goo.gl/EfRm6P | A juíza da Comarca de Água Clara (MS), Camila de Melo Mattioli Gusmão Serra Figueiredo, pediu nesta segunda-feira (21) o afastamento do oficial de justiça Gustavo Gimenez Guiraldelli, que também é vereador na cidade. O motivo, segundo a decisão, é a suposta aquisição de drogas pelo servidor, no fórum da cidade. Guiraldelli continua exercendo o mandato como vereador, a decisão diz respeito somente às suas funções como oficial de justiça.
No dia 11 de janeiro, a Polícia Civil de Água Clara teve acesso a áudios que estavam no celular de um homem preso e indiciado por tráfico de drogas em uma operação na cidade. Nas gravações, o suspeito, que era mototaxista, dizia ter entregue "a pedra" para o servidor, e este respondia relatando que guardou-a no bolso, tomou chuva e ela teria "esfarelado", por isso, precisava de mais.
No áudio, ele pede "traz mais uma aqui, por R$50". O servidor diz, em seguida, que está no fórum, e pede que o mototaxista entregue a droga lá: "Cola aqui no fórum, eu tô aqui, só tô eu aqui. Cola aqui no fórum rapidão, agora, agora, agora", diz na gravação.
O advogado de defesa do servidor, Tiago Martinho, disse que tomou conhecimento da decisão da juíza na noite desta segunda (21), e que o afastamento preventivo faz parte da apuração: "Estranho que o procedimento não seja sigiloso, como é a praxe. Meu cliente vai prestar os esclarecimentos necessários, e certamente isso será resolvido", declarou.
O advogado disse ainda que os áudios que baseiam o Termo Circunstanciado foram obtidos de forma irregular: "Registro que não há qualquer crime praticado, já que não há materialidade e o áudio vazado é uma prova ilícita. Importante destacar também que a polícia civil instaurou procedimento para apurar eventual crime pelas circunstâncias do vazamento desses áudios", afirma.
O delegado de Água Clara, Felipe Alvarez Madeira, disse ao G1 que a polícia está investigando uma rede de tráfico de drogas na cidade. Na ocasião da divulgação dos áudios, em 12 de janeiro, Gustavo Guiraldelli ainda não havia sido ouvido pela polícia. Nesta terça-feira (22), o delegado afirmou que o servidor foi intimado posteriormente, mas não pode divulgar se ele compareceu para prestar depoimento. No despacho do delegado enviado à Justiça, segundo o boletim de ocorrência, "percebe-se claramente a voz do vereador". Consta também a informação de que, de acordo com a apuração da polícia, Gustavo portava drogas para consumo pessoal em frente ao fórum na data de 20 de dezembro do ano passado, entre 16h20 até 17h11, e depois em sua casa:
"O caso segue em investigação. Nós cedemos cópia ao judiciário do que temos até o momento, e que não está em sigilo. O suspeito responde por porte de drogas para consumo pessoal, que é o que foi o apurado pela polícia em diligências", declara o delegado. No despacho consta ainda que o homem indiciado por tráfico afirmou em depoimento já ter consumido cocaína com o servidor.
A juíza menciona na decisão que a comarca solicitou à polícia o Termo Circunstanciado instaurado sobre o fato, e considerou que os áudios enviados à justiça "trazem indícios da prática do crime pelo servidor". A juíza considera ainda que Guiraldelli tem uma "conduta incompatível com a moralidade administrativa". De acordo com a polícia, o também vereador é testemunha em uma outra ocorrência, de janeiro de 2018, por participação em uma festa em que foram apreendidas drogas e bebidas, sendo oferecidas a menores.
Sobre essa situação, Guiraldelli afirmou ao G1 que teria dado dinheiro para a realização da festa: "Isso é sobre uma festa em que eu não estava, falaram que eu ajudei com R$100 na festa, como qualquer vereador faria, eu nem estava na cidade", declarou. Na ocorrência, outras 2 testemunhas apontam o vereador como responsável pela locação do imóvel e possível financiamento da festa.
Na decisão, a juíza determina a abertura de um processo administrativo disciplinar em relação a Guiraldelli.
Em 12 de janeiro, o servidor, que também exerce mandato de vereador, disse ao G1 que a divulgação dos áudios era uma ação de perseguição política. "Esse material que existe é de fonte duvidosa, pois foi divulgado de maneira ilegal por ser de um objeto apreendido, pegaram essa situação, e divulgaram por medo do que eu represento na Câmara da cidade. Meus advogados estão apurando todo o caso", declarou. Guiraldelli é sogro do estudante que envolveu-se em uma briga com o prefeito da cidade durante uma sessão da Câmara, cujo vídeo foi divulgado.
Sobre ter pedido a entrega de drogas no fórum, Guiraldelli alega que os áudios divulgados estavam fora de contexto. A data da suposta compra foi 20 de dezembro de 2018, e neste período, não havia expediente no fórum, que estava em período de recesso.
Por Jaqueline Naujorks, G1 MS — Campo Grande
Fonte: g1 globo
No dia 11 de janeiro, a Polícia Civil de Água Clara teve acesso a áudios que estavam no celular de um homem preso e indiciado por tráfico de drogas em uma operação na cidade. Nas gravações, o suspeito, que era mototaxista, dizia ter entregue "a pedra" para o servidor, e este respondia relatando que guardou-a no bolso, tomou chuva e ela teria "esfarelado", por isso, precisava de mais.
No áudio, ele pede "traz mais uma aqui, por R$50". O servidor diz, em seguida, que está no fórum, e pede que o mototaxista entregue a droga lá: "Cola aqui no fórum, eu tô aqui, só tô eu aqui. Cola aqui no fórum rapidão, agora, agora, agora", diz na gravação.
O advogado de defesa do servidor, Tiago Martinho, disse que tomou conhecimento da decisão da juíza na noite desta segunda (21), e que o afastamento preventivo faz parte da apuração: "Estranho que o procedimento não seja sigiloso, como é a praxe. Meu cliente vai prestar os esclarecimentos necessários, e certamente isso será resolvido", declarou.
O advogado disse ainda que os áudios que baseiam o Termo Circunstanciado foram obtidos de forma irregular: "Registro que não há qualquer crime praticado, já que não há materialidade e o áudio vazado é uma prova ilícita. Importante destacar também que a polícia civil instaurou procedimento para apurar eventual crime pelas circunstâncias do vazamento desses áudios", afirma.
Voz em áudio é do vereador, diz polícia
O delegado de Água Clara, Felipe Alvarez Madeira, disse ao G1 que a polícia está investigando uma rede de tráfico de drogas na cidade. Na ocasião da divulgação dos áudios, em 12 de janeiro, Gustavo Guiraldelli ainda não havia sido ouvido pela polícia. Nesta terça-feira (22), o delegado afirmou que o servidor foi intimado posteriormente, mas não pode divulgar se ele compareceu para prestar depoimento. No despacho do delegado enviado à Justiça, segundo o boletim de ocorrência, "percebe-se claramente a voz do vereador". Consta também a informação de que, de acordo com a apuração da polícia, Gustavo portava drogas para consumo pessoal em frente ao fórum na data de 20 de dezembro do ano passado, entre 16h20 até 17h11, e depois em sua casa:
"O caso segue em investigação. Nós cedemos cópia ao judiciário do que temos até o momento, e que não está em sigilo. O suspeito responde por porte de drogas para consumo pessoal, que é o que foi o apurado pela polícia em diligências", declara o delegado. No despacho consta ainda que o homem indiciado por tráfico afirmou em depoimento já ter consumido cocaína com o servidor.
A juíza menciona na decisão que a comarca solicitou à polícia o Termo Circunstanciado instaurado sobre o fato, e considerou que os áudios enviados à justiça "trazem indícios da prática do crime pelo servidor". A juíza considera ainda que Guiraldelli tem uma "conduta incompatível com a moralidade administrativa". De acordo com a polícia, o também vereador é testemunha em uma outra ocorrência, de janeiro de 2018, por participação em uma festa em que foram apreendidas drogas e bebidas, sendo oferecidas a menores.
Sobre essa situação, Guiraldelli afirmou ao G1 que teria dado dinheiro para a realização da festa: "Isso é sobre uma festa em que eu não estava, falaram que eu ajudei com R$100 na festa, como qualquer vereador faria, eu nem estava na cidade", declarou. Na ocorrência, outras 2 testemunhas apontam o vereador como responsável pela locação do imóvel e possível financiamento da festa.
Na decisão, a juíza determina a abertura de um processo administrativo disciplinar em relação a Guiraldelli.
Servidor alega perseguição política
Em 12 de janeiro, o servidor, que também exerce mandato de vereador, disse ao G1 que a divulgação dos áudios era uma ação de perseguição política. "Esse material que existe é de fonte duvidosa, pois foi divulgado de maneira ilegal por ser de um objeto apreendido, pegaram essa situação, e divulgaram por medo do que eu represento na Câmara da cidade. Meus advogados estão apurando todo o caso", declarou. Guiraldelli é sogro do estudante que envolveu-se em uma briga com o prefeito da cidade durante uma sessão da Câmara, cujo vídeo foi divulgado.
Sobre ter pedido a entrega de drogas no fórum, Guiraldelli alega que os áudios divulgados estavam fora de contexto. A data da suposta compra foi 20 de dezembro de 2018, e neste período, não havia expediente no fórum, que estava em período de recesso.
"Não tem nada a ver com o fórum, pegaram um outro áudio fora de contexto, em que eu falo para uma pessoa ir ao fórum, e fizeram essa montagem, só para denegrir a minha imagem", declarou Guiraldelli.O G1 entrou em contato com o presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Saylon Moraes, para apurar possíveis procedimentos na Casa, mas as ligações não foram atendidas.
Por Jaqueline Naujorks, G1 MS — Campo Grande
Fonte: g1 globo