Denúncia à OAB: por estar de saia, advogada foi proibida de entrar em presídio

goo.gl/uY6Sbu | A advogada Rosane Zucki, de Balneário Camboriú, fez denúncia à subseção de Blumenau da ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pedindo providências da entidade após ter sido barrada na penitenciária Industrial de Blumenau por causa da roupa que vestia. Ela foi impedida de entrar na unidade porque estaria trajada de “forma inadequada”, na interpretação dos agentes. Ela também afirma ter sido tratada com desrespeito, intimidada e constrangida pela direção, que chegou a exigir que ela fizesse uma revista íntima. O episódio foi na quinta-feira passada.

Segundo Rosane, já na guarita da penitenciária o vigilante terceirizado a alertou que não poderia entrar de saia. A advogada usava uma saia longa estampada, com comprimento abaixo do joelho, e uma blusa branca.

Rosane pediu então para entrar por conta do calor e também para falar com o responsável pela segurança. Ela diz que ficou um tempo “torrando no sol” até ser atendida pelo chefe de plantão.

A advogada conta que argumentou que tava vestida adequadamente, mas acabou sendo xingada. Na área de cadastro de visitantes, onde tinha cerca de 30 pessoas, Rosane foi atendida pelo diretor da unidade, Cleverson Henrique Drechsler, que teria insistido que a advogada não poderia entrar por conta da roupa. “Ele disse que lá havia centenas de presos querendo ver calcinha e sutiã”, relata. Além de condenar o uso da saia, o diretor disse que a blusa era transparente e que podia ver o sutiã.

A advogada destaca que o bafão rolou na frente dos visitantes e agentes prisionais. Ainda relata que teve que fazer os registros dos nomes dos clientes numa mesa baixa, em pé e rodeada de homens, ficando numa situação de constrangimento. “O livro de registros geralmente é preenchido pelo próprio agente prisional”, observa.

Já na sala dos advogados, Rosane diz que o diretor voltou a gritar com ela. Só após quatros horas, a advogada conseguiu atender seus clientes. “Fiquei muito abalada com o que aconteceu. Se eu estivesse com uma roupa sexy ou uma roupa sensual, mas eu tava com uma roupa normal”, comenta.

OAB recebeu a denúncia


O caso foi levado ao juiz corregedor, que conversaria com o diretor. Rosane informou que a comissão da OAB recebeu sua denúncia e que está previsto um ato público em frente à penitenciária em repúdio. Com o recesso do judiciário, a manifestação só deve ocorrer no início do ano que vem.

A partir da denúncia, Rosane soube que outras advogadas já passaram pela mesma situação, mas não levaram a queixa adiante. Hoje, ela pretende voltar a Blumenau pra registar um boletim de ocorrência por abuso de autoridade.

Rosane diz que soube das “novas regras” pra vestimenta há cerca de dois meses, mas até então não tinha enfrentado problemas. A norma diz que os visitantes não podem usar roupas curtas e transparentes, mas a medida não valeria para advogados.

Segundo Rosane, esse tipo de prerrogativa seria da OAB, não da direção da unidade. O DIARINHO pediu esclarecimentos por e-mail ao departamento Estadual de Administração Prisional (Deap) e à direção da penitenciária, mas não houve resposta até o fechamento da matéria. As ligações no telefone da unidade não foram atendidas.

Fonte: diarinho.com.br
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