca serei um advogado de sucesso ou rico. Tipo, igual ao Harvey Specter. É que eu acredito que, para conseguir alcançar algumas coisas na vida, outras precisam ser sacrificadas, e mais honorários ou uma posição de sucesso não valem o tempo que passo com a minha esposa ou a possibilidade de trabalhar de onde eu quiser.

Não estou dizendo pra você fazer isso também. Se você está feliz, é o que importa!

Ah, sobre o Harvey Specter, eu escrevi esse texto ouvindo a trilha sonora do Suits. Por alguns momentos, me senti um advogado de sucesso! Confere aí:



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Publicado originalmente em pedrocustodio.adv.br

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Por Pedro Custódio
Fonte: Jus Brasil
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