goo.gl/QrWXpt | A procura de advogados interessados em deixar o Brasil e migrar a carreira para os Estados Unidos cresceu nos últimos anos. Pelos dados do Hayman-Woodward, escritório de advocacia especializado em imigração e emigração de pessoas físicas e jurídicas, essa busca triplicou de 2016 para 2017. Neste ano, a expectativa é de que a demanda triplique novamente em relação a 2017.
A quantidade de advogados que transfere a carreira para os Estados Unidos cresce de forma acelerada desde 2016, quando o registro de demandas deste tipo no escritório dobrou na comparação com 2015. Atualmente, quase um terço dos clientes do Hayman-Woodward são advogados.
Os dados também permitem identificar o perfil do profissional que deseja atuar fora do Brasil. Mais de seis em dez são homens. A faixa etária predominante de homens e mulheres que migram para os Estados Unidos é de 30 a 44 anos. Além disso, 76% dos profissionais são casados e possuem mestrado em alguma área do Direito.
Os destinos mais procurados são: Nova York (24%), Califórnia (18%), Flórida (15%), Massachusetts (11%), Texas (11%), Neova Jersey (11%) e outras localidades (10%). De acordo com Leonardo Freitas, sócio-fundador da Hayman-Woodward, a maior procura por Nova York e Califórnia acontece, entre outros fatores, devido ao maior número de escritórios de advocacia presentes nessas regiões.
Os advogados que mais procuram mudar de país atuam em áreas como Direito Consensual, Direito Imobiliário, Trabalhista e, mais recentemente, no Direito Ambiental e Digital.
Segundo Freitas, para atuar nos Estados Unidos de forma fixa, o advogado pode seguir um dos três caminhos possíveis de imigração. A primeira forma é fazer um curso de graduação de Direito nos Estados Unidos.
A segunda maneira é a realização de um curso Master of Law (LLM) no país. Uma outra forma, de acordo com o advogado, é fazer diretamente o exame de classe American Bar Association (BAR), equivalente ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Como forma de estudo para o BAR, Freitas explica que existem cursos de preparação para prova. “Na Califórnia, por exemplo, o processo de realizar um curso preparatório, fazer a prova, e conseguir o seu certificado para atuar no estado pode demorar até um ano”, diz.
De acordo com Freitas, o processo de imigração, com burocracia e documentações, pode custar até U$ 60 mil. Cursos preparatórios e LLM podem chegar a US$ 30 mil. “No total, para o advogado fazer todas as etapas, incluindo um curso nos Estados Unidos, ele terá de investir, em média, de US$ 80 mil a US$ 100 mil”, afirma o advogado.
Apesar do alto valor de investimento, Freitas afirma que há certeza de retorno financeiro em dois ou três anos após o início da atuação do advogado nos Estados Unidos.
“Geralmente, parte dos profissionais que se forma nos Estados Unidos não volta para atuar no Brasil. Caso regressem, com certeza terão salários superiores. A presença no currículo de que o profissional é licenciado nos Estados Unidos é uma moeda forte para as empresas brasileiras”, explica.
Ao mesmo tempo, segundo o advogado, um conhecimento da complexa legislação brasileira é de extremo interesse das empresas americanas. “Das 50 maiores empresas americanas, todas possuem negócios no Brasil. Elas precisam entender a legislação tributária, trabalhista, questões como vale-transporte, vale-alimentação. É uma realidade diferente. E o advogado brasileiro tem esse conhecimento”, afirma.
Ele acrescenta que o profissional brasileiro, acostumado com um alto grau de burocracia, quando realiza mestrado ou curso nos Estados Unidos, e começa a atuar no país, tem uma “desenvoltura” mais apropriada para atuar no cenário internacional.
Para Luiz Dellore, professor do Mackenzie e colunista do JOTA, que está na pós-graduação, durante seis meses, na Syracuse University, o estudo no exterior tem a vantagem de colocar o advogado em contato com novas culturas e ferramentas do Direito.
“O novo Código de Processo Civil (CPC) possui uma série de institutos que, supostamente, são influenciados pelo Direito norte-americano. Neste momento, é importante ter conhecimento como esses institutos são aplicados aqui (Estados Unidos) para saber o que há de bom e ruim para aplicarmos em nossa realidade”, avalia.
Apesar da vantagem, Dellore explica que o estudo ou atuação no exterior não é uma obrigatoriedade do mercado de trabalho brasileiro. “Muita gente faz uma pós-graduação nos Estados Unidos para somente melhorar o seu currículo e realiza um curso que não é relacionado a sua área de atuação”, afirma.
Entretanto, para o professor, um período de estudos ou atuação no exterior pode ajudar todos os profissionais do Direito, independentemente da sua carreira de atuação.
“Na área pública, para um juiz ou promotor é sempre uma bagagem legal. Na advocacia, os profissionais possuem muito contato com clientes do exterior. Para professores, o meu caso, aprendemos novos métodos de ensino que podem ser aplicados no Brasil”, explica Dellore.
O advogado Domingos Neto está realizando mestrado profissional na Florida State University e pretende ficar nos Estados Unidos nos próximos dois anos. Ele explica que o primeiro ano do programa de mestrado é puramente acadêmico. No começo do segundo ano, a universidade concede uma permissão de trabalho para atuação na área de formação por 12 meses.
“Essa experiência prepara o profissional para enfrentar os desafios da economia cada vez mais globalizada. Em algumas áreas do Direito, como contratos internacionais, Direito Concorrencial e tributação internacional, por exemplo, o LLM prepara o profissional para solucionar os problemas internacionais de forma confiável e atendendo às normas de compliance”, explica o advogado.
Para Domingos, a bagagem adquirida no exterior vai torná-lo um profissional melhor preparado e mais “experimentado”. “Além da experiência acadêmica e profissional, estudar nos Estados Unidos oportuniza ao estudante ampliar o network profissional”, diz.
Como dica aos profissionais que pretendem trabalhar ou estudar nos Estados, Domingos recomenda uma grande atenção ao financiamento e custos do processo.
“Encontrar o meio adequado de financiar os estudos é sempre um desafio. Várias universidades concedem bolsas baseadas no histórico acadêmico e profissional do candidato, portanto, para a escolha da instituição de ensino, no meu ponto de vista, o critério financeiro deve ser muito bem considerado”, explica.
O advogado também explica que, além dos custos de mensalidades e taxas acadêmicas, o aluno também deverá estar preparado para bancar despesas de estadia, alimentação e produtos em geral. “No meu ponto de vista, o bom planejamento financeiro ajuda o candidato a ter um período intenso dedicado somente aos estudos até a fase da permissão de trabalho, quando há chance de recuperação de pelo menos parte do investimento feito”, diz Domingos.
Alexandre Leoratti – Repórter em São Paulo
Fonte: www.jota.info
A quantidade de advogados que transfere a carreira para os Estados Unidos cresce de forma acelerada desde 2016, quando o registro de demandas deste tipo no escritório dobrou na comparação com 2015. Atualmente, quase um terço dos clientes do Hayman-Woodward são advogados.
Os dados também permitem identificar o perfil do profissional que deseja atuar fora do Brasil. Mais de seis em dez são homens. A faixa etária predominante de homens e mulheres que migram para os Estados Unidos é de 30 a 44 anos. Além disso, 76% dos profissionais são casados e possuem mestrado em alguma área do Direito.
Os destinos mais procurados são: Nova York (24%), Califórnia (18%), Flórida (15%), Massachusetts (11%), Texas (11%), Neova Jersey (11%) e outras localidades (10%). De acordo com Leonardo Freitas, sócio-fundador da Hayman-Woodward, a maior procura por Nova York e Califórnia acontece, entre outros fatores, devido ao maior número de escritórios de advocacia presentes nessas regiões.
Os advogados que mais procuram mudar de país atuam em áreas como Direito Consensual, Direito Imobiliário, Trabalhista e, mais recentemente, no Direito Ambiental e Digital.
Processo para atuar nos EUA
Segundo Freitas, para atuar nos Estados Unidos de forma fixa, o advogado pode seguir um dos três caminhos possíveis de imigração. A primeira forma é fazer um curso de graduação de Direito nos Estados Unidos.
A segunda maneira é a realização de um curso Master of Law (LLM) no país. Uma outra forma, de acordo com o advogado, é fazer diretamente o exame de classe American Bar Association (BAR), equivalente ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Como forma de estudo para o BAR, Freitas explica que existem cursos de preparação para prova. “Na Califórnia, por exemplo, o processo de realizar um curso preparatório, fazer a prova, e conseguir o seu certificado para atuar no estado pode demorar até um ano”, diz.
De acordo com Freitas, o processo de imigração, com burocracia e documentações, pode custar até U$ 60 mil. Cursos preparatórios e LLM podem chegar a US$ 30 mil. “No total, para o advogado fazer todas as etapas, incluindo um curso nos Estados Unidos, ele terá de investir, em média, de US$ 80 mil a US$ 100 mil”, afirma o advogado.
Apesar do alto valor de investimento, Freitas afirma que há certeza de retorno financeiro em dois ou três anos após o início da atuação do advogado nos Estados Unidos.
“Geralmente, parte dos profissionais que se forma nos Estados Unidos não volta para atuar no Brasil. Caso regressem, com certeza terão salários superiores. A presença no currículo de que o profissional é licenciado nos Estados Unidos é uma moeda forte para as empresas brasileiras”, explica.
Ao mesmo tempo, segundo o advogado, um conhecimento da complexa legislação brasileira é de extremo interesse das empresas americanas. “Das 50 maiores empresas americanas, todas possuem negócios no Brasil. Elas precisam entender a legislação tributária, trabalhista, questões como vale-transporte, vale-alimentação. É uma realidade diferente. E o advogado brasileiro tem esse conhecimento”, afirma.
Ele acrescenta que o profissional brasileiro, acostumado com um alto grau de burocracia, quando realiza mestrado ou curso nos Estados Unidos, e começa a atuar no país, tem uma “desenvoltura” mais apropriada para atuar no cenário internacional.
Vantagens
Para Luiz Dellore, professor do Mackenzie e colunista do JOTA, que está na pós-graduação, durante seis meses, na Syracuse University, o estudo no exterior tem a vantagem de colocar o advogado em contato com novas culturas e ferramentas do Direito.
“O novo Código de Processo Civil (CPC) possui uma série de institutos que, supostamente, são influenciados pelo Direito norte-americano. Neste momento, é importante ter conhecimento como esses institutos são aplicados aqui (Estados Unidos) para saber o que há de bom e ruim para aplicarmos em nossa realidade”, avalia.
Apesar da vantagem, Dellore explica que o estudo ou atuação no exterior não é uma obrigatoriedade do mercado de trabalho brasileiro. “Muita gente faz uma pós-graduação nos Estados Unidos para somente melhorar o seu currículo e realiza um curso que não é relacionado a sua área de atuação”, afirma.
Entretanto, para o professor, um período de estudos ou atuação no exterior pode ajudar todos os profissionais do Direito, independentemente da sua carreira de atuação.
“Na área pública, para um juiz ou promotor é sempre uma bagagem legal. Na advocacia, os profissionais possuem muito contato com clientes do exterior. Para professores, o meu caso, aprendemos novos métodos de ensino que podem ser aplicados no Brasil”, explica Dellore.
O advogado Domingos Neto está realizando mestrado profissional na Florida State University e pretende ficar nos Estados Unidos nos próximos dois anos. Ele explica que o primeiro ano do programa de mestrado é puramente acadêmico. No começo do segundo ano, a universidade concede uma permissão de trabalho para atuação na área de formação por 12 meses.
“Essa experiência prepara o profissional para enfrentar os desafios da economia cada vez mais globalizada. Em algumas áreas do Direito, como contratos internacionais, Direito Concorrencial e tributação internacional, por exemplo, o LLM prepara o profissional para solucionar os problemas internacionais de forma confiável e atendendo às normas de compliance”, explica o advogado.
Para Domingos, a bagagem adquirida no exterior vai torná-lo um profissional melhor preparado e mais “experimentado”. “Além da experiência acadêmica e profissional, estudar nos Estados Unidos oportuniza ao estudante ampliar o network profissional”, diz.
Como dica aos profissionais que pretendem trabalhar ou estudar nos Estados, Domingos recomenda uma grande atenção ao financiamento e custos do processo.
“Encontrar o meio adequado de financiar os estudos é sempre um desafio. Várias universidades concedem bolsas baseadas no histórico acadêmico e profissional do candidato, portanto, para a escolha da instituição de ensino, no meu ponto de vista, o critério financeiro deve ser muito bem considerado”, explica.
O advogado também explica que, além dos custos de mensalidades e taxas acadêmicas, o aluno também deverá estar preparado para bancar despesas de estadia, alimentação e produtos em geral. “No meu ponto de vista, o bom planejamento financeiro ajuda o candidato a ter um período intenso dedicado somente aos estudos até a fase da permissão de trabalho, quando há chance de recuperação de pelo menos parte do investimento feito”, diz Domingos.
Alexandre Leoratti – Repórter em São Paulo
Fonte: www.jota.info