goo.gl/7D29R4 | O promotor de Justiça do Ministério Publico do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Valmir Soares Santos decidiu escrever uma poesia de quatro estrofes numa manifestação em que pediu o arquivamento de um processo criminal sobre um furto numa livraria em Brasília.
Na tarde do dia 29 de dezembro do ano passado, uma sexta-feira, um rapaz de 26 anos, nascido no Piauí, foi à Livraria Cultura do Shopping Iguatemi e surrupiou uma Bíblia de capa dura e ilustrada, vendida a R$ 140.
Ele escondeu o livro dentro da calça, mas ao tentar sair da loja foi detido pela equipe de segurança. O promotor Valmir Soares Santos, responsável pelo caso, afirma que já havia atuado em processos de furto de vinho, pão e carne, mas em 20 anos de trabalho na área criminal nunca havia visto o furto de uma Bíblia.
Por isso, ao ter contato com o caso pela primeira vez, num domingo, decidiu escrever um poema endereçado ao juízo criminal. “Não sou religioso, mas com tantos livros em uma livraria, ele ter furtado uma Bíblia de R$ 140 porque diz ter achado bonita as ilustrações e a capa dura, acabou chamando minha atenção”, conta. A manifestação-poema foi a seguinte:
A peça foi finalizada, na última segunda-feira (05/02), depois de 40 minutos de concentração nas estrofes e rimas. “Foi mais rápido do que as manifestações normais”, conta. Como o furto foi insignificante, o poema-manifestação pediu o arquivamento do caso, que foi concedido pelo juiz.
“Ele não tinha antecedentes, tem apenas 26 anos e foi a primeira vez que tentou um ato desse tipo. Foi um caso isolado. Ele foi autuado e encaminhado à delegacia, enquanto a Bíblia foi devolvida à livraria. Isso já foi o suficiente”, diz o promotor.
O furto de um Bíblia, diz Santos, não possui repercussão social grave a ensejar uma condenação criminal, principalmente pelo fato de o objeto ter sido devolvido ao estabelecimento. “Quando falamos em processo penal, já pensamos em punição, castigo, cadeia. Precisamos ter uma visão mais humanista. Há casos em que um arquivamento não é possível, mas no furto de uma Bíblia é a medida adequada”, disse.
O promotor Valmir Soares Santos já se manifestou por meio de poesias outras vezes ao desempenhar sua função no Ministério Público. A primeira delas foi num tribunal do Júri em 1998. Como o réu do caso faleceu durante o curso do processo, Santos escreveu uma poesia de quatro estrofes “como uma forma de despedida”.
A segunda vez foi durante uma manifestação oral, em 2005, num processo de tráfico de entorpecentes. A noiva do suspeito, detido com 30 quilos de maconha, compareceu ao tribunal pedindo a absolvição do rapaz para que ela pudesse se casar com ele.
Segundo o promotor, a poesia foi uma estratégia para convencer o juiz de que o acusado não necessitava permanecer em regime fechado. Depois de ouvir os versos de Vieira, o juiz condenou o rapaz, que, para a felicidade da noiva, pôde cumprir a pena em regime aberto.
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Alexandre Leoratti – São Paulo
Fonte: www.jota.info
Na tarde do dia 29 de dezembro do ano passado, uma sexta-feira, um rapaz de 26 anos, nascido no Piauí, foi à Livraria Cultura do Shopping Iguatemi e surrupiou uma Bíblia de capa dura e ilustrada, vendida a R$ 140.
Ele escondeu o livro dentro da calça, mas ao tentar sair da loja foi detido pela equipe de segurança. O promotor Valmir Soares Santos, responsável pelo caso, afirma que já havia atuado em processos de furto de vinho, pão e carne, mas em 20 anos de trabalho na área criminal nunca havia visto o furto de uma Bíblia.
Por isso, ao ter contato com o caso pela primeira vez, num domingo, decidiu escrever um poema endereçado ao juízo criminal. “Não sou religioso, mas com tantos livros em uma livraria, ele ter furtado uma Bíblia de R$ 140 porque diz ter achado bonita as ilustrações e a capa dura, acabou chamando minha atenção”, conta. A manifestação-poema foi a seguinte:
A peça foi finalizada, na última segunda-feira (05/02), depois de 40 minutos de concentração nas estrofes e rimas. “Foi mais rápido do que as manifestações normais”, conta. Como o furto foi insignificante, o poema-manifestação pediu o arquivamento do caso, que foi concedido pelo juiz.
“Ele não tinha antecedentes, tem apenas 26 anos e foi a primeira vez que tentou um ato desse tipo. Foi um caso isolado. Ele foi autuado e encaminhado à delegacia, enquanto a Bíblia foi devolvida à livraria. Isso já foi o suficiente”, diz o promotor.
O furto de um Bíblia, diz Santos, não possui repercussão social grave a ensejar uma condenação criminal, principalmente pelo fato de o objeto ter sido devolvido ao estabelecimento. “Quando falamos em processo penal, já pensamos em punição, castigo, cadeia. Precisamos ter uma visão mais humanista. Há casos em que um arquivamento não é possível, mas no furto de uma Bíblia é a medida adequada”, disse.
Outras poesias
O promotor Valmir Soares Santos já se manifestou por meio de poesias outras vezes ao desempenhar sua função no Ministério Público. A primeira delas foi num tribunal do Júri em 1998. Como o réu do caso faleceu durante o curso do processo, Santos escreveu uma poesia de quatro estrofes “como uma forma de despedida”.
A segunda vez foi durante uma manifestação oral, em 2005, num processo de tráfico de entorpecentes. A noiva do suspeito, detido com 30 quilos de maconha, compareceu ao tribunal pedindo a absolvição do rapaz para que ela pudesse se casar com ele.
Segundo o promotor, a poesia foi uma estratégia para convencer o juiz de que o acusado não necessitava permanecer em regime fechado. Depois de ouvir os versos de Vieira, o juiz condenou o rapaz, que, para a felicidade da noiva, pôde cumprir a pena em regime aberto.
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Alexandre Leoratti – São Paulo
Fonte: www.jota.info