Adriana Ancelmo usou carteira da OAB para visitar Sérgio Cabral na cadeia

bit.ly/2YwWT5o | A ex-primeira dama do Rio Adriana Ancelmo usou sua carteira de advogada ao menos duas vezes este ano para visitar o marido, o ex-governador Sérgio Cabral, na cadeia de Bangu 8 , na Zona Oeste. As visitas ocorreram nos dias 20 e 27 de fevereiro. De acordo com ofício do setor de Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), a “manobra” estava sendo usada por Adriana para não passar pelos procedimentos de segurança da portaria principal.

Os advogados têm direito a entrar de carro no complexo e não são submetidos ao mesmo procedimento de revista dos visitantes. Além disso, não precisam cumprir dia e hora de visitas.

O documento da Seap, de 7 de março, foi encaminhado ao juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP) do Rio, Rafael Estrela, que proibiu Adriana de visitar o marido usando a prerrogativa de advogada, uma vez que ela não se encontra legalmente habilitada em nenhum dos processos do ex-governador. A ex-primeira dama tem carteira de visitante de Cabral e pode continuar entrando em Bangu 8 nessa condição.

Rotina ilícita


Responsável pelo ofício, o major Marcelo de Castro Corbage, então superintendente-geral de Inteligência da Seap, cita no documento as duas datas em fevereiro nas quais Adriana usou sua carteira de advogada para entrar no presídio. O artifício, contudo, estaria sendo usado com frequência pela ex-primeira-dama, segundo pontuou o major. “Tal manobra estaria ocorrendo de forma rotineira para que Adriana não passe pelos procedimentos de segurança do Complexo de Gericinó, os quais são realizados na portaria principal, violando os protocolos de entrada a que todos os visitantes seriam submetidos”, escreveu Corbage.

Procurada pelo GLOBO, a Seap informou que após a proibição da VEP suspendeu a possibilidade de novas visitas de Adriana como advogada. “No entanto, segue disponível o credenciamento das visitas cumprindo o trâmite normal para familiares, em dias e horários determinados”, afirmou a secretaria em nota.

Já para o advogado de Adriana, Alexandre Lopes, as informações da Seap são difamatórias:

— Adriana não precisa usar subterfúgios para visitar o marido, já que possui, como esposa, o direito. Tem autorização para tanto e não está impedida de se locomover durante o dia.

Monitorada por tornozeleira


Adriana Ancelmo foi condenada em setembro de 2017, pelo juiz Marcelo Bretas, a 18 anos e três meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ela chegou a ser presa em dezembro de 2016, 20 dias após a prisão do marido. Na sentença, Bretas se refere a Adriana como “companheira de vida e práticas criminosas” de Cabral e diz que ela também era “mentora de esquemas ilícitos”.

A ex-primeira dama aguarda o julgamento de recurso contra a sentença em liberdade, monitorada por uma tornozeleira eletrônica. Adriana pode se ausentar de seu apartamento durante o dia, mas é obrigada a permanecer em casa das 20h às 6h e nos finais de semanas e feriados.

Apesar da condenação, o registro da mulher de Sérgio Cabral na Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), usado por ela para visitar o marido, continua ativo. A inscrição da ex-primeira-dama chegou a ser suspensa cautelarmente, em dezembro de 2016, mas foi reativada após 90 dias.

No início de 2017, o Tribunal de Ética e Disciplina da OAB do Rio abriu um processo disciplinar contra Adriana, ainda não concluído.

Questionada sobre a demora na conclusão do processo disciplinar, a OAB informou que o procedimento está em andamento, “seguindo o devido processo legal”. No fim do processo, a mulher de Cabral pode perder o seu registro profissional.

Carolina Heringer
Fonte: oglobo.globo.com
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