Advogado(a): 5 passos para incrementar seu reconhecimento profissional

goo.gl/tNu98v | Venho escrevendo textos para publicar aqui no Jusbrasil há algum tempo, uns estão prontos e outros ainda estou trabalhando e maturando ideias sobre conteúdo, entretanto senti a necessidade de falar um pouco com meus colegas.

Tenho visto muitos advogados e advogadas em grupos de redes sociais relatando as dificuldades da profissão, sobretudo no tocante a captação de clientes e em outros pontos a desconfiança de potenciais contratantes quando observam em sua frente um profissional novo ou recém-formado. Alguns possuem mais facilidade para estabelecer uma rede de clientes e networking, bem como passam uma postura de segurança, outros possuem mais dificuldades, geralmente causadas pela timidez.

Permitam-me falar um pouco sobre minha (curta) história. Sou o primeiro da minha família a cursar Direito e durante a faculdade sempre busquei estágios e experiências que possibilitassem o aprendizado, e em uma dessas oportunidades, assim que peguei a tão suada carteira da OAB, fui efetivado no escritório e trabalhava com processos de massa e estratégicos. Encurtando um pouco a história minha função era redigir os prazos de uma grande empresa (de contestações a recursos para os Tribunais Superiores) sobre uma matéria bastante complexa. Nesse período ainda realizava algumas audiências e sustentações orais, lembro de na primeira ter balançado na base, mas eu sabia a matéria, então tudo correu bem e virou natural sustentar perante uma Corte, isso com apenas 23 para 24 anos.

A vivência com a pressão, a obrigação de despachar com magistrados e desembargadores, o controle de prazos em abundância, viagens e reuniões de grande importância foram essenciais para a minha maturidade, evidente que não me considero pronto para todos os desafios, mas posso dizer que o escritório me preparou muito bem para as situações mais complexas. Criei o hábito de estudar a matéria com a qual estava trabalhando e isso me levou a redigir peças com mais qualidade e conteúdo, isso levo até hoje e minha redação processual é sucinta, objetiva e com conteúdo.

Em dado momento surgiu a oportunidade de tocar o próprio escritório e para isso corri atrás de cursos de marketing para advogados e empreendedorismo, estudei o Código de Ética para saber o que era permitido e contei com o apoio dos amigos da faculdade e familiares para divulgar meu trabalho. Aquela sensação de tremer na base antes da sustentação oral voltou, estava saindo da zona de conforto e de um bom emprego com remuneração acima da média do nosso mercado para dar início a algo meu, literalmente do zero, mas novamente tive que ser seguro do que queria e agir com naturalidade.

Entretanto não é fácil. Não é fácil ser um bom profissional em qualquer área, todavia existem muitos profissionais bem-sucedidos espalhados pelo mundo que para chegarem ao sucesso passaram por muitas barreiras, poucas e boas por assim dizer. Muitos resolvem escrever suas próprias biografias e admito, essas gosto de ler. É de grande valia a leitura desses livros e tento nortear minha carreira e ascensão profissional por eles. E sim, já sinto o retorno profissional mesmo que bem no início.

Atualmente estou lendo o segundo livro do Abílio Diniz (“Novos caminhos, novas escolhas.” 2016, Ed. Objetiva) e em determinado momento ele cita que “quanto mais vivo, mais acredito que somos aquilo que escolhemos ser” (página 15). Estamos fadados a viver levando as coisas como elas se encontram ou a buscar aquilo que desejamos? O autor desse artigo ainda não é um advogado bem-sucedido, mas possui metas estabelecidas para isso e certamente será de grande importância esse conselho: metas, mais do que objetivos, são indicadores que quando efetivamente cumpridas te fazem dar um passo adiante para o sucesso.

Assim, e sem mais delongas vamos aos passos mencionados no título deste breve artigo:

1) Cuide da sua imagem. Separe o profissional do pessoal.

Estamos na era da comunicação por aplicativos e o acesso à internet caminha a largos passos para se tornar um direito fundamental[1].

O (a) advogado (a) antes de tudo é uma pessoa que tem vida social, no entanto vejo diversos colegas de profissão compartilhando na mesma rede social conteúdos jurídicos e fotos de sua vida pessoal, seja com a família, seja em festas.

Não é um crime, mas você pretende ter sua imagem associada a um profissional que demonstra dominar certo nicho do mercado ou aos eventos que participa? Não estou dizendo aqui que é errado frequentar festas e bares, mas que a junção desses dois tipos de publicação no mesmo ambiente não é saudável para sua imagem profissional e não instiga confiança em seus potenciais clientes (nem sempre uma rede social é feitas de amigos, conhecidos estão lá e podem indicar “aquele advogado” ou “aquela advogada” para alguém, nossa profissão ainda é muito baseada no famoso boca a boca).

Portanto, o primeiro e mais importante passo: separe o profissional do pessoal.

2) Escreva artigos e publique em plataformas direcionadas para seu público alvo. Trabalhe seu marketing pessoal e crie uma autoridade.

Quando comecei a escrever artigos para publicação no Jusbrasil e no LinkedIn pensei qual seria meu público: leigos, que pesquisam no Google soluções para os problemas que repentinamente apareceram em suas vidas, ou integrantes do ramo jurídico, que sedentos por informações vão pesquisar artigos para complementar suas teses ou simplesmente colher mais conhecimento?

Estabelecer um público é importante para delinear sua linguagem e até que ponto você pode ir em um artigo. Pessoas gostam de informações, de conteúdo, mas não de uma enxurrada de legislação, preferem leituras rápidas e que mostrem uma solução para seu questionamento (não que isso impeça a citação de legislação, mas aqui menos é mais). Profissionais do ramo jurídico, e até mesmo entusiastas do direito, preferem artigos mais longos e com informações embasadas em princípios e legislações.

Não entrarei no mérito de qual tipo de artigo é melhor de escrever ou mais vantajoso, a realidade é que independente de qual for o foco eles vão ajudar no seu marketing pessoal e irão auxiliar a deixar sua imagem mais robusta perante o mercado, principalmente se abordarem temáticas que seguem uma linha de atuação e demonstram especialidade.

Novamente: estabeleça metas e tente cumprir todas (exemplos: publicar um artigo a cada semana; publicar artigos todas terças e quintas etc).

3) Participe de uma comissão da sua seccional da Ordem dos Advogados do Brasil. Consequentemente trabalhe o seu networking.

Não se trata de uma tarefa tão simples, mas com persistência pode ser que você seja convidado (a) para integrar uma comissão temática na sua seccional da OAB. Para isso procure participar dos eventos produzidos pela respectiva seccional, bem como pelas comissões, e crie uma rede de networking eficiente. Quem sabe não surja uma parceria com outros advogados?

Fazer parte de uma comissão implica em mais trabalho, reuniões e cumprimento de prazos, mas também complementa seu currículo e gera mais confiança em potenciais clientes. Aqui trata-se novamente de uma estratégia para deixar sua imagem mais robusta perante a sociedade, uma vez que você irá auxiliar sua seccional e ainda poderá conquistar clientes com essa informação complementar.

4) Use a internet ao seu favor. Instagram, Facebook e LinkedIn são ótimos para disseminação de conteúdo. Porém não se restrinja ao ambiente digital.

Esse ponto se relaciona em demasia com o primeiro tópico, porém você já pensou em criar e alimentar frequentemente uma página no Instagram, Facebook e LinkedIn? Note que essas três redes sociais possuem finalidades diversas e demandam um estudo aprofundado do público, bem como um respeito aos limites do Código de Ética.

No Instagram, talvez a rede social que mais cresce atualmente, se encontra todo tipo de pessoa. Desde despretensiosas aos maiores empresários, saber focar seu conteúdo e organizar o feed de postagens é essencial para passar uma boa imagem e atrair seguidores. Não se engane, aqui não se trata de angariar clientes, mas de construir uma boa imagem que a longo pode se converter em contratos. Dica de ouro: invés de compartilhar imagens do Senado Federal, do CNJ e de Tribunais tente criar sua identidade visual e passar com suas palavras conteúdo sobre determinado assunto (opção de site para designs: canva.com).

O Facebook vem enfrentando grandes problemas por conta do escândalo da Cambridge Analytica, porém continua sendo um aliado para a difusão de informação. Manter uma página nessa rede social e alimentá-la com conteúdos e eventos produzidos pelo próprio escritório gera visibilidade e pode sim ser convertida em contratos no futuro.

Já o LinkedIn (confesso que a minha favorita) é onde estão os gerentes jurídicos e diretores de companhias dos mais diversos portes e ramos, bem como outros colegas advogados. O público e a conduta aqui são pautados pelo senso profissional (nas duas acima pode se apostar em algo mais informal), trata-se de uma rede estritamente pensada para o networking e para os negócios.

Manter uma company page desatualizada nesse ambiente pode gerar impactos sobre seu escritório, tenha em mente que o LinkedIn é uma terra com diversas oportunidades de contratos e parcerias, uma página atualizada diz muito sobre uma companhia e um escritório no final das contas também é uma empresa. Ter seu perfil profissional é diferente de gerenciar uma company page, porém exige zelo pela imagem e pela conduta, definitivamente o LinkedIn pode ser um grande aliado no reconhecimento profissional.

Ainda que o ambiente digital seja de suma importância para o reconhecimento profissional não hesite em se apresentar como advogado (a), não são raras as vezes que você fala que é do ramo e uma pessoa pede um cartão, apenas para ter na bolsa ou na carteira, porém quem garante que essa pessoa não será um cliente no futuro ou irá te indicar para um conhecido? Sempre valorize sua profissão e mostre que é advogado (a), em algumas ocasiões uma conversa inusitada acaba culminando em um contrato.

5) Tenha um site. O Google pode sim te ajudar.

Já ouviu em SEO? Search Engine Optimization, ou otimização de sites, nada mais é que um conjunto de estratégias que objetivam melhorar o posicionamento de um site na primeira página de resultados orgânicos do Google (sem pagamento de qualquer anúncio), o que consequentemente gera mais visitas ao ambiente digital e aumenta as chances de se fechar um contrato.

Não vou entrar em detalhes sobre SEO, mas aconselho a busca por profissionais de TI para maiores informações para que você entenda como o Google (e outros sites de busca) funcionam e auxiliam no reconhecimento profissional.

Recentemente li artigos falando sobre os baixos índices de otimização de busca em sites gerados com sistemas gratuitos, assim o investimento na montagem de um domínio digital é algo a se pensar e interessante de se constar no orçamento do escritório.

Extra: tenha um plano de negócios e seja persistente.

Antes de finalizar gostaria de expor mais um trecho do livro do Abílio Diniz (página 17):

"Eu odeio sacrifícios. Sempre digo isso. A vida tem de ser vivida com alegria. Com vontade, determinação e o mínimo de disciplina, você consegue tirar do seu corpo muito mais do que imagina – e por muito mais tempo. E a cabeça, até onde ela pode ir? Não sei. Sei que existem limites, mas gosto de estar sempre próximo deles e de empurrá-los para mais longe."

A advocacia como qualquer outra profissão envolve um negócio e disciplina. E para um empreendimento dar certo é de extrema importância um plano de negócios, isto é, um documento no qual irão constar seus planos (executivo, de finanças, de marketing...), seus objetivos, sua missão, suas chaves para o sucesso, enfim, um compilado de informações sobre sua iniciativa e como você pretende levar esse negócio. Sugiro buscar informações com o SEBRAE. Com isso você terá uma linha para conduzir seu negócio, porém também vai precisar ser persistente para guiá-lo.

Por persistente se entende aquele que não desiste dos seus objetivos, então, nobre colega advogado (a), não deixe suas metas de lado. Estabeleça e cumpra seus objetivos, corra atrás do sucesso, seja disciplinado e perseverante, não abaixe a cabeça para as adversidades, procure soluções e as ponha em prática.

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[1] http://www2.câmara.leg.br/camaranoticias/noticias/COMUNICACAO/547409-CCJ-APROVA-PEC-QUE-INCLUI-INTER...

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Por Eduardo Bauer

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Eduardo Bauer
Especialista em Direito do Consumidor e Direito Civil
Formado pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), atuou por mais de 3 anos em grande escritório de advocacia, com ênfase no desenvolvimento de estratégias processuais e elaboração de teses jurídicas para a defesa de grandes empresas. Atuava ainda perante os Tribunais do país realizando sustentações orais e despachos no âmbito do direito civil e do consumidor. Atualmente gerencia o próprio escritório e tem como foco a atuação nas áreas do direito civil, direito do consumidor, direito de família e planejamento sucessório e direito empresarial.
Fonte: Jus Brasil
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