goo.gl/7Tpzjf | A falta de oportunidades e as dificuldades financeiras provocaram uma mudança radical na vida de Cosma Anastácia do Nascimento, 45 anos. Natural do Piauí, a então frentista largou o emprego, os estudos e uma filha de apenas 10 meses de idade na cidade natal e escolheu a capital federal como destino para a realização de seu sonho: tornar-se advogada.
Quando chegou a Brasília, em 1997, Cosma se deparou com uma realidade diferente da que esperava encontrar. Como abandonou a escola e não encontrava emprego para se sustentar, voltou a estudar e concluiu o ensino médio aos 29 anos, em 2002. “Vim com dois objetivos muito claros na cabeça, que era estudar e trabalhar. Mas não foi bem assim”, conta.
Para conseguir ficar no Distrito Federal e pensando em financiar sua graduação em direito, ela precisou encontrar um trabalho de imediato. Depois de atuar como manicure, Cosma fez “de tudo um pouco”. A lista de empregos pelos quais passou inclui desde serviços como diarista, cozinheira, garçonete e doméstica até agente funerária.
Este último, segundo lembra, a fez viver experiências marcantes. “Nunca tive medo de morto. Lá [na funerária], eu fazia de tudo. Atendia familiares, mostrava os planos, até ia para a clínica onde preparavam os corpos para o velório”, disse ao Metrópoles.
No entanto, em um de seus vários empregos, Cosma pôde se aproximar da área jurídica e isso intensificou a vontade de se tornar advogada. “Quando trabalhei como doméstica na casa de dois desembargadores, pude acompanhar de perto a rotina deles, além de admirar a postura dos dois. Esse trabalho permitiu que eu retomasse um sonho que havia guardado na gaveta, foi algo muito importante pra mim”, explica.
A doméstica, então, decidiu “correr atrás do sonho de infância”. Aos 40 anos, ensinou uma lição valiosa para os filhos e se matriculou em direito na faculdade Fortium, onde cursou três semestres, até conseguir transferência para o Instituto Público de Direito (IDP). Lá, concluiu os estudos e formou-se bacharel em direito aos 45 anos, em novembro de 2018.
A área de direito penal é o campo em que ela almeja trabalhar. A influência veio do contato com a docente Cristiane Damasceno, responsável por ministrar a disciplina. “Minha afinidade e admiração por essa professora, com quem mais tive aulas, teve um peso muito grande na decisão. Vejo a advocacia como algo que tenho vocação e me abre outras portas. Posso dar aulas e até seguir uma carreira pública”, afirma Cosma.
Recém-formada, ela realizou a “primeira parte do sonho” e partiu em busca da também sonhada aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Apesar dos esforços, não conseguiu superar a 27ª edição da prova. Hoje, se prepara, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, para a próxima. “Essa aprovação significa muito pra mim. É mais um passo na minha trajetória, na minha luta. Estou segura e correndo atrás, estudando muito”, acrescentou.
Para chegar à aprovação, a bacharel conta com uma ajuda especial. Ela terá ao seu lado, nos estudos, o auxílio do advogado mais jovem do Brasil, Mateus de Lima Costa Ribeiro, que recebeu sua carteira na Seccional da OAB do DF em julho de 2018, quando tinha apenas 18 anos.
Brasiliense, filho de advogados e professores, Mateus começou a cursar direito na Universidade de Brasília (UnB) aos 14 anos e, antes mesmo de se formar, foi aprovado no Exame da Ordem. Ao lado da bacharel em direito, o jovem teve a ideia de criar o reality show “Quem quer ser um advogado?“, onde acompanhará a rotina de estudos de Cosma até o dia da prova.
“Meu objetivo com esse reality show é que as pessoas vejam que eu não sou superdotado: é possível obter sucesso nos estudos aprendendo a estudar como aprendi. Antes de descobrir a metodologia do estudo, quase reprovei a 6ª série, era um aluno medíocre”, contou à reportagem.
Motivado pelo mau desempenho que estava tendo na escola, Mateus decidiu investir em sua educação e descobriu uma metodologia de estudos. “Ela se baseia em um tripé. Primeiro, há de se definir quais das 17 matérias do edital da OAB o candidato irá focar. Na sequência, montamos o cronograma e, por fim, usamos as técnicas corretas”, explica.
Com dois episódios semanais até o dia do exame, em 17 de março deste ano, ele espera explicar, no seu canal Estude Menos, e demonstrar a eficiência da metodologia, motivando outros estudantes de direito e permitindo que eles também alcancem o sucesso na prova da OAB.
Mais do que a concretização do sonho de Cosma, a aprovação carrega um peso muito maior para quem acompanha de perto a rotina de luta e horas de estudos diárias. Na capital, ela criou sua família. Foi ao Piauí buscar a primogênita, Rebeca, hoje com 22 anos, e teve outros quatro filhos: Calebe, Nicole, Letícia e Nicolas.
Receber a carteirinha da seccional deixaria os filhos de Cosma ainda mais orgulhosos da “mãe lutadora”. Dois deles, inclusive, também pensam em se tornar advogados, mesmo com a pouca idade. “Acho que, em vez de só falar, fazer é o mais importante. Aos poucos, tenho mostrado a eles. Estou dando o exemplo”, finalizou.
Victor Fuzeira
Fonte: www.metropoles.com
Quando chegou a Brasília, em 1997, Cosma se deparou com uma realidade diferente da que esperava encontrar. Como abandonou a escola e não encontrava emprego para se sustentar, voltou a estudar e concluiu o ensino médio aos 29 anos, em 2002. “Vim com dois objetivos muito claros na cabeça, que era estudar e trabalhar. Mas não foi bem assim”, conta.
Para conseguir ficar no Distrito Federal e pensando em financiar sua graduação em direito, ela precisou encontrar um trabalho de imediato. Depois de atuar como manicure, Cosma fez “de tudo um pouco”. A lista de empregos pelos quais passou inclui desde serviços como diarista, cozinheira, garçonete e doméstica até agente funerária.
Este último, segundo lembra, a fez viver experiências marcantes. “Nunca tive medo de morto. Lá [na funerária], eu fazia de tudo. Atendia familiares, mostrava os planos, até ia para a clínica onde preparavam os corpos para o velório”, disse ao Metrópoles.
No entanto, em um de seus vários empregos, Cosma pôde se aproximar da área jurídica e isso intensificou a vontade de se tornar advogada. “Quando trabalhei como doméstica na casa de dois desembargadores, pude acompanhar de perto a rotina deles, além de admirar a postura dos dois. Esse trabalho permitiu que eu retomasse um sonho que havia guardado na gaveta, foi algo muito importante pra mim”, explica.
A doméstica, então, decidiu “correr atrás do sonho de infância”. Aos 40 anos, ensinou uma lição valiosa para os filhos e se matriculou em direito na faculdade Fortium, onde cursou três semestres, até conseguir transferência para o Instituto Público de Direito (IDP). Lá, concluiu os estudos e formou-se bacharel em direito aos 45 anos, em novembro de 2018.
A área de direito penal é o campo em que ela almeja trabalhar. A influência veio do contato com a docente Cristiane Damasceno, responsável por ministrar a disciplina. “Minha afinidade e admiração por essa professora, com quem mais tive aulas, teve um peso muito grande na decisão. Vejo a advocacia como algo que tenho vocação e me abre outras portas. Posso dar aulas e até seguir uma carreira pública”, afirma Cosma.
Recém-formada, ela realizou a “primeira parte do sonho” e partiu em busca da também sonhada aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Apesar dos esforços, não conseguiu superar a 27ª edição da prova. Hoje, se prepara, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, para a próxima. “Essa aprovação significa muito pra mim. É mais um passo na minha trajetória, na minha luta. Estou segura e correndo atrás, estudando muito”, acrescentou.
Reality show
Para chegar à aprovação, a bacharel conta com uma ajuda especial. Ela terá ao seu lado, nos estudos, o auxílio do advogado mais jovem do Brasil, Mateus de Lima Costa Ribeiro, que recebeu sua carteira na Seccional da OAB do DF em julho de 2018, quando tinha apenas 18 anos.
Brasiliense, filho de advogados e professores, Mateus começou a cursar direito na Universidade de Brasília (UnB) aos 14 anos e, antes mesmo de se formar, foi aprovado no Exame da Ordem. Ao lado da bacharel em direito, o jovem teve a ideia de criar o reality show “Quem quer ser um advogado?“, onde acompanhará a rotina de estudos de Cosma até o dia da prova.
“Meu objetivo com esse reality show é que as pessoas vejam que eu não sou superdotado: é possível obter sucesso nos estudos aprendendo a estudar como aprendi. Antes de descobrir a metodologia do estudo, quase reprovei a 6ª série, era um aluno medíocre”, contou à reportagem.
Motivado pelo mau desempenho que estava tendo na escola, Mateus decidiu investir em sua educação e descobriu uma metodologia de estudos. “Ela se baseia em um tripé. Primeiro, há de se definir quais das 17 matérias do edital da OAB o candidato irá focar. Na sequência, montamos o cronograma e, por fim, usamos as técnicas corretas”, explica.
Com dois episódios semanais até o dia do exame, em 17 de março deste ano, ele espera explicar, no seu canal Estude Menos, e demonstrar a eficiência da metodologia, motivando outros estudantes de direito e permitindo que eles também alcancem o sucesso na prova da OAB.
Exemplo em casa
Mais do que a concretização do sonho de Cosma, a aprovação carrega um peso muito maior para quem acompanha de perto a rotina de luta e horas de estudos diárias. Na capital, ela criou sua família. Foi ao Piauí buscar a primogênita, Rebeca, hoje com 22 anos, e teve outros quatro filhos: Calebe, Nicole, Letícia e Nicolas.
"Meus filhos são minha inspiração e meu maior desejo é transformar a vida deles, oferecendo maior qualidade de vida. Quero que tenham a vida que nunca tive"
Cosma Anastácia do Nascimento
Receber a carteirinha da seccional deixaria os filhos de Cosma ainda mais orgulhosos da “mãe lutadora”. Dois deles, inclusive, também pensam em se tornar advogados, mesmo com a pouca idade. “Acho que, em vez de só falar, fazer é o mais importante. Aos poucos, tenho mostrado a eles. Estou dando o exemplo”, finalizou.
Victor Fuzeira
Fonte: www.metropoles.com