Advocacia Criminal: advogando, me descobri professor! (Artigo) de Jean Severo

goo.gl/HTbjCu | Advogar é minha vida, tudo o que sou e o que tenho devo à advocacia criminal e, em especial, ao Tribunal do Júri. Já estou advogando há praticamente 15 anos, tendo atuado nos mais diversos casos, defendido homens e mulheres das mais diferentes classes sociais e culturais, sempre com a mesma força e pertinácia, deixando meu suor e sangue nesses plenários deste mundo de meu Deus.

Graças à advocacia pude estudar, fiz especialização em Ciências Penais e mestrado em Ciências criminais na PUCRS. Não tive bolsa de estudos e foi sim graças à advocacia que consegui custear meus estudos.

Foi difícil, no entanto, conclui os cursos e me tornei especialista e mestre, uma grande vitória para um guri pobre que venceu as agruras da vida, sempre amparado pela advocacia criminal.

Durante a graduação em Direito, sentia que poderia ser um bom professor, mas não via como cursar um mestrado. Eu sabia que logo que me formasse precisaria trabalhar feito um louco para conseguir realizar meus sonhos: comprar um carrinho, uma casa e constituir família e meus amigos. Tudo isso a advocacia me deu.

Foi então que um dia arrisquei perguntar ao professor Giovani Saavedra, meu amigo de Facebook, qual era o melhor caminho que eu deveria adotar para fazer um mestrado. O professor Saavedra me respondeu prontamente que deveria em primeiro lugar cursar a especialização e após tentar a seleção para o mestrado.

Quero deixar aqui o meu agradecimento eterno ao professor Saavedra o qual foi meu professor na especialização e mestrado e que hoje o tenho como mestre e amigo.

No curso de especialização e de mestrado fiz amizades incríveis e meu universo profissional realmente se abriu. Tenho muitas saudades dos colegas e das aulas. Foi uma honra ser aluno de grandes professores.

A PUCRS é um ambiente acadêmico maravilhoso para se estudar; eu recomendo sempre aos meus leitores. Estudem. Estudem e não se acomodem como eu fiz. Fui voltar a estudar tarde. Antecipe a volta aos bancos acadêmicos. Tenho certeza que será muito importante para a carreira de vocês.

O Tribunal do Júri acabou por me dar uma facilidade em falar em público e, por conseguinte, ter um bom desempenho nas apresentações de trabalho na especialização e mestrado. Logo, comecei a receber um incentivo maior dos professores e colegas para que eu me tornasse professor.

Quando me surgiu a primeira palestra para fazer, um colega do mestrado, o Alessandro, convidou-me para falar em um evento sobre o tribunal do júri. Aceitei na hora e a palestra foi um show e naquele exato momento eu percebi que me tornaria professor.

Logo após esse dia, muitas outras oportunidades surgiram. Então, eu recebi um convite do meu, hoje coordenador de curso, o Prof. Marcelo Reis, para iniciar na docência na Facos, hoje Unicnec, na cidade de Osório-RS.

Meus amigos, quando dei minha primeira aula de crimes em espécie, eu tive a certeza que nasci para ensinar. A resposta que recebo dos alunos é sensacional. Sinto-me um homem melhor na docência; descobri que meu destino moral é ser professor.

E a advocacia, amor antigo, como fica? Ainda adoro advogar, estar advogando, mas, infelizmente, a advocacia criminal nos embrutece.

Ficamos nas mãos de juízes punitivistas que muitas vezes sequer “dão bola” às defesas; vejo a grande mídia tentar criminalizar a advocacia como se fossemos uma pedra no processo tentando atrapalhar o andamento do feito, o que é uma grande inverdade.

Poucos são os clientes que reconhecem verdadeiramente nosso trabalho, a grande maioria pensa que, pagando teus honorários, tu não fizeste nada mais do que tua obrigação. Eles não imaginam o quanto sofremos ao defendermos aquela, causa quantas noites de sono ficaram naqueles autos…

Hoje a docência me completa mais profissionalmente. Graças à advocacia, por estar advogando, descobri-me ser professor e consegui me tornar um.  Quero escrever muito, dar boas aulas, fazer muitas palestras, ajudar os alunos que querem vencer na profissão.

Ser professor é trabalhar com sonhos e esperanças, estendendo a mão para aquele que precisa e que sempre irá te retribuir com um sorriso de gratidão!

Por Jean Severo - Mestre em Ciências Criminais. Professor de Direito. Advogado.
Fonte: Canal Ciências Criminais
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