O que todo motorista deve saber sobre mecânicos e postos malandros

goo.gl/rtLEsD | Quando o frentista ou mecânico disser que, se o defeito do carro não for consertado na hora algo terrível pode acontecer, é melhor ficar alerta. Sem tempo para procurar opiniões de outros profissionais, motoristas ficam sujeitos a pagar caro por serviços simples ou desnecessários.

Eram cinco da manhã quando a advogada Paloma Yumi, 29, parou em um posto para encher o tanque do carro emprestado pela mãe. Logo, o frentista se ofereceu para verificar o nível do óleo.

Com cara de espanto, o funcionário alertou que o reservatório estava quase vazio. Segundo ele, a situação era tão crítica que, se o veículo rodasse mais, o motor iria fundir.

Por causa do horário, Paloma preferiu não ligar para a mãe perguntando o que fazer. Permitiu que o frentista fizesse a troca do lubrificante e do filtro. Tudo custou R$ 700.

Ao chegar em casa, descobriu que havia sido enganada. Tanto o óleo quanto o filtro tinham sido substituídos fazia uma semana —e por R$ 200.

Com a nota fiscal do serviço anterior, a advogada procurou o gerente do estabelecimento, que disse que só devolveria R$ 100 relativos à mão de obra. "Foi horrível. Pensei em entrar com uma ação contra o posto, mas estava sem tempo e não fui atrás disso", diz ela.

Paloma Yumi, 29, na garagem do prédio em que mora, na zona norte de São Paulo

"Esse negócio de que é preciso trocar o óleo se não o motor vai fundir é balela. Não são dez quilômetros que vão fazer diferença", afirma o engenheiro Henrique Pereira, da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros de Mobilidade).

Há urgência, sim, quando acender uma luz no painel, com o desenho semelhante a uma chaleira, que indica a falta de lubrificação do motor.

Mesmo em situações críticas, o proprietário não deve se deixar levar pela ansiedade. É essencial pesquisar sobre cada serviço. Dependendo do caso, é melhor chamar o guincho para levar o carro a uma oficina.

Mas qual é o caminho para encontrar um estabelecimento competente? O primeiro passo, claro, é pedir indicações. Vale buscar referências de órgãos que certificam oficinas, como o IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) e o Cesvi Brasil.

Para saber se há reclamações contra a empresa, o proprietário pode consultar o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).

Ao chegar à oficina, é necessário pedir um orçamento por escrito com as peças que serão trocadas, a descrição do serviço, o valor de cada item e as condições de pagamento, afirma Antonio Carlos Fiola Silva, presidente do Sindirepa (sindicato da indústria de reparação de veículos).

O que foi acordado no documento tem validade de dez dias, segundo o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Isso dá tempo para pedir outros orçamentos.

Em duas oficinas, o defeito na trava da porta do Palio 2009 do servidor público Jefferson Velasco, 39, exigia a troca do alarme por R$ 300. Na terceira, o mecânico constatou que o problema era apenas sujeira e fez uma limpeza sem cobrar nada.

Jefferson ficou mais atento depois de ter sido enganado em várias ocasiões. Na mais grave, em 2011, uma correia dentada que acabara de trocar em seu Gol 2002 arrebentou quando ele dirigia na estrada.

Descobriu que o mecânico não havia substituído a peça e que o conserto do motor danificado custaria R$ 1.800. Como o valor do veículo era baixo, ele decidiu vendê-lo.

O que costuma inibir profissionais mal-intencionados é pedir para verificar as peças antigas, orienta Danilo Cezar Barbosa, avaliador da InstaCarro. O consumidor pode solicitar ainda que o mecânico tire fotos dos componentes após serem instalados no automóvel.

Não é obrigatório adquirir as peças na oficina. O motorista pode comprá-las em lojas especializadas, sem perder a garantia pelo serviço.

O Idec recomenda fazer um contrato com todo o serviço e um cronograma. É bom marcar a quilometragem do veículo e o nível de combustível.

Por lei, o serviço tem garantia de 90 dias. Mas, se exatamente o mesmo problema voltar depois desse prazo por falha do profissional, o motorista tem o direito de pedir que o trabalho seja refeito.

Tire suas dúvidas sobre manutenção do carro


Profissional faz alinhamento em veículo

É preciso fazer alinhamento em todas as revisões?


Só há necessidade de realizar o serviço quando o veículo atingir a quilometragem indicada no manual do proprietário. Fora isso, o alinhamento deve ser feito quando houver um desgaste irregular dos pneus ou se, em um piso plano, o carro tende a puxar para um dos lados. Não é preciso fazer um alinhamento preventivo

Devo repor água e óleo no posto de gasolina?


Além de abastecer, o máximo que deve ser feito no posto é calibrar os pneus e encher o reservatório do limpador de para-brisa, segundo Henrique Pereira, da SAE Brasil.

É comum que o frentista diga que o nível do óleo está baixo, porque o tempo em que o veículo fica parado no posto não é suficiente para que o lubrificante, que circula pelo motor, retorne ao reservatório (cárter).

Os riscos são adicionar lubrificante sem necessidade e misturar tipos diferentes, o que não é recomendado.

Destrave o capô acionando a alavanca localizada do lado esquerdo do motorista, geralmente abaixo do volante

Depois, posicione-se à frente do veículo. Com uma mão, localize e pressione a trava que fica embaixo da parte frontal do capô. Com a outra, levante-o

Para manter o capô suspenso, erga a barra de apoio e prenda-a em seu encaixe. Então, procure pela vareta de medição do óleo, que normalmente fica em frente ao motor, no lado do passageiro. Na maioria dos carros, a alça para puxá-la é amarela, vermelha ou laranja

Puxe a vareta e limpe-a com um papel toalha ou um pano . Isso é importante para remover todos os resíduos e, assim, fazer a medição correta da quantidade de óleo no cárter (reservatório do motor). Em seguida, insira a vareta de volta no tubo e retire-a mais uma vez

Na extremidade da vareta, há duas pequenas marcações: uma mais perto da ponta e outra, acima. O ideal é que o nível do óleo esteja próximo da marca superior. Se ficar abaixo da inferior, é preciso completar com um lubrificante com a mesma especificação do utilizado

A verificação tem de ser feita com o motor frio, em terreno plano. O nível do óleo deve estar entre as marcações de mínimo e máximo da vareta medidora. Já o problema de abrir o reservatório de água com o motor ainda quente é criar bolhas de ar no sistema de arrefecimento, dificultando a circulação do líquido

Faz diferença abastecer com gasolina aditivada? E premium?


A gasolina aditivada de fato ajuda diminuir o acúmulo de impurezas no sistema de alimentação no motor. Isso, a longo prazo, também ajuda a reduzir o consumo de combustível. Mas, até por conta do valor mais alto, não é necessário abastecer sempre com a aditivada. É possível alternar os abastecimentos sem prejudicar o carro. Já a gasolina premium só é interessante para veículos de alta performance, que rendem mais ao usar esse tipo de combustível

Posso só completar o fluido de freio?


O fluido de freio não se reduz com o uso. Se o nível estiver abaixo do ideal, é sinal de que deve haver algum problema, como vazamento ou desgaste natural das pastilhas de freio. É importante verificar o fluido a cada seis meses, segundo Fabio Facca, gerente de vendas da Campneus

É necessário fazer limpeza nos bicos injetores de combustível?


Na maioria dos casos, não. Os injetores são autolimpantes, afirma Felipe Cyrillo, da startup Simplificaa Soluções Automotivas

Por Carolina Muniz
Fonte: www1.folha.uol.com.br
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