Advogado formado pelo Mobral? Isto realmente existe? Artigo de Fátima Burégio

goo.gl/gYigqh | Estes dias fiquei meio que engasgada com uma afirmativa que li em um dos artigos publicados pelo polêmico e inteligentíssimo articulista Lênio Streck no site Consultor Jurídico.

Naquela reportagem, digna de muitas reflexões pontuais e oportunas, principalmente na atual conjuntura sócioeconômica, cultural, educacional e política brasileira, meneei a cabeça e concordei com muita coisa que o professor Lênio registrou e discordei de outras tantas.

Liberdade


É bom deixar bem claro que não pretendo trazer aqui reflexões políticas partidárias, muito menos persuadir quem quer que seja acerca de escolhas para quem vai representa-lo nas eleições presidenciais que batem às portas.

Mobral


Na verdade, o que me intrigou e deixou-me em extremo preocupada, foi quando o articulista pontuou:

... Os poucos comentaristas que apoiaram o que eu disse mostraram perplexidade com o que leram: constataram que pessoas formadas em Direito defendem o fim do ECA, a extinção de direitos humanos, armas para todos, um fazendo ode à leitura de Ustra e coisas do gênero. Poxa, todas essas pessoas fizeram faculdade, a maioria a de Direito, espécie de Mobral da pós-modernidade. E saíram da faculdade desse modo...

Pois é... O professor ‘mandou ver’, castigando duro ao afirmar que existem pessoas que saem da faculdade de Direito como se fossem formadas pelo Mobral.

Para quem é mais novo, por certo desconhecerá o significado da sigla MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), e devo explicar:

O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi um projeto do governo brasileiro, criado pela Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando "conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida".

Criado e mantido pelo regime militar, durante anos, jovens e adultos frequentaram as aulas do MOBRAL, cujo objetivo era proporcionar alfabetização e letramento a pessoas acima da idade escolar convencional.

Como se vê, o Mobral era um sistema de educação intensiva para as pessoas de mais idade e que não foram escolarizadas na idade adequada. O custo era totalmente bancado pelo governo. O Mobral era muito requisitado e usado nos anos sessenta, setenta, mas uma forma de ofender alguém ou chama-lo de ‘burro ou pouco inteligente’ era perguntar, naquela época, se ele tinha formação acadêmica através do sistema Mobral.

Cumpre esclarecer que o Mobral se foi, extinguiu-se. Hoje o estudante adulto e não alfabetizado pode contar com o sistema implantado pelo EJA, que nada mais é que o Ensino para Jovens Adultos, este, igualmente promovido pelo governo.

O que quero pontuar e refletir neste texto, é se está correto, ou não, o argumento do nobre professor Lênio Streck (pós doutor em Direito) de que no Brasil existem tantas faculdades de Direito com ensino absurdamente precário a ponto dos seus alunos serem rotulados de discentes oriundos do Mobral.

Sei não...

O dever de estudar mais e mais e jamais cessar de aprender


Acredito que como eu, muitos que estão a ler este artigo devem ter suado bastante para conseguirem estar de posse de um canudo, uma especialização, uma Carteira de Inscrição nos Quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, estudaram, de fato, numa faculdade nada tradicional, mas não comungam pacificamente em serem denominados alunos de um Mobral.

Estou certa ou altamente equivocada em minhas simplórias considerações e inquietudes?


Na dúvida, mesmo sem acatar amistosamente o título nada honroso patrocinado pelo professor Lênio, é melhor seguir alguns conselhos dele e estudar mais, até porque entendo que faculdade não forma alunos, mas educação aprimorada, ótimos manuais e disciplina pessoal, sim!

Vou estudar!

É o melhor que eu faço!

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Fátima Burégio
Especalista em Processo Civil, Responsabilidade Civil e Contratos
Dra Fátima Burégio, Advogada, Banca Burégio Advocacia em Recife-PE, Especialista em Processo Civil pelo Instituto de Magistrados do Nordeste, atuante em Direito Civil, Pós Graduada Responsabilidade Civil e Contratos pelo Rio Grande do Sul, formada em Conciliação, Mediação e Arbitragem pelo INAMA. Curso Defesa do Consumidor pelo Instituto Luiz Mário Moutinho, Curso de Combate à Corrupção MPPE. Cursando Pós Graduação em D.Trabalho e Previdência pelo IMN, Formação Extensão Prática Cotidiana D.Família e Sucessões OAB Federal e ENA. Atua na área Cível, Família, Consumidor, Empresarial, Previdenciário, Trabalhista, Contratos, Obrigações, Propriedade, e Responsabilidade Civil. buregioadvocacia@outlook.com Fone/Wpp 81-99210-1566 Site https://fatimaburegioadvocacia.wordpress.com
Fonte: Jus Brasil
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