goo.gl/XSYWvg | Está marcado para 12 de novembro na 1ª Vara do Júri da Capital, a primeira audiência do processo referente a um misterioso assassinato ocorrido há 11 anos em Porto Alegre. No banco dos réus está a juíza gaúcha Margarida Elisabeth Weiler, 61 anos, aposentada do Judiciário do Mato Grosso do Sul. Ela é acusada de ser a mandante da morte do ex-companheiro, o português Carlos Manuel Nunes Carvalho, 54 anos, investigador aposentado do Tribunal de Contas de Portugal, especializado em apurar crimes de colarinho branco.
O crime ocorreu em 6 de junho de 2007. A temperatura beirava 10ºC naquela noite na zona norte de Porto Alegre. Pouca gente na rua. Muitas dentro de casa, com atenção toda voltada para a TV, acompanhando a dramática semifinal entre Santos e Grêmio que levou o time gaúcho à final da Copa Libertadores daquele ano.
Carvalho era um pedestre solitário na Rua Honório Silveira Dias, bairro São João. Voltava para o seu apartamento, distraído, sem perceber que era seguido por criminosos em duas motocicletas pela contramão.
Ao chegar em frente ao prédio onde morava, o português foi executado com disparos de pistola calibre .380. Onze tiros acertaram a vítima pelas costas, quatro na cabeça, furando até um DVD do filme Spartacus que recém alugara em uma locadora. Terminava ali a vida de um homem envolvido em um imbróglio cibernético com a Justiça do Mato Grosso do Sul e começava um enredo de suspense que se arrasta por mais de uma década.
Durante esse tempo, ocorreram idas e vindas de documentos entre autoridades do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul, sob segredo de Justiça. O assassinato foi investigado pelas polícias Civil e Federal. O inquérito somou mais de 4,4 mil páginas e chegou à Justiça em agosto de 2017 com acusação contra a juíza, uma das três ex-mulheres da vítima.
Na época do crime, Margarida, natural de Tenente Portela, no Noroeste, era juíza da Vara Única de Anaurilândia, no Mato Grosso do Sul — distante 372 quilômetros de Campo Grande —, onde iniciou carreira em 1992 até ser aposentada compulsoriamente em junho de 2010, após denúncias de supostas irregularidades cometidas no exercício do cargo.
Expert em informática, português foi preso
Um dos motivos para o assassinato, segundo denúncia do Ministério Público (MP), seria assegurar a impunidade da juíza. Carvalho estaria disposto a prestar depoimento contra Margarida sobre supostas ilicitudes cometidas pela magistrada. Outra razão para a morte, conforme o MP, seria vingança. Carvalho, expert em informática, fora protagonista de uma violenta campanha de difamação da juíza por meio de blogs e redes sociais após a conturbada separação do casal.
O investigador português criou sites, inclusive com pseudônimo, e invadiu o e-mail de Margarida descobrindo contatos dela e enviando mensagens que ofenderiam a honra da juíza para 1,5 mil endereços eletrônicos de amigos da magistrada, de integrantes do Judiciário e até de políticos. Por causa disso, Carvalho foi denunciado pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul como autor de 116 crimes virtuais e ficou preso por quase um ano por ordem da Justiça de Bataguassu, cidade vizinha a Anaurilândia.
Um outro indício de que a morte de Carvalho pode ter sido encomendada são registros de antenas de telefonia móvel. Eles mostram que, na noite do crime, dois celulares, um com prefixo 67 (de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul) e outro 51 (de Porto Alegre) tiveram contato por 17 vezes nas imediações do local onde ocorreu o assassinato. Até hoje, ninguém sabe quem eram os interlocutores e quem eram os donos dos telefones. E isso dificilmente será apurado. Operadoras de telefonia costumam guardar registros para quebra de sigilo por até cinco anos.
Depois do assassinato de Carvalho, cópias de uma carta digitada em computador, supostamente escritas pelo português, na qual afirmava que se fosse morto a culpa seria da juíza, chegaram ao gabinete do então secretário da Segurança do Estado José Francisco Mallmann e ao Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.
O investigador aposentado do Tribunal de Contas de Portugal Carlos Manuel Nunes Carvalho, 54 anos, mudou-se para o Brasil por causa de um romance com uma dona de casa de Porto Alegre. Eles se conheceram pela internet em 2001. Viúvo, com um filho de três anos para criar, resolveu morar na capital gaúcha.
No final de 2002, o relacionamento com a dona de casa não ia bem e o português decidiu voltar para a terra natal. No entanto, antes, tinha interesse em visitar o Pantanal, lugar pelo qual se dizia encantado. No Mato Grosso do Sul, conheceu a juíza aposentada Margarida Elisabeth Weiler e lá ficou.
Carvalho foi viver com a magistrada. Morava na casa de Margarida, usava o carro dela, mas o casal não se dava bem. O português seria alcoólatra e agressivo. Uma ação de separação de corpos foi ajuizada em 2005. Tempos depois, ele retornou para Porto Alegre e voltou a viver com a antiga companheira gaúcha até ser assassinado. Após o crime, a mulher se mudou para Portugal com o enteado.
Procurados, os três advogados gaúchos e dois do MS que representam Margarida Elisabeth Weiler não quiseram se manifestar.
José Luís Costa
Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br
O crime ocorreu em 6 de junho de 2007. A temperatura beirava 10ºC naquela noite na zona norte de Porto Alegre. Pouca gente na rua. Muitas dentro de casa, com atenção toda voltada para a TV, acompanhando a dramática semifinal entre Santos e Grêmio que levou o time gaúcho à final da Copa Libertadores daquele ano.
Carvalho era um pedestre solitário na Rua Honório Silveira Dias, bairro São João. Voltava para o seu apartamento, distraído, sem perceber que era seguido por criminosos em duas motocicletas pela contramão.
Ao chegar em frente ao prédio onde morava, o português foi executado com disparos de pistola calibre .380. Onze tiros acertaram a vítima pelas costas, quatro na cabeça, furando até um DVD do filme Spartacus que recém alugara em uma locadora. Terminava ali a vida de um homem envolvido em um imbróglio cibernético com a Justiça do Mato Grosso do Sul e começava um enredo de suspense que se arrasta por mais de uma década.
Durante esse tempo, ocorreram idas e vindas de documentos entre autoridades do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul, sob segredo de Justiça. O assassinato foi investigado pelas polícias Civil e Federal. O inquérito somou mais de 4,4 mil páginas e chegou à Justiça em agosto de 2017 com acusação contra a juíza, uma das três ex-mulheres da vítima.
Na época do crime, Margarida, natural de Tenente Portela, no Noroeste, era juíza da Vara Única de Anaurilândia, no Mato Grosso do Sul — distante 372 quilômetros de Campo Grande —, onde iniciou carreira em 1992 até ser aposentada compulsoriamente em junho de 2010, após denúncias de supostas irregularidades cometidas no exercício do cargo.
Expert em informática, português foi preso
Um dos motivos para o assassinato, segundo denúncia do Ministério Público (MP), seria assegurar a impunidade da juíza. Carvalho estaria disposto a prestar depoimento contra Margarida sobre supostas ilicitudes cometidas pela magistrada. Outra razão para a morte, conforme o MP, seria vingança. Carvalho, expert em informática, fora protagonista de uma violenta campanha de difamação da juíza por meio de blogs e redes sociais após a conturbada separação do casal.
O investigador português criou sites, inclusive com pseudônimo, e invadiu o e-mail de Margarida descobrindo contatos dela e enviando mensagens que ofenderiam a honra da juíza para 1,5 mil endereços eletrônicos de amigos da magistrada, de integrantes do Judiciário e até de políticos. Por causa disso, Carvalho foi denunciado pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul como autor de 116 crimes virtuais e ficou preso por quase um ano por ordem da Justiça de Bataguassu, cidade vizinha a Anaurilândia.
Um outro indício de que a morte de Carvalho pode ter sido encomendada são registros de antenas de telefonia móvel. Eles mostram que, na noite do crime, dois celulares, um com prefixo 67 (de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul) e outro 51 (de Porto Alegre) tiveram contato por 17 vezes nas imediações do local onde ocorreu o assassinato. Até hoje, ninguém sabe quem eram os interlocutores e quem eram os donos dos telefones. E isso dificilmente será apurado. Operadoras de telefonia costumam guardar registros para quebra de sigilo por até cinco anos.
Depois do assassinato de Carvalho, cópias de uma carta digitada em computador, supostamente escritas pelo português, na qual afirmava que se fosse morto a culpa seria da juíza, chegaram ao gabinete do então secretário da Segurança do Estado José Francisco Mallmann e ao Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.
Romance pela internet e encanto pelo Pantanal
O investigador aposentado do Tribunal de Contas de Portugal Carlos Manuel Nunes Carvalho, 54 anos, mudou-se para o Brasil por causa de um romance com uma dona de casa de Porto Alegre. Eles se conheceram pela internet em 2001. Viúvo, com um filho de três anos para criar, resolveu morar na capital gaúcha.
No final de 2002, o relacionamento com a dona de casa não ia bem e o português decidiu voltar para a terra natal. No entanto, antes, tinha interesse em visitar o Pantanal, lugar pelo qual se dizia encantado. No Mato Grosso do Sul, conheceu a juíza aposentada Margarida Elisabeth Weiler e lá ficou.
Carvalho foi viver com a magistrada. Morava na casa de Margarida, usava o carro dela, mas o casal não se dava bem. O português seria alcoólatra e agressivo. Uma ação de separação de corpos foi ajuizada em 2005. Tempos depois, ele retornou para Porto Alegre e voltou a viver com a antiga companheira gaúcha até ser assassinado. Após o crime, a mulher se mudou para Portugal com o enteado.
O QUE DIZ A DEFESA
Procurados, os três advogados gaúchos e dois do MS que representam Margarida Elisabeth Weiler não quiseram se manifestar.
José Luís Costa
Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br